Cinco são resgatados de trabalho escravo em fazenda do Pantanal n1f1a
A fazenda em que as vítimas estavam fica a 180 quilômetros de Corumbá, na região do Paiaguás, onde mais de 15 mil hectares são usados para a criação de gado 361za
Cinco trabalhadores que viviam em situação análoga à escravidão foram resgatados de helicóptero de uma fazenda no Pantanal de Corumbá – cidade a 413 quilômetros de Campo Grande. O grupo ficava isolada no meio da mata, tinham jornadas exaustivas e viviam em alojamentos improvisados, sem ter água potável para beber.

O resgate foi realizado durante uma força-tarefa de combate ao trabalho em condição análoga à escravidão no Pantanal; duas fazendas da região foram alvo de fiscalização da Polícia Federal, do MPT (Ministério Público do Trabalho) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e da Polícia Militar.
A primeira fazenda estava a cerca de 60 quilômetros de Corumbá, na região do Paraguai-mirim. Lá foram encontrados vestígios da moradia precária, mas nenhum trabalhador foi localizado. Já na segundo propriedade foi bem diferente.
A fazenda em que as cinco vítimas estavam fica a 180 quilômetros da cidade, na região do Paiaguás, onde mais de 15 mil hectares são usados para a criação de gado.
No local, as equipes encontraram cinco trabalhadores, todos de Corumbá, foram contratados de maneira informal, viviam isolados na mata, em barracos construídos com paus, arbustos e cobertos com lona plástica, expostos a animais silvestres e peçonhentos. Para dormir, o grupo chegou a improvisar tarimbas – estrutura montada com varas de arbustos – e redes.
Na propriedade, as equipes perceberam que o grupo era submetido ao trabalho forçado, jornada exaustiva, condição degradante, servidão por dívida, vigilância constante e ainda tinha o uso de qualquer meio de transporte limitado.
O dono da propriedade não fornecia água. A disponível a eles ficava armazenada em um tanque pipa e servia para uso geral – beber, cozinhar e tomar banho. Não havia banheiros e para manter o mínimo de higiene, os trabalhadores usavam um balão cortado, sem qualquer privacidade
Os cinco foram resgatados de helicóptero e em depoimento, alguns trabalhadores afirmaram que a água para consumo tinha gosto de ferrugem. O grupo foi contrato para construir cercas e deveria ficar 90 dias no Pantanal, só depois seria levado para a cidade para receber o pagamento pelo serviço.
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Conforme o Ministério Público do Trabalho, o empregador fez um acordo e terá que pagar indenizações trabalhistas que ultraam R$ 37 mil, além dos danos morais individuais: um valor de R$ 240.195,00 dividido entre os cinco trabalhadores, 20 vezes mais do que o valor do salário combinado na contratação.
Ele ainda terá que arcar com o dano moral coletivo, de R$ 240 mil, que vai ser quitado em três parcelas iguais, já a partir de 15 de abril. O valor será revertido a entidades de interesse coletivo.
Conforme levantamento da Superintendência da Inspeção do Trabalho no estadoo, 22 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à de escravidão em propriedades rurais de Mato Grosso do Sul, entre janeiro e 21 de março deste ano. Em todo o país, foram 918 trabalhadores no mesmo período, o que representa alta de 124% em relação ao volume dos primeiros três meses de 2022.