Hanseníase tem cura, mas estigma e preconceito precisam ser enfrentados 453h4d
Campo Grande tem Hospital São Julião como referência no tratamento gratuito da hanseníase; só em 2022, 43 pessoas foram diagnosticadas com a doença na cidade 467156
O fim de janeiro marca o Dia de Combate e Prevenção à Hanseníase, doença infecciosa e contagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que pode afetar qualquer pessoa. Afeta a pele e os nervos periféricos, ocasionando lesões neurais, conferindo à doença um alto poder incapacitante.

A doença caracteriza-se por alteração, diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente em mãos, braços, pés, pernas e olhos e pode gerar incapacidades permanentes. Nos olhos, queixas de ressecamento ocular são frequentes. Sintomas neurais, como sensação de “formigamento” em braços e pernas, devem ser sempre investigados.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil é o segundo país no mundo em número de casos de hanseníase, atrás apenas da Índia. Somente em 2021, o Brasil diagnosticou 15.155 novos casos da doença, conforme o boletim epidemiológico enviado à OMS.
Segundo a SBH (Sociedade Brasileira de Hansenologia), em Mato Groso do Sul foram notificados 493 casos novos em 2019, 265 em 2020 e 264 em 2021. Os diagnósticos diminuíram em razão da pandemia.
Referência, o Hospital São Julião, em Campo Grande, realiza o tratamento gratuito para a população acometida pela doença. Somente no ano ado, 43 pessoas tiveram o diagnóstico de hanseníase em Campo Grande, de acordo com o Hospital São Julião. Para o médico hansenólogo e diretor técnico do hospital, Augusto Brasil, ainda existe muita desinformação e preconceito sobre a doença.
“É necessário divulgar o máximo possível, que é uma doença que tem cura, que o estigma e os preconceitos precisam serem enfrentados para acabar com essa desinformação”.
Em razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país, sendo de notificação compulsória e investigação obrigatória.
Sintomas 39h61
- Sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades;
- Manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato;
- Áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor;
- Caroços e placas em qualquer local do corpo;
- Diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos).
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Transmissão 6hi2b
Apesar do que muitos acreditam, o contágio não acontece através do contato com a ferida, o vírus é transmitido através de gotículas e secreções corporais, ou seja, compartilhamento de itens pessoais, lençóis e talheres, por exemplo.
A transmissão ocorre quando uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar – MB) e que, estando sem tratamento elimina bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim infectar outras pessoas suscetíveis. Nem todos desenvolvem a hanseníase, já que grande parte das pessoas apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo. A pessoa com hanseníase deve manter o convívio familiar e não precisa ser afastada do trabalho, em pouco tempo após o início do tratamento a pessoa deixa de transmitir a doença, porém as pessoas que moram na mesma casa devem ser examinadas e se não apresentarem a doença, devem ser acompanhadas no mínimo por cinco anos.
Como tratar? 3l452i
A hanseníase tem cura. O tratamento é feito nas unidades de saúde e é gratuito. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico. O tratamento é via oral, constituído pela associação de dois ou três medicamentos e é denominado poliquimioterapia. Um dos grandes desafios é o diagnóstico precoce e pronto tratamento, além do exame de todos os contatos intradomiciliares e informar que o diagnóstico.
O tratamento é ambulatorial, com doses mensais supervisionadas istradas na unidade de saúde e doses autoistradas no domicílio por 6 a 12 anos. Diante de qualquer dúvida mediante os sintomas já mencionados, é preciso buscar atendimento médico para investigar se há ou não a presença da patologia.
A médica Ana Marques explica a importância de identificar os possíveis sintomas, diagnosticar e tratar precocemente pois o tratamento diminui o número de bacilos infectantes rompendo assim a cadeia de transmissão com consequente diminuição de novos casos, portanto a importância de se reconhecer a doença.
“A hanseníase não escolhe sexo e nem idade, qualquer pessoa pode abrigar o bacilo e ao longo da vida apresentar a doença que se caracteriza por ser uma doença infecciosa de curso crônico de progressão lenta e incapacitante, deformidades muitas vezes irreversíveis, quando não tratada, e assim mantem-se a transmissão”, pontua.