Vai embora Beira-Mar, chega Marcinho VP em Campo Grande 616f4c
Transferência foi feita de forma sigilosa, para evitar riscos, como por exemplo uma tentativa de resgate de Marcinho VP e Beira-Mar 1u2965
O sistema de rodízio de chefes do crime pelo sistema penitenciário federal brasileiro promoveu nesta quarta-feira (10 de janeiro) uma transferência de unidades prisionais entre dois personagens bastante conhecidos no mundo da ilegalidade. Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, saiu da penitenciária federal de segurança Máxima de Campo Grande, depois de 4 anos; simultaneamente à chegada no estabelecimento de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP.

A investigação jornalística do Primeira Página descobriu que o procedimento foi feito em completo sigilo, tanto que nem os advogados sabem detalhes nem o destino dos clientes.
Esse tipo de transferência de bandidos considerados de alto perigo para a sociedade sempre ocorre de forma sigilosa, para evitar tentativas de resgate, por exemplo. Que cuida da operação são os policiais penais que atuam no sistema prisional istrado pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional), ligado ao Ministério da Justiça.
Beira-Mar, tido como um dos cabeças de facção criminosa que domina o crime no Rio de Janeiro, ava sua segunda temporada em Campo Grande. Estava na penitenciária federal de segurança Máxima, na saída para Sidrolândia, desde 19 de setembro de 2019.
Durante todo esse período, por diversas vezes fez reclamações sobre as condições impostas para o cumprimento de pena, inclusive se afirmando vítima de tortura do sistema prisional, dado o isolamento determinado nas unidades prisionais federais.
A defesa tentou insistentemente que ele fosse transferido para a cidade de origem, o Rio de Janeiro (RJ), sem êxito. Sobre a transferência, o advogado Luiz Gustavo Bataglin informou que não foi comunicado, como é praxe. A reportagem não teve o ao nome do lugar para o qual ele foi levado.
“Rodízios acontecem exclusivamente por critério de conveniência do sistema penitenciário federal, que decide isso em sigilo absoluto”.
Luiz Gustavo Bataglin, advogado de Beira-Mar.
Resposta parecida foi dada à reportagem pelo defensor de Marcinho VP, Luiz Henrique Baldisseira.
“O que a defesa tem pra dizer é que se trata de uma situação comum, que acontece desde 2007, quando ele foi incluído no sistema penitenciário federal, e até o momento, a gente não tem informações nos autos, só informações de terceiros sobre essa suposta transferência.”
Luiz Henrique Baldisseira
Campo Grande é um das cinco cidades onde há presídios federais. As outras são Catanduvas (PR), Porto Velho (Rondônia), Mossoró (RN) e Brasília (DF).
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Marcinho VP estava em Catanduvas, até a transferência para Campo Grande. A mudança ocorre menos de um mês depois de vir à tona investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro indicando que, mesmo na prisão, VP foi o responsável por ordenar a troca no comando da facção criminosa surgida no estado, da qual ele também é considerado um dos chefes principais.
Marcio Nepomuceno, de 53 anos, está preso desde 1996. Ainda tem mais de 50 anos de cadeia para pagar. Beira-Mar, de 56 anos foi capturado no mesmo ano de VP, porém fugiu para a Colômbia, onde foi capturado em 2001. De lá para cá, circula entre os presídios considerados mais seguros no país. Ainda tem mais de 250 anos de condenações para cumprir.