Golpe movimenta R$ 2 milhões com anúncios clonados de venda de carros 2q2o2v
Esquema fraudulento clonava anúncios de veículos e convencia vítimas a pagar sem perceber que estavam sendo enganadas. Justiça bloqueou mais de 1.700 contas bancárias 4j395y
O esquema de “falso intermediário” chamou a atenção da polícia pela sofisticação e pelo poder de convencimento. Os golpistas clonavam anúncios de veículos, usavam DDDs de outros estados, inventavam histórias e pediam sigilo para que comprador e vendedor não falassem sobre valores durante o encontro.
Com isso, as vítimas transferiam o dinheiro direto para os criminosos sem perceber que estavam sendo enganadas.

O golpe movimentou quase R$ 2 milhões em quatro estados e levou a Polícia Civil de Goiás a deflagrar, nesta quinta-feira (22), uma operação para prender 77 pessoas e cumprir mandados em 13 cidades. Mais de 30 suspeitos foram presos, com apoio de policiais de Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina. Segundo a investigação, o núcleo do grupo operava a partir de Cuiabá e Várzea Grande.
“Diziam para o vendedor que havia uma dívida com o comprador e pediam sigilo absoluto. Para o comprador, afirmavam que o carro seria apresentado por um parente. Assim, orientavam os dois a não discutirem valores no encontro”, explicou o delegado Murilo Leal Freire, da Polícia Civil de Goiás.
“O comprador fazia a transferência direto para a conta do golpista. E só percebia o golpe quando pedia a documentação do veículo.”
De acordo com o delegado Thiago César de Oliveira, também de Goiás, o grupo era altamente estruturado, com núcleo de engenharia social em Mato Grosso, núcleo financeiro no interior de São Paulo e operadores em Goiás.
“É um grupo bem orquestrado. A maioria das vítimas era de fora do estado, o que já faz parte do modus operandi. Eles clonavam anúncios reais e publicavam em outras plataformas, geralmente com veículos populares em boas condições para atrair interessados. Esse grupo atua há mais de três anos. O prejuízo estimado é de quase dois milhões de reais. Só em Goiás, já conseguimos bloquear mais de R$ 600 mil em nome das vítimas”, disse.
A Justiça também determinou o bloqueio de 1.776 contas bancárias e o sequestro de R$ 600 mil em bens. Os golpistas abriam e encerravam contas rapidamente, conforme o dinheiro caía. Outro detalhe: os contatos geralmente vinham com DDDs de fora do estado da vítima, uma tática para transmitir mais credibilidade.
“Eles usam DDD de outro estado para tentar disfarçar. São técnicas de manipulação muito bem articuladas para que o golpe funcione. Sempre desconfiem de preços muito abaixo do mercado. Quando houver intermediário, verifiquem se é realmente alguém de confiança. E evitem transferir valores para quem não é o proprietário do bem”, destacou o delegado Murilo.
Em Mato Grosso, a Polícia Civil foi responsável pela identificação e prisão dos principais alvos. Segundo o delegado Eduardo Ribeiro, os detidos estão sendo formalmente apresentados à Justiça.
“Nossa atuação foi no levantamento dos alvos, na realização das prisões e nas investigações. Agora estamos formalizando tudo para o encaminhamento à audiência de custódia.”
Os investigados vão responder por fraude eletrônica, estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.