Veneno de sapo pode trazer cura para doenças inflamatórias como lúpus e artrite e1ws
A substância apresenta potencial no combate de doenças crônicas inflamatórias u4n5y
Veneno de sapo pode ser a cura para doenças crônicas inflamatórias. Uma pesquisa desenvolvida por estudantes da Escola Técnica Estadual de Sinop, a 480 km de Cuiabá, é mais um o na busca por tratamentos e na fabricação de medicamentos.

Coordenada pela professora Lucinéia Reuse Albiero, a pesquisa foi iniciada em janeiro deste ano, durante as aulas do curso Técnico em Enfermagem.
Os estudos foram realizados em sapos das espécies Rhinella margaritifera, Rhinella marina e Rhaebo guttatus, encontrados na fauna mato-grossense.
A mestre em Ciências enfatiza que o projeto trata-se de uma pesquisa pré-clínica, com o objetivo de avaliar se o veneno é capaz de modular células que poderiam vir a combater doenças reumáticas e autoimunes, como a Artrite Reumatóide (AR) e Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES).
A expectativa é de que, futuramente, o estudo possa contribuir para a criação de novos medicamentos para o tratamento das doenças.
“Visto que os neutrófilos são importantes células na exacerbação dos sintomas do processo inflamatório em doenças como Artrite Reumatóide e Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), os estudos levantam a seguinte hipótese: ‘os extratos dos gêneros Rhinella e Rhaebo modulam os efeitos inflamatórios dos neutrófilos?’”, indagou a professora.
Os anfíbios são capturados em uma fazenda particular no município de Cotriguaçu (953 km de Cuiabá). A coleta do material é realizada por biólogos herpetólogos da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), com autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Entenda o estudo 2q2f5e
A professora explica que o veneno é retirado de uma glândula chamada de paratóide, localizada atrás dos olhos dos sapos. “Essa glândula, quando apertada, solta uma ‘pasta’, que é a forma com que esse veneno se apresenta”, disse.
Depois de coletado, o material é levado ao município de Sinop, onde é reado à professora para o estudo das substâncias presentes no veneno. Após a extração do veneno os sapos são devolvidos com vida à natureza.
Albiero ressalta que, apesar de liderar as pesquisas, o projeto é desenvolvido em colaboração com os alunos do Curso Técnico em Enfermagem, em parceria com a UFMT e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo).
A equipe de estudos conta com os pesquisadores Valfran da Silva Lima, Lindsey Castoldi, Cleni Mara Marzocchi Machado, Flávio Fernandes Barboza, Morenna Alana Giordani, Marcilei Juvenal da Conceição Horn, Valéria Dornelles Gindri Sinhorin e Adilson Paulo Sinhorin.
Dados no Brasil 2m1wc
Dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) apontam que cerca de 65 mil brasileiros, entre 20 e 45 anos de idade, são afetados pelo Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus), que, entre as mais de 80 doenças autoimunes conhecidas, está entre as mais graves.
Já a prevalência da Artrite Reumatóide (AR) é estimada em 0,5%-1% da população, com predomínio em mulheres e maior incidência na faixa etária de 30-50 anos, que apesar de não haver grandes riscos, leva à diminuição da qualidade de vida.