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Pais de Bebês Reborn: Entre o Afeto e a Doença 1j4i3h

A preocupação é quando há uma vinculação afetiva desproporcional entre o ser humano e o objeto inanimado, 6hv

Entre os assuntos do momento está aquele que fala dos Bebês Reborn, tema que tem gerado muita polêmica, discussão e indignação em grande parte da população. Isso porque sabemos que a maioria das novas criações surge com o objetivo claro de somar a benfeitoria humana, todavia mentes perversas direcionam muitas dessas novidades para finalidades diferentes das ideias de seus criadores, estimulam pessoas, geralmente adoecidas, a utilizar erroneamente determinada criação, como se fosse a forma correta ou esperada de uso.

Bebês reborns
Bebês reborns sendo fotografados. (Foto: Redes Sociais)

Coisas assim acontecem desde os primórdios da civilização. Não tão distante podemos lembrar da descoberta da bomba atômica, de determinados medicamentos e, mais recentemente, dos drones. Apesar de assistirmos estupefatos a trajetória de certas novidades, já deveríamos esperar pela possibilidade de seu uso indevido.

Talvez assim esteja ocorrendo com os recentes bebês reborn, que são bonecos extremamente realistas, que se assemelham a crianças desde o seu nascimento até um pouco maiores, mas ainda na fase de bebês… pelo menos por enquanto. A imitação de crianças reais é tamanha que os bebês reborn vêm ganhando grande popularidade ultimamente.

O mais impressionante é que a preferência desses bonecos inanimados tem sido pela população adulta e não pelas crianças, como seria esperado. Não se trata apenas de um colecionismo como hobby, mas de uma relação afetiva entre o ser humano e um boneco de uma forma que, provavelmente, sai da normalidade. Se já discutimos nossa relação com os Pets como se humanos fossem (e deles de algum modo se aproximam), imaginem o que devemos pensar da relação de humanos com seres inanimados.

É óbvio que há mecanismos psíquicos que saem da normalidade e que merecem avaliação cuidadosa, caso a caso. Apesar de ser algo relativamente novo, já se percebe que há histórico de perdas precoces, como abortos espontâneos ou morte logo após o nascimento ou na fase inicial da vida; ou ainda de vínculos afetivos fragilizados na infância e ao longo da vida, que são substituídos por esses objetos, que mimetizam seres humanos, sem os riscos de perdas ou abandonos oferecidos por estes.

Há também de se pensar no desejo não concretizado de ser pai ou mãe, que pode ser substituído simbolicamente por essas criaturas, ou ainda o desejo da maternidade, sem exercê-la em sua plenitude, já que os cuidados oferecidos a um objeto inanimado não requerem a mesma preocupação que se teria com um bebê real. É importante observar que também pode ser usado para diminuir o sentimento de solidão, substituído pela falsa interação com esses objetos e com os cuidados oferecidos a eles, preocupação com a higiene e troca de roupas e monólogos como se fossem diálogos.

Há de se considerar também que a pessoa perde a capacidade de distinguir a fantasia da realidade ou simplesmente dá vazão à fantasia porque esta não gera as preocupações existentes na vida real. É claro que existem aquelas pessoas que adquirem esses objetos como meras peças de coleção ou como profissionais que desejam conhecer melhor a arte para poder reproduzi-la. Nesses casos não há um apego emocional aos bonecos.

A preocupação é quando há uma vinculação afetiva desproporcional entre o ser humano e o objeto inanimado, como se este fosse outro ser humano e, mais que isso, um filho biológico ou não, visto como uma verdadeira distorção da realidade, com consequente prejuízo à saúde mental do ser humano envolvido nessa relação.

Não obstante sejam os bebês reborn bonecos artesanais, muitas vezes com o mesmo peso de uma criança normal, alguns até com veias, batimentos cardíacos simulados e movimentos respiratórios, não deixam de ser brinquedos. Se forem vistos assim, não há nenhuma anormalidade, mas quando percebidos e tratados como seres humanos, aí se encontra um problema, uma vez que como todo e qualquer brinquedo, não há necessidade nem por que o ser humano adulto criar com ele profundos vínculos emocionais.

Precisamos estar atentos ao sofrimento psíquico dos pais de bebês reborn. Sem julgá-los e, principalmente, sem condená-los, devemos mostrar-lhes que o fato deixou de ser uma mera fantasia e tornou-se uma fantasia patológica e, a partir daí, orientá-los a buscar ajuda profissional.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Saúde Mental, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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