Rafa Sieg, o Solano, de Pantanal: "Ele é como um urubu disfarçado de capivara"
Ator comenta cenas em que gravou no Pantanal, inclusive, ao lado de Alanis Guillen, a Juma
Rafa Sieg esteve no Pantanal há alguns meses para gravar as primeiras cenas de Solano, o matador contratado por Tenório (Murilo Benício), para acabar com a família de Zé Leôncio (Marcos Palmeira), Maria (Isabel Teixeira) e Alcides (Juliano Cazarré).
O ator que já conhecia Marcos Palmeira ressalta que foi muito bem recebido pela equipe em pleno Pantanal. Além disso, guarda memórias incríveis da primeira versão, quando tinha apenas 11 anos de idade.

“Eu morava na casa dos meus avós maternos, no interior do Rio Grande do Sul. Como muitos da minha geração, nos anos 1980/1990, cresci na frente da televisão. Eu lembro exatamente da imagem do meu avô, que se chamava Werner, sentado no canto do sofá com as pernas estendidas numa banqueta, assistindo à novela todos os dias. Ele era muito noveleiro. Lembro das imagens, dos personagens e do tempo dilatado daquela natureza na televisão e de como tudo parava na hora da novela. O sobrenome que eu assino artisticamente, o Sieg, é o deste avô. Não sei dizer exatamente o quanto isso me influenciou, mas hoje eu me sinto especialmente presenteado com a oportunidade de estar em ‘Pantanal’ e dedico a esse meu avô o meu trabalho”.
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Confira a entrevista completa com Rafa Sieg
Como foi receber a notícia de que estaria na novela?
Sem dúvida, um chamado especial, em um dia especial também. Eu estava filmando “Nosso Lar 2” quando recebi o convite do diretor Gustavo Fernandéz, com quem já havia trabalhado em ‘Avenida Brasil’, ‘Além do Horizonte’ e ‘Órfãos da Terra’. Um dia que havia começado muito cedo para mim, onde eu vi o dia amanhecer do Alto da Boa Vista, numa conexão profunda com a natureza. E receber esse chamado para uma novela tão incrível, que fala exatamente dessa conexão e de seus infinitos laços em nossas vidas me emocionou muito.
Como foi a preparação para dar vida a Solano?
Uma transição vertiginosa. Eu estava fazendo um filme que se ava nos anos 1940 e da noite para o dia, literalmente, embarquei nessa viagem de sete horas Pantanal a dentro. Obviamente, antes disso, eu já havia estudado os capítulos, mas sabia que meu corpo e ritmo interno precisavam ser alterados para o que iria fazer a partir de então. A partir disso, ei a usar a própria viagem ao Pantanal – comendo poeira, abrindo porteira, observando pessoas e a paisagem ao meu redor mudando –, como os elementos primários mais importantes nessa preparação. Abandonar o que estava ficando para trás e me conectar com essa natureza, por vezes árida também, fluida, de horizonte amplo, de águas escuras e cheia de mistérios, como Solano.
Poderia nos contar sobre a experiência de gravar no Pantanal?
Eu não conhecia o Pantanal. E, além desse contato com a natureza pulsante do lugar, foi o meu primeiro contato com o elenco e equipe. Um time que já estava jogando junto há meses, fazendo um trabalho irado por todos, inclusive por mim, que já estava assistindo à novela em casa. E fui recebido de braços abertos. Reencontrar o Marcos Palmeira, com quem já havia trabalhado em “Mandrake”, um grande anfitrião desse projeto e do próprio Pantanal, e o carinho dos demais, marcou minha chegada. Tive dois dias de preparação antes de começar a gravar. Fiquei 15 dias no Pantanal. E mesmo percebendo e ouvindo de todos que a paisagem naquele momento não era mais a mesma de quando eles haviam estado ali no ano ado, e muito menos de 30 anos atrás, por conta da seca, da devastação ambiental na Amazônia e que se reflete tristemente no Pantanal de hoje, ainda assim é deslumbrante. A força e a harmonia que existem naquele lugar são presente divino.
Fui presenteado várias vezes com um pôr do sol deslumbrante, noites estreladas, contato com as águas e a força da natureza. A primeira cena que gravei foi na chalana, com o Almir Sater. Meu personagem chega por ali. E isso uniu vários aspectos positivos na minha apresentação. O tempo manso da chalana e do Almir colaboram nesse clima de mistério. E também o aspecto místico dessa pessoa incrível que é o Almir no Pantanal.
Importante também foi gravar as últimas sequências do meu personagem com a Alanis e o diretor Davi Lacerda, na locação real. Na tapera. No Pantanal. Uma sequência que levamos três dias para concluir, numa energia alta e vibrante que me ajudou muito no desenho do personagem como um todo.
Quem é Solano? O que o público pode esperar de sua chegada?
Solano significa ‘Vento do Leste’. E quando esse vento sopra ele vem trazendo mudanças. O Solano é um matador profissional, contratado pelo Tenório e que está disfarçado de peão. Veste uma máscara para conseguir o que precisa. Vai buscar conquistar a confiança de todos e cumprir sua “missão” da maneira mais eficiente possível.
Ele é como um urubu disfarçado de capivara. Eu penso que o público vai identificar nesse sujeito algumas figuras que, por vezes, aparecem e ninguém acredita que seriam capaz de cometer tantos crimes.
Para alguns, até parece evidente, mas ele consegue enganar todos ao seu redor. De qualquer forma, a força da natureza terá seu papel determinante no final de Solano.