Três secretários de Rio Branco, a 367 km de Cuiabá, e um empresário que mantinha contratos com a prefeitura são alvos da Operação Corrupção Delivery, da Polícia Civil, deflagrada nesta quarta-feira (19). A investigação apurou um esquema de corrupção por meio de falsificação de notas fiscais.

Ao todo, a operação cumpre 22 ordens judiciais de prisão, buscas e apreensões, sequestro e bloqueio de bens e afastamento de cargos de investigados. Os envolvidos no esquema são investigados pelos delitos de associação criminosa, peculato, falsidade ideológica e lavagem de capitais.

Conforme a investigação, o grupo desviou recursos da prefeitura com o lançamento e pagamento de serviços não realizados por meio de notas fiscais emitidas pelas empresas de um investigado, que já é conhecido pela Polícia Civil pelo esquema que fraudou concurso público da Prefeitura de Mirassol d’Oeste.

Estão sendo cumpridas quatro prisões e buscas contra as secretárias municipais de Finanças e de istração, o procurador e chefe de gabinete da Prefeitura e o empresário. Os servidores municipais também foram afastados judicialmente dos respectivos cargos.

Nas primeiras horas desta quarta-feira já foram presas as duas secretárias e cumpridas buscas. Na casa de uma delas, a Polícia Civil apreendeu R$ 6,5 mil em espécie.

A reportagem tenta contato com a Prefeitura de Rio Branco.

A operação é coordenada pela Delegacia de Rio Branco e conta com apoio das unidades da Polícia Civil de Mirassol d’Oeste, Araputanga, São José dos Quatro Marcos, 1ª Delegacia de Cáceres e Diretoria Metropolitana.

Também são cumpridos mandados de busca e apreensão contra dois advogados de Rio Branco; bloqueio de bens dos investigados no valor R$ 165 mil reais e mais um veículo Fiat Toro e suspensão de todos os contratos da empresa do principal investigado com a prefeitura municipal.

Corrupção por delivery g4l15

Segundo o delegado responsável pela investigação, Jean Paulo Nascimento, todo o esquema funcionava em uma espécie de sistema delivery, pois os secretários envolvidos entravam em contato por telefone com o empresário, encomendavam a nota fiscal indicando o falso serviço a ser lançado e depois recebiam os valores em conta de terceiros.

O delegado explica que não tinha serviço de fato prestado, tudo era falsificado para realizar o desvio de recurso público.

Empresário conhecido por esquemas de corrupção 1w351h

A Polícia Civil reuniu os primeiros indícios do esquema a partir de informações analisadas em um inquérito da Delegacia de São José dos Quatro Marcos que apurou o homicídio do advogado e empresário Francisco de Assis da Silva, assassinado em 11 de outubro de 2021 naquela cidade. O empresário, foi indiciado como mandante e preso preventivamente em decorrência das investigações do homicídio, sendo posteriormente solto mediante habeas corpus.

Na análise de conteúdo extraído de celular apreendido pela Polícia Civil com o empresário, a equipe investigativa encontrou fatos que evidenciaram crimes contra a istração pública de Rio Branco. A Justiça autorizou o compartilhamento de informações do inquérito de São José dos Quatro Marcos com a Delegacia de Rio Branco.

O empresário é proprietário/sócio de diversas empresas que prestam serviços para diversas prefeituras da região Oeste, inclusive, a prefeitura de Rio Branco. A Polícia Civil apurou que ele atua no ramo de licitações e contratos com a istração púbica, prestando serviços, especialmente, em áreas ligadas a concursos públicos, serviços de engenharia, fornecimento de softwares, fornecimento/licenciamento de sistemas de gerenciamento de contabilidade, tesouraria, tributos, entre outros.

A investigação apontou que o investigado conversava de forma habitual com pessoas ligadas à istração pública municipal de Rio Branco. Na análise dos áudios e mensagens de texto extraídas do celular do investigado, a equipe policial constatou uma clara relação estável e permanente entre ele e os servidores públicos da prefeitura para a prática de crimes contra o tesouro público.