MS teve o maio mais letal para mulheres da última década 5a4i53
6 vítimas perderam a vida nos últimos 31 dias, sendo a mais jovem, uma bebê de 10 meses 246h6f
Thácia, Simone, Olizandra, Graciane, Vanessa e Sophie. Esses são os nomes das 6 vítimas de feminicídio no 5º mês do ano em Mato Grosso do Sul, tornando o maio mais violento para as mulheres no estado, nos últimos 10 anos. Somente neste ano, 14 mulheres entraram para as estatísticas do crime em MS.

Em 2025, o mês com maior número de registros de feminicídios era fevereiro, quando 5 vítimas haviam perdido a vida para companheiros ou ex-companheiros, conforme dados da Sejusp (Secretária de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul).
Porém, a situação mudou após as seis mulheres terem as vidas ceifadas em cinco cidades do estado. Desde que o crime ou a ser tipificado, em 2015, maio de 2021 figurava o topo com maior número de casos no período.

Além desses casos, houveram, também, as tentativas de feminicídio. Um dos mais recentes aconteceu na quinta-feira (29), quando uma mulher de 45 anos foi atingida por tiros, em um posto de combustíveis no bairro Aero Rancho, em Campo Grande.
A vítima havia sido sequestrada pelo ex-marido horas antes. Quando tentou fugir, acabou atingida pelos disparos e socorrida em estado grave. O autor, Marcos Antônio de Souza Vieira, foi preso em flagrante no mesmo dia.
Feminicídios em maio 5p694e
O primeiro registro aconteceu no dia 14 de maio, quando Thácia Paula Ramos de Souza, de 39 anos, foi encontrada morta no rio Aporé, em Cassilândia, após ser agredida pelo marido. O corpo dela só foi localizado três dias depois de desaparecer.
No mesmo dia, Simone da Silva, de 35 anos, foi morta a tiros por um rapaz de 22 anos, após um boato se espalhar em Itaquiraí, envolvendo a vítima e o pai do autor.
Já no dia 23, Olizandra Vera Cano, de 26 anos, foi assassinada pelo próprio marido, durante uma discussão no jantar. O caso aconteceu na Aldeia Taquaperi, em Coronel Sapucaia.
A quarta vítima morreu na manhã do dia 25, após ser agredida pelo companheiro no município de Angélica. Graciane de Sousa Silva, de 40 anos, foi socorrida em estado grave, conseguindo avisar o policial que investigava o caso, que era vítima de violência doméstica.
No dia seguinte, Campo Grande acordou com a notícia de que Vanessa Eugênio Medeiros, de 23 anos, e a filha dela, Sophie Eugenia Borges, de apenas 10 meses, haviam sido encontradas carbonizadas em uma região de mata no bairro Indubrasil.
Horas depois, a polícia localizou o autor do crime. João Augusto Borges de Almeida, de 21 anos, marido e pai das vítimas, confessou o crime, alegando que queria se separar da esposa, mas não queria pagar pensão à filha.
Além disso, afirmou que após matar as duas, dormiu melhor “pois me livrei de um problema”. A polícia entendeu que a morte da bebê se caracterizava como feminicídio, uma vez que ocorreu por ódio da condição do sexo feminino.
Os desafios de quebrar o ciclo da violência 6a3g4x
Para a Promotora de Justiça Lívia Carla Bariani, que atua há quase 14 anos em casos de feminicídio no Ministério Público, o maior desafio é fazer com que a mulher entenda o ciclo de violência que vive.
“Ainda falta a informação. A mulher não consegue identificar aquele relacionamento tóxico, a família não consegue identificar, a sociedade julga essa mulher a todo momento”, ressalta Bariani.
Ela explica que a violência não começa com a agressão física, mas sim com humilhações e controle psicológico.
“O feminicídio não acontece da pessoa acordar e falar: ‘Hoje eu vou matar a minha esposa’. Não é assim que acontece”, enfatiza. O afastamento da família e o controle da vida da mulher são sinais de alerta.
Como a sociedade e a justiça podem agir 1r5o3q
Questionada sobre medidas para diminuir esses números alarmantes, a promotora destaca a necessidade de uma comunicação constante e da responsabilização dos agressores.
“Para que a gente mude o pensamento de uma sociedade, para que a gente mude o pensamento de homens e mulheres a respeito da questão de gênero, ainda nós vamos ver muitos feminicídios, infelizmente, mas nós não podemos parar”, pondera.
Bariani encoraja as mulheres a buscar ajuda ao identificar sinais de relacionamento tóxico.
“Procurem ajuda. A Casa da Mulher Brasileira está lá”, orienta.
Ela reforça que a mulher não é obrigada a registrar um boletim de ocorrência, bastando pedir uma medida protetiva para afastar o agressor e iniciar outros processos legais, como separação e guarda de filhos.
“Não é uma situação fácil, não é uma situação que se resolva em 5 minutos, nem em uma semana, mas nós temos que continuar oferecendo ajuda e cuidando dessas mulheres”, finaliza a promotora.

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Triste estatística! A Falha na Segurança das Mulheres, a sensação de impunidade e o Machismo estrutural tem sido o vilão desta tragédia. Políticas Públicas e Mudança de comportamentos desde a infância no tratamento Homem e Mulher Teremos uma Sociedade com os mesmos valores não criando monstros que acha que a Mulher é Propriedade Sua que pode se descartar da forma mais cruel. A criação destes “Homens Monstros” a Família tem Sua parcela de Culpa também. Antônio Cavalcante.