Morte em Vera: especialistas em segurança avaliam ação dos policiais 1g6t8
Diego Kaliniski, de 26 anos, foi atigindo por três tiros, após resistir à abordagem. 4g1m55
Especialistas em segurança ouvidos pelo Primeira Página avaliaram a ação dos policiais militares que levou à morte de Diego Kaliniski, de 26 anos. Ele foi morto no domingo (5), após resistir à abordagem, tomar o cassetete de um deles e o agredir. O jovem foi atingido por três tiros, de acordo com a Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica). (Veja o vídeo abaixo)
O seputaltamento ocorreu na segunda-feira (6) e os policiais foram afastados pela corporação, que instaurou inquérito para avaliar a conduta deles no caso.
A morte foi gravada por pessoas que estavam no local e o vídeo foi apresentado pela reportagem às especialistas. Jaqueline Muniz, que integra o departamento de Segurança Pública da UFF (Universidade Federal Fluminense), apontou que os policiais não dominam a doutrina do uso potencial e concreto de força para a mobilização defensiva.
“Observa-se a dificuldade de produzir a imobilização com uso das algemas — isso é uma técnica comum. Até você escalar de força para usar a força letal, existem outros níveis de força para produzir esta imobilização defensiva, uma vez que a ameaça vinda dos oponentes não é uma ameaça letal. Se estão com dificuldade de produzir controle de contato e imobilização defensiva, em algemar um cidadão, então que chame reforço”, disse.
Ela reforça que o despreparo não é exclusivo dos policiais que atendem a ocorrência em Vera, mas da corporação como um todo.
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“Policial militar não pode ter a cabeça quente, o coração aflito e o dedo nervoso, porque isso qualquer um sabe fazer. Ser polícia é difícil. A impressão que dá é de que não são apenas aqueles policiais que estão despreparados, é um problema estrutural da polícia, que não mantém um padrão tático de seus policiais no uso de uma ocorrência de baixo teor ofensivo, como essa que podemos assistir”.
Já a diretora executiva do Instituto “Sou da Paz”, Carolina Ricardo, aponta que polícias de estados têm investido em armamento não-letal, como os tasers.
“Uma arma de choque ali seria muito mais adequada, teria paralisado o menino sem precisar tê-lo matado”, afirmou.
Ela questiona também a quantidade de disparos feitos pelo policial – foram ao menos quatro tiros e três deles atingiram a vítima.
“Meu ponto de vista é que precisa apurar se houve excesso ali. Existem casos em que a polícia talvez precise usar mesmo a força para se defender. A questão é: o único recurso no caso de um ataque por uma cassetete é a arma de fogo? É isso que a gente quer para as nossas polícias? A gente sabe os tipos de ocorrência possíveis de se lidar [sem o uso de arma de fogo] e é preciso preparar o policial melhor para isso”, finalizou.
Procurada, a Polícia Militar informou que um inquérito está em andamento e que os policiais já foram afastados. A Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) e a Associação de Cabos e Soldados da PM não se manifestaram.
O caso 214q29

A morte aconteceu na madrugada de domingo e foi gravada por pessoas que estavam no local. Nas imagens, é possível ver os policiais jogando o rapaz no chão. Ele levanta, reage e, logo depois, começa a agredir o policial, que também revida.
A vítima pega o cassetete e tenta bater no policial, momento em que ele efetua os disparos. Após a confusão, as pessoas que estavam no local tentam socorrer o rapaz.
A Polícia Militar informou, em boletim de ocorrência, que foi acionada na madrugada para atender um chamado de perturbação do sossego. Ao chegarem no local, os policiais viram um carro que estava com a caçamba aberta e com som automotivo ligado – que seria o motivo da perturbação dos moradores da região.

Diante da situação, a equipe parou com os sinais luminosos ligados, sem descer da viatura e começou a confeccionar a notificação de trânsito.
De acordo com o documento, em um certo momento, dois homens se aproximaram da janela da viatura e abordaram o comandante da guarnição. De imediato, os policiais desembarcaram e solicitaram a documentação do veículo que estava com o som ligado, que foi apresentado por um dos rapazes por meio do celular.
Os policiais relatam que o rapaz tomou o bloco de multa da mão do PM e os desacatou. Por essa razão, o jovem foi informado que seria conduzido para delegacia por desacato e desobediência.

A polícia disse que ele resistiu a prisão, impossibilitando o algemamento, e teve ajuda do irmão dele, que chutou e bateu nos policiais.
Em seguida, um dos suspeitos teria pegado o cassetete do PM, momento em que ele teria atirado. Os irmãos foram alvejados, e um deles, Diego Kaliniski, morreu no local. A outra vítima foi encaminhada para o hospital do município.
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