"Sintonia dos Gravatas": ameaça a delegado, juiz e promotor expõe fragilidades e acende alerta 2c3746

As descobertas da operação “Courrier”, deflagrada na semana ada, revelam ao mesmo tempo a estrutura hierárquica da maior facção do Brasil, as relações criminosas com advogados, e também a fragilidade na segurança de autoridades que diariamente combatem o crime organizado. No Estado, pelo menos três autoridades estavam na mira do grupo por atuarem contra os faccionados, conforme a ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado).

Diante das descobertas da investigação, providências estão sendo tomadas, todas em sigilo, para proteger as vítimas das ameaças, como você vai ver nesse texto.

Sigo
Tela inicial do Sigo, sistema de informações das forças de segurança de MS, onde dados de autoridade foram ados. (Foto: Reprodução da internet)

A apuração descobriu movimentações do grupo criminoso envolvendo um delegado de Polícia Civil, um juiz que atua na execução penal e um promotor do Gaeco.

As investigações 626d1v

São dois procedimentos investigatórios. Um se iniciou em abril do ano ado, envolvendo descobertas de comunicações saídas, por meio de advogados, do presídio de segurança máxima da Gameleira, a “Supermáxima”. Nesse caso, a citação específica em relação a autoridades de Mato Grosso do Sul envolve o juiz responsável pela execução penal de presos do regime fechado em Campo Grande, Fernando Chemin Cury, a quem um dos presos endereçou reclamação escrita à mão sobre “perseguição” por estar no regime mais rígido de cumprimento de pena.

A outra apuração é de julho do ano ado, quando vieram à tona que informações sobre autoridade policial haviam sido pesquisadas durante a madrugada no Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional).

No sistema, o “suspeito” teve o a dados pessoais, nome, endereço e documentos do titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), Carlos Delano.

Pelo próprio sistema, a Polícia Civil descobriu que o autor das pesquisas: Rodrigo Pereira da Silva – analista judiciário e então chefe de cartório da 1ª Vara de Execuções Penais de Campo Grande, exatamente onde está lotado o juiz Cury.

Rodrigo foi intimado, prestou depoimento e negou ser ele o autor das consultas. Não demorou muito para o verdadeiro “culpado” aparecer. Por conta própria, o advogado Bruno Ghizzi foi até a delegacia e confessou ter sido ele quem procurou pelo delegado.

Ghizzi não revelou a mando de quem ou o sistema a procura de informações sobre Delano. A entrada no Sigo com a senha do analista ocorreu horas depois do depoimento em que o delegado detalhou uma abordagem a Flávio Correia Jamil Georges, o “Flavinho”, filho de Fahd Jamil, ambos alvos da operação Omertà, operação em curso desde 2019 contra o crime organizado. Na audiência, Delano falou da pressão que sofreu após o episódio, em junho do ano ado, situação que está sendo apurada. O delegado também atua em casos de execuções sumárias que são atribuídas à facção criminosa.

A partir do episódio envolvendo o nome dele, correu investigação que acabou nas revelações, por parte do advogado Bruno Ghizzi, sobre a “Sintonia dos Gravatas”. Nas palavras dele, algumas autoridades estavam “irritando” a facção. Toda as informações foram levadas ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que assumiu os trabalhos de investigação.

Com interceptações telefônicas e perícia nos celulares, as equipes descobriram ameaças ao delegado, ao promotor Thalys Franklyn de Souza, da 36ª Promotoria de Justiça de Campo Grande e ao juiz Fernando Cury, da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande.

Na sexta-feira ada, dia 25, foram cumpridos 38 mandados, entre prisões, buscas e apreensões. Foram presos quatro advogados e dois servidores públicos, o ex-chefe do cartório e um policial penal. O servidor do judiciário já havia sido afastado das funções.

O motivo dos planos de atentados, segundo o trabalho do Gaeco, eram determinações de transferência de integrantes da facção paulista, que atua dentro e fora dos presídios, para unidades federais ou de segurança máxima, onde a comunicação é restrita ou completamente bloqueada.

Essa “insatisfação” teria chegado à alta cúpula da facção. Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, apontado como chefe do grupo criminoso, teria enviado recados, por meio de defensores, sobre o descontentamento.

O “salve” que determinou o ataque ao promotor Thalys Franklyn teria sido reado por Edmar da Silva Santana, conhecido como “Arqueiro”, já condenado pelos crimes de tráfico internacional de drogas, organização criminosa, uso de documento falso e porte ilegal de arma. Ele foi transferido para a penitenciária federal de Mossoró (RN), depois de ser pego com um telefone móvel na “Supermáxima”, até então considerada “anticelular”. Edimar é defendido por outras duas advogadas envolvidas no esquema: Paula Tatiane Monezzi e Inaiza Herradon Ferreira.

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Trecho de documento sobre a apuração cita “insatisfação” com transferências.

Todas essas pessoas citadas são alvos tanto da investigação iniciada no ano ado quanto na que foi aberta em julho do ano ado.

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Com as investigações, as três instituições envolvidas foram avisadas do perigo que as autoridades corriam. Para entender como os profissionais serão protegidos, a reportagem do Primeira Página procurou associações e os órgãos.

Em nota, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul afirmou que está acompanhando o andamento do caso e “fará gestão das medidas necessárias de proteção aos policiais”. Detalhes não foram reados.

A Amamsul (Associação dos Magistratos de Mato Grosso do Sul), informou que as providências estão sendo adotadas.

“A associação dos magistrados faz parte da comissão de segurança institucional do TJMS, que já conhece da situação e está tomando as providências necessárias. Todas as condutas, no entanto, são sigilosas para preservar a segurança dos magistrados”, informou o presidente da entidade, Giuliano Martins.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) foi procurado, mas não se manifestou especificamente sobre as medidas adotadas quanto à ameaça ao promotor, que segue integrando o Gaeco. A reportagem apurou que questões como essa ficam a cargo de um setor responsável pela segurança institucional dos membros do Ministério Público.

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Nas interceptações feitas pelo Gaeco ainda foram descobertas ameaças a promotores de Goiás, sem nomes revelados. No celular de Rodrigo, foram encontrados ainda mensages alusivas a “salves” para faccionados assem o juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, da Vara de Execuções Criminais de Uberlândia/MG, juíza Andrea Cristina de Miranda Costa e da promotora de justiça Cythia Maria dos Santos Silva Jorge, que atuam na 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte/ MG.

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Interceptações de conversas entre os envolvidos revelaram que o o a dados confidências, liberados apenas ao judiciário, eram frequentemente feitas pelos advogados da facção e reados por eles para os integrantes do grupo.

Dentro da facção, a atuação dos profissionais é dividia em dois grupos: “advogado de processo” e “advogado de recado”. O último exige “honorários específicos”, que podem envolver a entrega de recados as famílias dos presos até a comunicação de ordens e “salves” entre os integrantes da facção. Várias mensagens e áudios comprovando a atuação dos profissionais dessa forma foram interceptados pelas equipes.

O caso é acompanhado por comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Mato Grosso do Sul, criada especificamente para esse fim.

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