O riso e o choro no mesmo espaço 3t4l25

Foi muito bom ver a partida de futebol entre o Fluminense do Brasil e o Boca Juniors da Argentina na tarde de sábado do dia 4 de novembro de 2023. Foi melhor ainda torcer e assistir à vitória do time brasileiro, não porque era contra o futebol argentino, de jeito nenhum, talvez um pouquinho, mas principalmente porque somos patriotas, todos nós brasileiros, de todas as raças, credos, gêneros e lados, direito ou esquerdo, todos somos patriotas.  

Mas, voltando à partida de futebol, o friozinho na barriga de cada jogada faz parte do evento desportivo. Tanto quem vence, quanto quem perde sente o mesmo frio, porque é algo que acontece durante o jogo, durante cada jogada; depois do jogo não existe mais frio na barriga, existe apenas riso e choro, riso de quem ganha, choro de quem perde e choro de quem ganha também. São as emoções humanas que transbordam nessa hora. 

Pois é, o choro também faz parte da vitória. A vida é assim, sorrimos e choramos, vencemos e perdemos. O perdedor sempre chora e o vencedor também chora com frequência, é um choro de alívio, quando toda sua musculatura distensiona e deixa esvair o manancial de água de prazer depois da dor de momentos de tensão. Acontece quando nosso time vence, quando conseguimos um novo cargo, quando um filho alcança o sucesso esperado, quando recuperamos um grande amor, quando conseguimos ajudar um amigo, ou quando simplesmente ganhamos uma nova vida ao derrotarmos o risco de morte diante de uma doença ou acidente grave.  

Diz-se que chorar faz bem e talvez esteja aí a explicação por que as lágrimas sempre ajudam. Talvez elas limpem um pouco da tristeza que está dentro de nós, ou que apenas lave um rosto sofrido à espera de alívio de alguma dor física ou emocional.  

Chorar é bom, com certeza, mas quando acontece por um pequeno motivo, algo que parece não ter a menor importância ou ser pouco significativo, podemos estar diante de uma emotividade exagerada ou hiperemotividade, que pode não ser saudável, talvez seja preciso ver isso com um profissional da área de saúde mental.  

Resumidamente, podemos afirmar que sorrir e chorar são emoções que fazem parte da existência humana. Não devemos impedir que essas emoções se externalizem em determinados momentos de nossas vidas, sejam momentos de derrota ou de vitória. Por isso sempre oriento aqueles que me pedem um conselho: chore às vezes, sorria sempre, fazer isso é saber ganhar e perder, é saber viver. Billy Blanco usou uma de suas belas composições nos anos 60 do século ado, intitulada “Canto Chorado” para descrever isso em versos como esses a seguir: 

“O que dá pra rir, dá pra chorar 

Questão só de peso e medida 

Problema de hora e lugar 

Mas tudo são coisas da vida 

O que dá pra rir, dá pra chorar 

O que dá pra rir, dá pra chorar 

Alegre é lugar de chegada 

É triste com gente partindo 

Tem sempre o adeus da amada 

O riso chorado mais lindo 

Eu posso cantar meu lamento 

Também sei chorar de alegria 

As velas no mar querem vento 

No quanto é melhor calmaria” 

Agora, vale a pena escutar essa canção. Faça isso!