Facção que planejou ataque a Moro comprou armas e monitorou servidores em MS 2c6622
No relatório da investigação que minuciou o ataque ao senador, Mato Grosso do Sul é citado pelos criminosos por um codinome: México 284s5o
O plano de sequestro ao senador Sérgio Moro revelou detalhes da ação de núcleo criminoso especializado no ataque a autoridades por todo o Brasil. Organizados e com um alto poder financeiro, o grupo viajava pelo país para monitorar suas vítimas; em Mato Grosso do Sul os integrantes da “Restrita” compraram armas e “montaram acampamento” em Campo Grande.

Desde janeiro, o setor da “Restrita” é alvo de investigações da Polícia Federal brasileira. Foi durante as apurações do atentado contra uma agente da Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Porto Velho, Rondônia, que Campo Grande aparece pela primeira vez como “sede” do núcleo da facção paulista, a maior em atividade no Brasil.
Naquela época, dois integrantes do grupo criminoso foram presos: Douglas Costa Alves de Souza e Evandro Robiér Dias da Silva. Eram eles quem monitoravam a servidora federal escolhida para morrer.
Nos celulares deles, a polícia encontrou os primeiros indícios da vinda do grupo para o Mato Grosso do Sul. Meses antes, os dois alugaram um apartamento em Campo Grande e por dias, seguiram dois servidores da segurança pública do estado. Os detalhes da rotina de cada um era enviada diariamente aos líderes do grupo, junto com fotos e vídeos.

Durante a operação que levou os dois para a cadeia, a polícia ainda encontrou comprovantes de pagamento do condomínio em que eles moraram no período que estiveram aqui; localizado na Avenida Senador Antônio Mendes Canale, no bairro Pioneiros.
Esse mesmo endereço foi alvo da Operação Sequaz, realizada na quarta-feira (22) para prender os envolvidos no plano de ataque a Moro.
México no Brasil 2q702b
No relatório da investigação que minuciou o ataque ao senador, Mato Grosso do Sul é citado pelos criminosos por um codinome: México. É em uma conversar ente o líder do setor “” e a esposa que o código é revelado.

Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, é apontado como a pessoa que comandava um dos principais núcleos da facção paulista. O nome só apareceu como tal depois que um preso procurou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de São Paulo e revelou que era um dos alvos da “Restrita”.
Aos promotores, ele explicou que o setor comandado por “Nefo” era quem organizava e determinava a morte de autoridades ou de integrantes importantes da facção; “faccionados comuns” são submetidos ao “Tribunal do Júri” quando não agradam a cúpula. Foi nessa conversa que o nome de Moro apareceu como alvo do grupo.
Com interceptações telefônicas autorizadas, as equipes de investigações descobriram que a facção investiu mais de meio milhão de reais no plano contra o senador; mas muito além disso, desvendou o modo de agir dos suspeitos.
Para não serem identificados, os criminosos agiam no chamado “ciclo fechado”, ou seja, trocavam a linha de celular a cada 15 dias, já que era por ali que orientavam todos os crimes; eles também faziam “investimento pesado” para manter a logística: compravam carros, alugavam casas (usadas como base e também futuros cativeiros), adquiriam armamentos.
Diversas listas de despesas foram encontradas ao longo da apuração e foi por elas que a polícia descobriu a compra de arma em Mato Grosso do Sul.

Na lista, Mato Grosso do Sul, ou melhor, México, aparece em dois momentos:
- 110 Duda México (Fuzil Quadrado)
- $ 50 mil Duda México (2x)
Ainda segundo a polícia, dados financeiros com o código “México” foram encontrados nas coisas de Janeferson, além das expressões “dedé” e “ferramenta bico e peq”, gírias usada para indicar fuzil e pistolas. Por todos esses indício, o apartamento no bairro Pioneiros se tornou alvo da Operação Sequaz.

“É possível que lá existam armas e/ou um “cofre”, pois normalmente após alguém ser preso os criminosos somem com armas, munições e qualquer material que possa incriminá-los”, escreve a juíza federal Gabriela Hardt na decisão que determinou o mandado de busca e apreensão no endereço.
Ao fazer isso, a magistrada considerou que o apartamento ainda estava alugado e pago, por isso poderia ser um dos esconderijos para as armas compradas pelo grupo. O que foi encontrado no endereço na quarta-feira, ainda não foi divulgado pela polícia.
O apartamento está no nome da mulher de Evandro Robiér Dias da Silva, que está com a prisão decretada desde de janeiro, mas não foi encontrada.