Trabalho degradante: fiscais identificam situação irregular em garimpos no norte de MT 4u2i18

Fiscais se depararam com falta de extintores, problemas nas instalações sanitárias e número insuficiente de cilindros de oxigênio o33b

Irregularidades nas condições de saúde e segurança de mergulhadores que atuam em atividades garimpeiras em balsas do rio Teles Pires foram identificadas pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) e pela Marinha, no município de Paranaíta, a 849 km de Cuiabá.

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Várias irregularidades foram encontradas nas embarcações. (Foto: MPT)

Durante a operação, foram encontradas diversas irregularidades, como falta de extintores, instalações elétricas precárias que podem provocar choques, problemas nas instalações sanitárias, falta de capacitação e número insuficiente de cilindros de oxigênio e roupas de mergulho.

No local, as atividades estão vinculadas à Cooperativa de Pequenos Mineradores de Ouro e Pedras Preciosas de Alta Floresta e outros Municípios (Cooperalfa). Cerca de 600 trabalhadores, espalhados em pelo menos 150 balsas de garimpo, são cooperados.

A fiscalização foi motivada por denúncias e notícias relatando a ocorrência de acidentes, muitas vezes fatais, com mergulhadores da região. Em grande parte dos casos, os trabalhadores se acidentam por falta de treinamento adequado, mergulhadores sem habilitação e utilização de equipamentos não certificados pela autoridade marítima.

Foram inspecionadas três embarcações, sendo constatada a utilização do trabalho de mergulhadores em duas delas. A força-tarefa encontrou trabalhadores que se ativam na extração minerária em profundidades que vão de 5 a 40 metros.

A cooperativa pontua que a exploração de garimpo de ouro em Alta Floresta e cidades próximas é atividade que persiste há décadas e em situação de precariedade em relação à saúde e à segurança dos trabalhadores.

As fotos e o relatório da operação serão juntados aos inquéritos civis em andamento, a fim de que as providências necessárias à regularização do meio ambiente de trabalho nas balsas sejam adotadas.

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Trabalhadores estavam sob o risco constante de incêndios. (Foto: MPT)

Trabalho sem estrutura 2p2i6h

As três balsas inspecionadas apresentaram problemas relativos à falta de medidas de prevenção e combate a incêndio. Nenhum programa de gestão de saúde e de segurança do trabalho vinha sendo desenvolvido nas embarcações fiscalizadas.

Os poucos extintores existentes estavam despressurizados e, muitas vezes, situados em locais com o obstruído. Também foi verificada a existência de botijões de gás armazenados de forma insegura.

Segundo o relatório elaborado pelo MPT, as instalações elétricas estavam precárias, submetendo os trabalhadores ao risco constante de choque. Em uma das balsas, os garimpeiros estavam lavando a embarcação e deixando partes eletrificadas em contato direto com a água – também se encontravam sem qualquer tipo de proteção que isolasse seus pés de possível contato com a eletricidade.

O combustível utilizado nas máquinas e equipamentos estava armazenado de forma inadequada dentro das embarcações, nas proximidades dos ambientes de descanso dos trabalhadores.

Em todos os locais, os garimpeiros afirmaram que a água utilizada para consumo e preparo das refeições vem do poço artesiano situado no porto de Paranaíta e que a água para banho é retirada diretamente do rio.

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Trabalhadores atuavam sem instrução e sem as condições mínimas. (Foto: MPT)

As péssimas condições de higiene chamaram atenção dos integrantes da força-tarefa. Os danos estruturais eram manifestos e a privacidade não era garantida durante o uso das instalações sanitárias, em especial nas embarcações que contavam com cozinheiras.

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Depoimento dos trabalhadores 34v1r

Os procuradores ouviram relatos a respeito do dia a dia dos trabalhadores nas balsas de garimpo. Eles verificaram que não há treinamento ou capacitação para os mergulhadores e que os equipamentos são compartilhados entre os profissionais de cada embarcação.

Em uma delas, onde o mergulho é realizado em menor profundidade (de 5 a 6 metros), não foi encontrado tubo de oxigênio.

Um dos trabalhadores, que afirmou atuar há pelo menos 40 anos como mergulhador em garimpos, mencionou a existência de apenas três vestimentas de mergulho, as quais são utilizadas por cinco pessoas.

O mergulho que estava realizando na área onde sua embarcação estava atracada poderia atingir oito metros de profundidade, sendo a oxigenação feita por meio de um compressor de ar instalado no local.

Em outra balsa, os procuradores observaram que os operadores de máquinas também não haviam recebido capacitação.

A embarcação onde estavam era a única das três visitadas que não dependia de mergulhadores, dispondo de sistema de perfuração e sucção de material minerável.

Um desses operadores sofreu acidente de trabalho há cerca de um ano e perdeu quatro falanges dos dedos da mão direita. Seus dedos foram imprensados entre a roldana e o cabo de uma máquina durante o trabalho de manutenção.

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Trabalhadores relataram condições degradantes. (Foto: MPT)

A balsa onde aconteceu o acidente estava situada no Rio Tapajós e era ilegal. Após a ocorrência, ele ficou sem nenhum tipo de trabalho por cerca de três meses e sem receber nenhum tipo de benefício previdenciário ou assistencial.

Outro trabalhador, que realiza mergulhos em garimpos há pelo menos 10 anos, declarou não saber manusear o cilindro de oxigênio nem fazer a leitura das informações nele contidas. No local em que se encontrava, a profundidade do mergulho chegava a 40 metros. Ele relatou utilizar os equipamentos de segurança fornecidos pelo proprietário da embarcação.

A mangueira que transporta o oxigênio que respira estava emendada com massa. “Às vezes, falta oxigênio durante o mergulho, mas é raro”, disse.

O procurador do Trabalho Ulisses Dias de Carvalho explica que a atividade do mergulhador, em especial em maiores profundidades, envolve alto risco em razão das adversidades próprias do ambiente e da pressão a que os trabalhadores são submetidos.

O MPT e Marinha do Brasil firmaram, em dezembro do ano ado, um acordo de cooperação técnica que prevê o desenvolvimento de projetos e atividades de interesse comum com foco na melhoria das condições de vivência e trabalho a bordo de embarcações.

O acordo possibilita a realização de ações nos campos da instrução, fiscalização, comunicações, inteligência e outras áreas afins. A parceria também visa a promover, forma ágil e eficiente, uma atuação coordenada para conscientização e fiscalização do cumprimento de leis e regulamentos.

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