Aposentados tiveram valores descontados sem autorização, diz CGU 536917
Relatório revela que maioria dos segurados desconhecia associações responsáveis por descontos na folha de pagamento 2s305m
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou indícios da existência de uma verdadeira “indústria de descontos ilegítimos” aplicada a aposentados e pensionistas do INSS. O documento integra a investigação da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal na semana ada para apurar fraudes envolvendo descontos não autorizados nos benefícios previdenciários.

Com o levantamento do sigilo judicial nesta segunda-feira (28), vieram à tona evidências de que entidades associativas estariam utilizando indevidamente dados de beneficiários para aplicar os descontos.
Em um dos trechos do relatório, a CGU relata que a Dataprev recebeu, no mesmo dia, duas autorizações de desconto para um único beneficiário, enviadas por entidades diferentes — o que levanta suspeitas de uso indevido de informações cadastrais.
Segundo o relatório, os auditores constataram que a maioria dos aposentados e pensionistas entrevistados sequer conhecia as associações responsáveis pelos descontos. Entre abril e julho de 2024, a CGU entrevistou 1.273 segurados com valores retidos diretamente da folha de pagamento. Apenas 52 reconheceram vínculo com as entidades e só 31 disseram ter autorizado o desconto.
Após a operação, o INSS suspendeu todos os descontos relacionados a convênios com associações. Para buscar a devolução dos valores cobrados indevidamente em anos anteriores, a Advocacia-Geral da União (AGU) criou um grupo de trabalho.
Em nota, o INSS afirmou que não comenta decisões judiciais em curso. O órgão também declarou que, das 11 entidades investigadas, apenas uma tinha convênio firmado em 2023, e que os descontos irregulares começaram em gestões anteriores.