Depois de denunciar abandono, vizinho é agredido e perde o emprego 2c334q
Nesta quarta-feira ele voltou a delegacia, dessa vez como vítima; sofreu cortes no pescoço e lesões nos braços, agora se sente desprotegido 1xu4q
Depois denunciar que os vizinhos – de 3 e 2 anos – estavam sozinhos em casa, um rapaz de 28 anos foi agredido pela mãe das crianças nesta quarta-feira (25). A vingança por ele ter procurado a polícia, aconteceu no mesmo terreno em que ele mora, no bairro Santa Carmélia, em Campo Grande. Além das lesões físicas, ele acabou perdendo o emprego por causa do tempo que ficou na delegacia.

O rapaz, que terá o nome preservado, foi até a 7ª Delegacia de Polícia Civil para relatar as agressões. Ao Primeira Página, ele contou que foi abordado por duas pessoas em frente a casa dele: a mãe das crianças, de 42 anos, e um homem, que ele não sabe dizer quem é.
Nervosa, a mulher questionou os motivos dele ter chamado a polícia. Segundo ele, a vizinha falou que a atitude dele foi “muito feia”. A resposta foi a mesma: “feia é a atitude de vocês em deixar crianças nessa situação”. Nesse momento, ele foi agredido e ameaçado de morte. “Falaram que isso não ficaria assim e que podia chamar qualquer força policial que não ia resolver”.
Ele sofreu cortes no pescoço e lesões nos braços. Depois de conseguir escapar, ele foi a delegacia registrar o caso, ou praticamente toda a manhã na unidade policial e saiu apenas com o boletim de ocorrência nas mãos, sem a segurança que esperava. “Não ajudaram nem as crianças, já estão de novo com os pais”, lamentou.

Para a reportagem, o jovem de 28 anos contou que a frustração foi ainda maior quando saiu da delegacia e descobriu que por causa das duas falta no trabalho, perdeu o emprego que havia conseguido a pouco tempo, como o operador de telemarketing. “Acabei de perder meu emprego. Estava em período de experiência, faltei dois dias seguidos, por isso fui demitido”.
“Fui fazer o certo, sai como errado e ainda corro risco de vida. Se acaso eu revidar, eu ainda posso ser preso, responder pelo crime e ter minha vida interrompida. O que me deixa revoltado é isso; o cara paga fiança, tá errado e ainda o cidadão de bem que está fazendo o certo é prejudicado, ameaçado. Ninguém mais vai querer se intrometer nisso”.
O terreno em que tudo aconteceu pertence a família dele. Ele e o irmão ganharam um pedaço de terra da avó e construíram a casa em que hoje ele e os agressores moram. Uma é alugada e a outro é a que ele escolheu para viver. “Eu não tenho para onde ir, vou ter que voltar para casa né”.
Na tarde desta quarta-feira, o rapaz foi ao Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal) para exame de corpo de delito e agora o caso é investigado.