"Sintonia dos Gravatas": três advogados, analista judiciário e 4 detentos são denunciados à Justiça 6r683t
Gaeco afirma ter encontrado indícios suficientes de que os denunciados cometiam ilícitos 16p1f
Duas semanas depois de deflagrar a operação “Courrier”, que expôs o envolvimento de advogados com a facção criminosa que atua do lado dentro dos presídios e também nas ruas, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) apresentou à Justiça a acusação contra oito pessoas que foram presas. Dos denunciados, três são advogados, um é servidor público do Judiciário e os quatro são detentos considerados cabeças da máfia.

A acusação é de formação de organização criminosa, obstrução de Justiça e violação de sigilo funcional, entre outros crimes.
Na peça apresentada à 2ª Vara Criminal de Campo Grande, o Gaeco afirma ter encontrado indícios suficientes de que os denunciados cometiam ilícitos e, até, participaram da organização de atentados a autoridades do Judiciário.
Ao longo do material, são descritos os indícios descobertos contra os envolvidos. Agora, o juiz decide se recebe ou não a denúncia e, a partir daí, o processo penal começa a ter andamento, caso ele veja elementos para isso.
O início de tudo 2d6a6p
Dois fatos foram os principais desencadeadores das apurações, feitas em dois procedimentos investigatórios do Gaeco. O primeiro foi a descoberta da entrada de um celular no presídio fechado da Gameleira, a “Supermáxima”, em maio do ano ado, que foi sucedida pela apreensão de bilhetes ordenando ataques a autoridades.
O segundo episódio foi a consulta feita ao nome de delegado da Polícia Civil, em julho do ano ado, que revelou conluio entre advogado e analista do Judiciário, para permitir o a dados sigilosos.
A reportagem do Primeira Página apurou que essa é a primeira denúncia decorrente da operação e que outras virão. Confira abaixo quem são os denunciados nesta sexta-feira:
Bruno Ghizzi, 30 anos: advogado que usava as senhas de servidor do Poder Judiciário para ar informações que deveriam ser restritas. Consultou o nome de delegado de Polícia Civil, originando investigação que resultou em sua prisão e de outros colegas. Mesmo tendo apagado registros do celular apreendido, foram localizadas várias comunicações indicando que age fora do presídio como integrante da facção criminosa.
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Rodrigo Pereira da Silva, 41 anos, analista Judiciário, ex-chefe de cartório da 2ª Vara de Execução Penal em Campo Grande. Forneceu senhas de sistemas de informações ao advogado Bruno Ghizzi e manteve conversas com indícios de irregularidades com outra advogada. Também criou pasta no sistema do Judiciário, sem autorização, com os dados sobre presos da facção transferidos para o sistema prisional federal.
Ed Carlos Rodrigues Dias, “Heitor”, 37 anos: preso que estava na cela 25, onde foram achados os bilhetes ameaçadores e que escreveu ameaça a magistrado de Campo Grande. Foi transferido para a penitenciária federal de segurança máxima de Porto Velho. É considerado preso de alta influência negativa sobre a massa carcerária, com histórico de planejamento de atentados e ameaças a autoridades em Minas Gerais, de onde é originário.
Edimar da Silva Santana, 39 anos, “Arqueiro”: interno que foi pego com um celular e um chip na “Supermáxima”. Foragido de Araçatuba (SP), foi preso em junho 2020, em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, durante a operação “Exílio”, da Polícia Federal. Também é tido como integrante do comando da facção criminosa e responsável por transmitir ordens para outros comparsas por meio de advogados.
Paula Tatiane Monezzi, 35 anos, advogada: suspeita de corromper policial penal, ao custo estimado de 30 mil reais, para entregar aparelho celular ao preso “Arqueiro”. Mantinha relação próxima com os detentos investigados, com visitas frequentes.
Inaiza Herradon Ferreira, 37 anos, advogada: mantinha contato frequente com o ex-chefe de cartório preso e até pagou, com o próprio cartão, hospedagem em hotel de luxo de Bonito. Foi ela quem levou o preso “Tio Doni” para o exame médico, ficando mais de uma hora parada na rodovia antes de voltar para a “Supermáxima”.
Chistian Thomas Vieira, “Tio Doni”, 33 anos, custodiado no presídio de segurança máxima da Gameleira, a “Supermáxima”, em Campo Grande. A ele, é apontada o comando do núcleo dos “Sintonia dos Gravatas”, formado por advogados a serviço da facção.
Douglas Silva Fonseca, 32 anos, interno da Máxima, em Campo Grande.