Episódio de pai que deu safanão em aluna de 4 anos é tratado como contravenção 173q4j

Embora o episódio tenha ganhado o coro popular taxando o homem de racista, até mesmo a advogada da família da vítima diz não haver elementos claros nesse sentido 4n41w

Um dos assuntos que mais mobilizaram reações em Campo Grande nesta semana foi o episódio envolvendo o pai que invadiu a escola pública municipal onde o filho estuda, Professora Iracema de Souza Mendonça, no bairro Universitário, para impedir que uma coleguinha, de quatro anos, abraçasse o menino da mesma idade.

De comentários agressivos nas redes sociais do pai aos discursos na Assembleia Legislativa, o homem ou a ser ofendido, mesmo antes de a investigação sobre o fato chegar a conclusões.

Print de ofensas a pai que empurrou criança
Na rede social do pedreiro que empurrou criança, vários comentários ofensivos foram postados (Foto: Reprodução do Facebook)

Gravada em vídeo, a cena da qual foi personagem chocou. Ele entra na fila em formação pelos alunos, onde a presença dos parentes não é permitida, dá um safanão na menina – que está com um dos braços envolvendo o menino- pega o garoto e vai embora.

A situação gerou mais polêmica em razão do fato de a estudante ser negra e o colega branco. Surgiu a hipótese de um ato racista por parte do pai, um pedreiro de 32 anos, também branco.

Pois bem. Até o momento, o caso é tratado como vias de fato, e não há qualquer previsão de um enquadramento em crimes que punem atitudes classificadas como preconceito racial.

Vias de fato sequer é crime. É uma contravenção penal, definida no artigo 21 da mesma legislação que trata do jogo do bicho, por exemplo.

O que diz a lei: 15b5b

Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:

Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

Lei das Contravenções Penais

Esse dispositivo legal é tão antigo que a previsão de punição pecuniária é em réis ainda.

Em resumo, segundo operadores do Direito ouvidos pelo Primeira Página, esse enquadramento envolve toques físicos sem qualquer sinal posterior, um empurrão, o arremesso de um objeto sem marcas no corpo da vítima.

Para casos desse tipo, o processo anda no Juizado Especial Criminal, voltado a ocorrências menos graves.
Como a pena é bem pequena, normalmente é feita a transação penal.

A pessoa envolvida se compromete com o Judiciário a não se envolver em outros atos ilícitos por um prazo, e depois desse período, o caso é arquivado.

A explicação da Polícia Civil 3tu1

Em nota sobre o assunto, a DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Infância e Adolescência) declarou não haver qualquer indício de prática racista no episódio.

A consulta feita pela reportagem a mais três delegados de Polícia Civil, sob condição de reserva do nome, indicou que adotariam a mesma tipificação.

O argumento em geral foi em torno da necessidade de uma prova inequívoca de motivação racista para a atitude, como por exemplo uma fala preconceituosa, o que foi não foi relatado.

DEPCA
Fachada da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), em Campo Grande. (Foto: Maressa Mendonça)

Segundo as declarações à polícia, o pai disse ter comunicado por duas vezes a funcionários da escola que o menino tinha fobia de toques como abraços, e pedido para afastá-lo da menina.

Na versão dele, como isso não ocorreu, entrou no espaço, buscou a criança e foi embora. No trajeto, se arrependeu, voltou, foi à sala da direção, onde o fato estava sendo registrado em ata.

Ao conversar com a diretora, de 69 anos, ele mostrou descontrole dizendo que havia orientado o filho a agredir a menina se isso se repetisse.

Funcionários da escola fizeram o boletim de ocorrência. Eles relataram que a diretora também levou um empurrão, agressão não foi filmada.

Apelo contra linchamento 4m5y23

A advogada da família da menina, Lione Balta, em postagens desta quarta-feira (13) no Instagram, se manifesta contra o linchamento, seja pessoal ou virtual, diante das inúmeras reações de críticas ao pai, taxado como racista.

Diversos movimentos ligados aos direitos das pessoas pretas manifestaram-se sobre o ocorrido, pediram investigação, punição, além de medidas para combater o racismo nas escolas. O assunto foi debatido na sessão da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul).

Em meio a toda essa repercussão, a advogada afirma no vídeo que a hipótese de uma situação motivada por racismo foi “posterior” ao registro de boletim de ocorrência.

Segundo a Lione, a queixa policial se referiu apenas à agressão.

Advogada da família de criança empurrada em escola. (Vídeo: Instagram)

No vídeo, ela relata que foi perguntada se considerava a possibilidade de a aluna ter sido vítima de preconceito por ser negra e disse não descartar essa possibilidade.

“Vivemos num país estruturalmente racista, e não descartamos a possibilidades, mas apesar disso, nós não podemos acusar uma pessoa sem que exista uma investigação policial com provas robustas.”

Advogada Lione Balta


Em mais de um momento, a profissional do Direito reforça a necessidade de esperar a investigação ser concluída e afirma confiar na apuração policial, classificada por ela como célere.

“A família não quer que uma agressão seja paga com outra agressão”.

Lione Balta

Leia mais 6p1262

  1. Pai invade escola para impedir menina de 4 anos de abraçar o filho 2y2qd

“O acusado tem direito de defesa e é importante que fique claro para todos”, completou a advogada.

Para ela, independentemente da questão racial, o caso tem várias camadas camadas de gravidade.

Ela cita a invasão da escola pelo pai, desobedecendo o combinado com a comunidade escolar, a agressão à autoridade máxima do lugar, que é a diretora, e o desrespeito a uma criança de quatro anos.

Transferência de escola 62s63

Diante de tudo o que ocorreu, explicou, a menina não está frequentando a escola e aguarda transferência para outra instituição.

“A família não se sente confortável para mandar ela, tem medo”, disse.

Outro comentário feito pela advogada é sobre a fobia de abraço pelo menino, alegação do pai para o ato destemperado.

De acordo com ela, o pai informou que o filho tem fobia de toque, mas não há uma comprovação de que isso tenha sido informado oficialmente à direção da escola.

A Semed (Secretaria Municipal de Educaçã), em nota sobre o fato, explicou que havia conhecimento pela direção escolar sobre a dificuldade do aluno em aceitar aproximação física.

Silêncio 55496w

Foi tentado contato com o pedreiro de 32 anos de diversas formas. Ele tem um perfil no Instagram onde oferece galpões pré-moldados para a construção civil e os telefones informados foram acionados, sem resposta. Mensagem enviada no direct do perfil não teve retorno.

Também foi enviada mensagem em seu perfil do Facebook, sem resposta. O espaço segue aberto para a manifestação do investigado.

Os nomes são preservados em cumprimento ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) para proteger as crianças da exposição.

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