Com bombas falsas e homens armados, treinamento transforma fronteira 5b1042
O treinamento foi organizado pelo Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e contou com a participação de diversas forças policiais do Brasil e do Paraguai 3g3qs
Criminosos fortemente armados chegaram de madrugada. Ainda estava escuro quando os primeiros tiros foram ouvidos. Explosões em frente ao banco da cidade mostravam o forte poder bélico do grupo e impediam que a polícia reagisse ou se aproximasse. Além dos fuzis nas mãos, os bandidos usavam toucas ninja para esconder o rosto e faziam quem asse pela região refém.
Essas vítimas foram forçadas a tirar parte da roupa e ficarem de joelho no meio da rua. Mais explosões dentro do banco, antes que os criminosos saíssem com malotes carregados de dinheiro. Os reféns se tornaram “escudo humano” e foram amarrados em cima de caminhonetes, para que ninguém atrapalhasse a fuga.
Para trás, o grupo deixou penas destruição e medo.
A cena a cima é a mesma que duas cidades de Mato Grosso do Sul viveram anos atrás, mas nesta quinta-feira (24), tudo não ou de uma simulação em um dos municípios que mais sofre com a violência no Estado: Ponta Porã – que fica a 295 quilômetros de Campo Grande.
O treinamento foi organizado pelo Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e contou com a participação de diversas forças policiais do Brasil e do Paraguai. A intenção é preparar as forças de segurança de Mato Grosso do Sul para o crime chamado de “Novo Cangaço”, uma modalidade de assalto a instituições financeiras que espalha terror pelo Brasil.
Aqui, duas cidades já foram vítimas desse crime; Chapadão do Sul, em 2018 e Sonora, a primeira a sofrer com os bandidos, em abril de 2016.
Por meses, a população sofreu com os estragos causados pelos criminosos: os bancos ficaram destruídos pelas bombas e valores milionários foram levados. As delegacias e os quartéis foram fuzilados e nas duas ocasiões, a polícia sequer conseguiu chegar perto. Até carros incendiados foram usados para impedir a ação das equipes, de dentro e de fora dos municípios.
Desta vez, as explosões foram de festim, a população da fronteira foi avisada com antecedência e os criminosos, na verdade, eram policiais treinados. Tudo foi pensado para preparar as cidades dos dois lados da linha internacional para uma possível ação criminosa, já que a fronteira seca entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, muitas vezes, é usada para facilitar fugas e crimes.
“O exercício simulado foi um sucesso, alcançando o objetivo almejado. O 4° BPM (Batalhão da Polícia Militar) ressalta a importância da integração de todos os órgãos que atuam em nossa fronteira, tanto lado brasileiro quanto paraguaio, demonstrando que a atuação em conjunto no combate à criminalidade na região tem sido forte e com constante aprimoramento e ações conjuntas”, divulgou a Polícia Militar.
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O Plano de Defesa, como é chamado, foi desenvolvido por especialistas da Polícia Militar e envolveu toda a estrutura da corporação no Estado, além de outras instituições, como a PRF (Polícia Rodoviária Federal), Polícia Civil, Polícia Federal, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros e até a Associação dos Comerciantes do município e outros civis.

O “novo cangaço” surge no nordeste brasileiro para denominar quadrilhas responsáveis por ações agressivas, que cercavam pequenas cidades do sertão para praticar crimes “cinematográficos”. A prática se espalhou, e casos de extrema violência foram registrados não só em Mato Grosso do Sul, mas também em diversos estados do país.