Mulher inventa sequestro para culpar ex e recuperar guarda dos filhos 1u2k22

Uma mulher, de 37 anos, vai responder pelo crime de denunciação caluniosa após inventar ter sido sequestrada e abusada sexualmente a mando do ex-marido dela, em Campo Grande.

A farsa foi descoberta pelas equipes de investigação da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e acendeu o alerta sobre a gravidade desse tipo de situação.

Além do transtorno causado a quem é acusado injustamente, ocorrências do tipo também atrapalham o trabalho da Polícia Civil, conforme explica a delegada Analu Lacerda Ferraz, da Deam.

Segundo a delegada, a mulher procurou a delegacia no último domingo (26), acompanhada da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Em depoimento, ela narrou ter sido abordada por um suposto motorista de aplicativo e outros dois homens na saída do Terminal Rodoviário de Campo Grande.

O trio teria a levado para uma residência no Jardim Noroeste, local em que ela disse ter sido mantida em cárcere e sido importunada sexualmente.

A falsa vítima foi embora da delegacia, sem sequer o boletim de ocorrência. Mas diante da gravidade da denúncia, imediatamente, o setor especializado de investigação de crimes sexuais e feminicídios da Deam ou a apurar o caso.

“Nós tivemos o às imagens da rodoviária e verificamos que a situação não ocorreu, conforme a vítima tinha narrado. Nós também oficiamos a empresa do ônibus, na qual supostamente essa vítima teria chegado a Campo Grande e notamos que as agens não coincidiam, nem com o horário que ela narrou, que supostamente era o que ela tinha sido vítima do sequestro”, comenta Analu.

Testemunhas e familiares da mulher, além do homem acusado de ser o mandante do crime, e até a atual esposa dele foram interrogados. Com o avanço da investigação, os policiais descobriram contradições que colocaram por terra a acusação da mulher.

A Deam apurou que a mulher teve a guarda dos filhos retirada dela. As crianças foram encaminhadas para um abrigo e tanto o Conselho Tutelar quanto o Poder Judiciário, estavam avaliando a possibilidade de ar a guarda das crianças para o pai delas.

“Ela teve a ideia de vir na delegacia fazer um boletim de ocorrência e imputar falsamente um crime ao ex-companheiro dela com o ímpeto, exclusivamente, de inviabilizar que ele obtivesse a guarda dos filhos”, comenta Analu.

Uma equipe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher foi até a residência dela em Nova Alvorada do Sul, onde ela acabou confessando.

“Quando ela viu que nós tínhamos investigado, eu questionei se ela tinha noção da gravidade do crime que ela narrou. Ela disse que sim e pediu perdão por dar todo esse trabalho para a gente”, completa.

A delegada reforça que a delegacia tem toda uma equipe que presta e a mulheres que realmente são vítimas de crime e faz toda uma investigação pra protegê-las.

“Quando uma vítima procura a Delegacia da Mulher a notícia de fato trazida por ela é narrada e ela é redigida num boletim de ocorrência. A partir do momento que ela registra aquele boletim de ocorrência, ele começa a ser nutrido de provas para que o suspeito seja denunciado, e foi enquanto levantávamos essas provas que descobrimos que essa situação era inverídica”, comenta.