Vereador cassado já foi alvo de operação por lavar dinheiro em Rondonópolis 1u5c1o
Político perdeu o mandato por decisão do TRE após investigações apontarem elo com facção criminosa e uso de associação para lavagem de dinheiro. 1y6t1z
O vereador Ary da Costa Campos (PT), cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) por suposta ligação com uma facção criminosa, já havia sido alvo da Operação Infiltrados, deflagrada em setembro de 2024. A ação investigava o uso de uma associação como fachada para lavagem de dinheiro e promoção de eventos que beneficiariam criminosos e o então candidato.

Na sessão de julgamento dessa terça-feira (13), o TRE acatou pedido do Ministério Público e cassou o diploma do parlamentar, declarando ainda sua inelegibilidade por oito anos e aplicando multa de 10 mil UFIRs, o equivalente a cerca de R$ 50 mil.
Facção teria financiado campanha eleitoral 5k3f3u
A decisão judicial, que tem 17 páginas, aponta que Ary Campos teria recebido apoio direto de membros da facção criminosa Comando Vermelho (CV), inclusive com cooptação de eleitores a partir da Penitenciária da Mata Grande. A apuração revelou que sua candidatura teria sido articulada coletivamente pela organização como estratégia para garantir representatividade política.
A Justiça também considerou que reuniões de campanha teriam sido financiadas com dinheiro de lojistas coagidos a pagar a chamada “taxa de segurança”, exigida pela facção.
O juiz relator do caso escreveu que “é nítida a anuência do investigado com a prática de compra de voto”, destacando que, mesmo sem provas de participação direta nos atos ilícitos, o mínimo que se espera é que o candidato tenha conhecimento da origem dos recursos utilizados em sua campanha.
Operação Infiltrados investigou lavagem de dinheiro em associação 4e2t3i
Em setembro de 2024, Ary Campos foi um dos alvos da Operação Infiltrados, deflagrada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis. A investigação identificou 43 pessoas envolvidas com tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de capitais. Foram apreendidos nove veículos, entre eles uma Range Rover Evoque e um BMW, além de R$ 181 mil em espécie.

Na ocasião, a Polícia Civil revelou que a Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (AFAR), ligada ao parlamentar, estava sendo usada como fachada para atividades criminosas. A entidade, inclusive, havia sido declarada de utilidade pública por lei municipal aprovada em 2023.
Além de organizar eventos beneficentes e ações de assistencialismo, a associação teria movimentado recursos oriundos da facção. A presidente da entidade, irmã de líderes do tráfico na Vila Operária, foi presa durante a operação. Ary Campos teve monitoramento eletrônico decretado, mas não se apresentou espontaneamente à polícia.

Defesa diz que vai recorrer 5h2e71
Em nota, a defesa do vereador afirmou que discorda do teor da decisão e que irá recorrer. Ary Campos nega qualquer irregularidade e afirma que sua campanha foi feita de forma ética e transparente, tendo obtido cada voto de forma “absolutamente lícita”.
A Câmara Municipal de Rondonópolis informou que ainda não foi oficialmente notificada da cassação e que aguarda os trâmites legais.
Veja o posicionamento na íntegra do PT de Rondonópolis:
“O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Rondonópolis manifesta sua posição diante da decisão judicial em primeira instância que determinou a cassação do mandato do vereador Dr. Ary Campos (PT).
Acreditamos firmemente na Justiça, no Estado Democrático de Direito e nos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. Por isso, reafirmamos que a decisão será recorrida nas instâncias superiores, e temos plena confiança de que será revertida.
No entanto, não podemos ignorar que esta cassação atinge um mandato popular conquistado com legitimidade nas urnas, fruto de uma campanha limpa, voltada para os interesses dos bairros, da juventude e da população trabalhadora. A tentativa de calar uma voz combativa na Câmara Municipal não é apenas uma afronta ao PT, mas uma afronta à democracia.
É notório que existe um esforço crescente de setores conservadores para enfraquecer o avanço das forças populares em Rondonópolis. A cassação de Ary Campos se insere nesse contexto, em que se tenta usar o sistema judicial como arma para interromper mandatos legítimos e frear o crescimento do PT na cidade. Não aceitaremos que a vontade soberana do povo seja manipulada por interesses políticos escusos.
Repudiamos qualquer uso político ou sensacionalista dessa decisão por parte de setores que historicamente resistem à presença do povo no poder. Não aceitaremos o uso do sistema judicial como instrumento para afastar lideranças populares que enfrentam a elite e denunciam os privilégios.
O companheiro Ary Campos representa uma nova geração de lutadores sociais, que não se dobram à pressão nem ao jogo sujo. Cassam um mandato, mas não cassam a luta de um povo que resiste.
Seguiremos firmes, mobilizados e atentos. Em defesa da democracia, do voto popular e dos nossos companheiros que enfrentam de cabeça erguida as injustiças”.