Omertà: Gaeco vai recorrer de decisões que livraram réus de acusações feitas na operação 3e482e
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), responsáveis pela operação “Omertà”, vai recorrer das decisões judiciais tornadas públicas nesta terça-feira (25), livrando acusados pela investigação de crimes. As decisões envolvem as denúncias de crimes de obstrução de Justiça e homicídio qualificado.

Nos dois despachos, um do juiz Roberto Ferreira Filho, e o outro do magistrado Aluízio Pereira dos Santos, 11 envolvidos na operação são beneficiados pelo entendimento de que não foram apresentada provas suficientes para condenação.
Obstrução de justiça
A primeira decisão foi proferida pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, na segunda-feira (25). No processo o juiz analisou dois fatos: remoção de materiais importantes para a investigação da casa de alvos da operação e interferência nos depoimentos das testemunhas dos crimes apurados pela força-tarefa.
Essa denúncia tem relação com um fato que foi estopim da operação, aconteceu em maio de 2019, quando um arsenal foi encontrado pela polícia com o ex-guarda municipal Marcelo Rios. As investigações apontaram que no mesmo dia Jamil Name Filho tirou vários documentos da cobertura onde morava. No inquérito, imagens mostram outras pessoas o ajudando, uma clara intenção de impedir que a polícia tivesse o à provas.
Depois da apreensão das armas, os guardas municipais Rafael Vieira e Robert Vitor Koperski, além de um segurança particular, Flávio Narciso, teriam agido para intimidar testemunhas.
Ao absolver os réus, o juiz entendeu que as provas juntadas no processo não eram suficientes para condenação. Já para os promotores, os crimes estão comprovados nas provas reunidas pela força-tarefa, que inclusive conseguiram reunir as imagens que mostram Jamilzinho e outras pessoas retirando caixas do apartamento em que o empresário morava.
Por conta disso, vão recorrer da decisão.
Sem júri 5k3z67
Esse não foi o único crime pelo qual Jamilzinho foi “inocentado” na justiça. Nesta terça-feira (26), o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, decidiu não levar a júri os acusados pela morte do sargento reformado Ilson Martins Figueiredo, na época chefe de segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Fahd Jamil, Jamil Name Filho, Marcelo Rios e outras quatro pessoas foram acusadas de participação na morte do policial reformado, mas para o juiz, faltam provas do envolvimento dos três no crime. Dos outros acusados, um morreu e o resto ainda está foragido.
O crime teria ocorrido por vingança ao desaparecimento de Daniel Alvarez George, filho de Fahd Jamil, em maio de 2011. O magistrado afirmou que sequer há indícios que comprovem a morte do rapaz, tampouco que a execução do policial foi planejada em retaliação. Para Aluízio, o processo é composto apenas por “deduções”.
“Não há indícios suficientes para inferir que Fuahd, Jamil Filho e Marcelo Rios participaram do assassinato de Ilson, salvo conjecturas ou ilações”, declarou o juiz.
Assim como na decisão da 1ª Vara Criminal, os promotores que compõe a força-tarefa já garantiram que vão recorrer e pedir aos tribunais superiores que os três acusados sejam julgados pelo homicídio em júri popular.
Além do Gaeco, o promotor Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos também deve recorrer da decisão. Ao Primeiro Página o representante do Ministério Público na 2ª Vara do Tribunal do Júri explicou que deve se reunir com os colegas que também respontem pelo caso para definir qual a melhor maneira de agir diante da impronúncia.
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Até o momento, quatro processos oriundos da Omertà já foram julgados pela justiça. A primeira condenação foi justamente em relação ao crime que originou a denúncia de obstrução de Justiça: a apreensão de um arsenal em casa que pertence a família Name.
Jamilzinho foi sentenciado a quatro anos e seis meses de reclusão pelo crime. Além dele, foram condenados Marcelo Rios, ex-Guarda Municipal, por receptação, sete anos de prisão; Vladenilson Daniel Olmedo, quatro anos e seis meses de prisão; que estão em Mossoró, no Rio Grande do Norte; e Rafael Antunes Vieira, seis anos e nove meses de prisão, que se encontra em Mato Grosso do Sul. O ex-policial civil, Márcio Cavalcanti da Silva foi absolvido.
Em fevereiro do ano ado, a auditória militar condenou o 3º sargento da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) Rogério Luis Phelippe. Preso na terceira fase da operação por fazer serviços para a milícia e atuar no transporte de dinheiro e armas. Por isso, foi sentenciado a 10 anos e 11 meses de reclusão em regime fechado, com perda de cargo.
Além disso, já foram determinados julgamentos em júri popular sobre as mortes de Marcel Colombo da Costa Hernandes – assassinado no dia 18 de outubro de 2018, quando com um amigo na mesa de bar em Campo Grande – e de Matheus Coutinho Xavier, executado por engano aos 20 anos. O rapaz, que na época cursava direito, foi assassinado com tiros de fuzil em abril de 2019 no lugar do pai, o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier.