Delegacia vira lugar de brincadeira para crianças achadas sozinhas 173wc
As crianças foram levados para unidade policial depois que vizinhos denunciaram a situação da família; por mais de três horas os dois ficaram sozinhos em casa, chorando 196h32
A recepção da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) virou uma pista de corrida de carrinhos na tarde desta terça-feira (24), em Campo Grande. Quem chegava para registar qualquer boletim de ocorrência, tinha que desviar dos dois irmãos que se divertiam com os brinquedos espalhados pelo chão e acabava encantado com a inocência e risadas das crianças.

O menino de 5 anos e a irmã, de apenas 2 anos, foram levados para unidade policial depois que vizinhos denunciaram os pais deles por abandono. Horas antes, a situação era bem diferente.
Vídeos feitos pelos vizinhos da família mostravam os dois trancados sozinhos em casa, chorando muito; o que, segundo os moradores da região, é comum nas últimas três semanas. O que realmente aconteceu na casa do Bairro Santa Carmélia, ainda é apurado pela polícia. Mas enquanto isso, as duas crianças encontram diversão em tudo que veem.
Assim que chegaram na delegacia, os dois foram levados nos braços dos conselheiros tutelares até a brinquedoteca, uma sala logo na entrada da DEPCA recheada de brinquedos: livros didáticos, gibis, carrinhos, casinha de boneca e até uma gangorra de cavalinho. O encantamento foi imediato.
Quem olhava de fora, via duas crianças felizes, totalmente alheias a toda a situação investigada ali. O mais velho dos irmãos, parecia em casa. Pediu para ir ao banheiro, apesar de ter dificuldade em falar e corria saltitando pelos corredores, distribuindo sorrisos. A menina, visivelmente mais quieta, seguia cada o do irmão: se ele pulava, ela repetia a brincadeira rindo.
Longe da caçula, o que durou pouco tempo, o pequeno escolheu os carrinhos para brincar. Arrastou três deles para a recepção e ali fez uma pista de corridas. Empurrava e jogava os brinquedos para ver qual “chegava” primeiro. Se os carros batiam um no outro, ele se jogava de braços abertos e depois rolava no chão.
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A menina até assumiu um dos carrinhos quando encontrou o irmão, andou lado a lado com ele por um tempo, mas o que chamava atenção dela mesmo, foram os livros: primeiro se encantou com um livro didático, que fez questão de mostrar para o motorista do Conselho Tutelar, que acompanhava os dois de perto. Depois, pegou um gibi e mais uma vez, saiu com ele na mão para mostrar aos adultos.
Bonito mesmo foi ver o sorriso no rosto da menina quando percebeu a câmera nas mãos de um dos cinegrafistas que esperava para falar com a polícia sobre o caso. Ela chegou perto da lente, apontou para a luz do flash e riu para os jornalistas.

Enquanto os pais tentavam explicar as roupas “desleixadas” dos filhos e o choro de desespero deles por estarem mais de três horas sozinhos, as duas crianças encontraram a alegria no simples e no carinho que recebiam de todos que cruzavam com elas ali na entrada da delegacia.
Ainda não se sabe o destino dos irmãos daqui para frente, mas a certeza é de que todo mundo que viu a inocência na brincadeira das crianças, espera um futuro em um lugar muito melhor para elas.