Mortos às vésperas do Natal, Cláudia e Kaio tinham relação tóxica na visão das amigas dela 284t3z
Para a polícia, os vizinhos contaram que não ouviam brigas, porém quem é mais próximo relata que havia controle emocional por parte do rapaz 4j165s
Traços de um relacionamento tóxico e possessivo aparecem aos poucos nos depoimentos de quem convivia de perto com Kaio Vinícius da Silva Maciel Gavioli, 32 anos, e Cláudia Franciele Cabreira Pereira, 28 anos, mortos nessa quarta-feira (21) em Campo Grande. Ela foi encontrada sem vida em casa e ele foi atropelado na BR-163, nas primeiras horas do dia.

O que realmente aconteceu na casa em que eles viviam juntos, no Jardim Colúmbia, não se sabe. As marcas da violência ficaram nos corpos: sete facadas fatais no de Cláudia. No corpo de Kaio, a perícia encontrou 18 ferimentos de faca, todos superficiais.
Para a polícia, os vizinhos contaram que não o casal não brigava, que não ouviram nenhuma discussão. Para as amigas de Cláudia, o desfecho tem muito mais a ver com um controle emocional que Kaio exercia sobre a esposa, do que com convívio aparentemente harmônico.
Cláudia se formou em 2018 em Ciências Contábeis. Nesta época, já namorava Kaio.
Em sala, a jovem era alguém ativa e esforçada, sempre porta-voz da turma. A lembrança das amigas é justamente essa: uma menina extrovertida e cheia de vida, com um futuro brilhante pela frente. Começou os estudos para crescer no trabalho e almejava reconhecimento. Mas o comportamento mudava quando o então namorado estava perto.
“Quando tinha a presença dele, ela se transformava em outra pessoa. Quando era relacionado a ele, ela tinha outra postura; era mansa, calma, tranquila, não brigava, não questionava. Não sei, talvez por medo”, lembra um das colegas, sob a condição de ter o nome preservado.
No dia a dia, o que as companheiras de estudo percebiam mesmo era a possessão de Kaio com a namorada.
“Se a gente precisava fazer trabalho na faculdade, fora do horário de aula, ele ficava ligando e mandando mensagens, o tempo todo, acho que para ver se elas estava mesmo onde falava”.
As ligações e o controle era comuns e por mais de uma vez, as amigas alertaram Cláudia. Ao longo dos anos de estudo, ela chegou a terminar o namoro, mas foi pressionada, contam. “Teve um episódio em que eles chegaram a terminar. Mas ele ligava, falava que sem ela a vida dele ia acabar, que ele ia tirar a própria vida”.

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Cláudia reatou o relacionamento e no ano em que se formou, também oficializou a união com Kaio. No dia do baile, lembra a amiga, Cláudia não dançou, não levantou da mesa e sequer tirou foto com os professores e as colegas. “Só tirou foto com os pais, com as irmãs e com ele”, reforça. “Já era uma tragédia anunciada, mas ele também precisava muito de ajuda”, lamenta a amiga, enquanto tenta segurar o choro.
Kaio e Cláudia são velados juntos nesta quinta-feira (22). Lado a lado, as famílias se despedem do casal na capela da Rua 13 de Maio. O sepultamento acontece durante a tarde.