Successione: ex-assessor de Neno fez na Alems impressões de fotos para quadrilha m2o6t

Evidências encontradas pela operação Successione indicam uso da estrutura do Poder Legislativo por ex-assessor de deputado de MS acusado de chefiar grupo dedicado ao jogo do bicho 3g3f6a

Demitido da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) em dezembro de 2023, o ex-assessor parlamentar Diego Souza Nunes, preso pela operação Successione, está sob suspeita de aproveitar-se da estrutura da Casa de Leis para tarefas da organização criminosa que, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), agia com violência para assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande.

Para a investigação, o cabeça do esquema é o deputado estadual Neno Razuk (PL), justamente quem levou Diego para trabalhar na Assembleia, em seu gabinete.

Gabinete Neno Razuk
Gabinete de Neno Razuk na Alems, onde trabalhavam três dos presos pela Successione. (Foto: enviada à redação WhatsApp)

A análise das provas coletadas pelo Gaeco na primeira fase da operação Successione, deflagrada em 5 de dezembro do ano ado, revelou conversa de Diego com José Eduardo Abbulahad, o Zeizo – um dos gerentes do grupo criminoso e que está com mandado de prisão em aberto. No diálogo, é citado o uso de impressora da Alems para fazer cópias de fotos de interesse dos investigados e de listagem de locais.
Essas imagens e a lista, conforme detalhado em peça processual, eram de imóveis, tanto de interesse para implantar escritórios da suposta quadrilha, quanto de utilização pelo grupo rival na exploração do jogo ilegal.

“O gerente José Eduardo Abdulahad (“Zeizo”, “Zenzo” e/ou “Z”) demanda a Diego de Sousa Nunes a impressão da listagem e de diversas fotos relacionadas a esses locais com o uso de impressora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul”, informa a denúncia do Gaeco à 3ª Vara Criminal de Campo Grande, onde corre o processo.

“Feita a impressão determinada, Diego De Sousa Nunes entrega uma parte do material de inteligência da organização criminosa ao líder Roberto Razuk Filho (“Neno Razuk”) e a outra ao gerente José Eduardo Abdulahad”.

“Então as foto é pra imprimir na Assembleia, que é colorida, e o resto é pra imprimir aí!”, afirma Diego, na transcrição feita pelo Gaeco.

“Terminei” 2t6r3r

A conversa por aplicativo de mensagem instantânea começa no dia 18 de outubro, dois dias depois do flagrante de máquinas usadas para aposta do bicho em uma casa do bairro Monte Castelo.

O contexto envolve o registro de imagens de locais identificados como depósitos da quadrilha rival e de casas que estão sendo sondadas pelo grupo investigado.

Às 16h54, o contato identificado como “Bau Diego” pergunta: “é para imprimir as fotos tb?

Zeizo responde que sim. “Bau Diego” pergunta se são três copias de tudo.

Ao OK de Zeizo, responde que “isso aqui vai demorar”.


“É muita foto, vocês tem certeza de q querem três cópias de cada?”

Diego Nunes em diálogo com Zeizo


Diego reclama da lentidão da impressora de um local não identificado e volta a dizer: “é muita foto”
Na sequência da troca de mensagens, “Bau Diego” afirma que terá de arrumar outra impressora, relata que não pegou a da Assembleia e sim de um amigo emprestado.

“Pq é a Assembleia que sede para os gabinetes”, justifica.

Comenta mais à frente que o ideal era comprar uma nova impressora colorida e, às 17h35, fala de usar a máquina da Alems. “Vai imprimir lá mesmo as fotos. Na Assembleia”, escreve.

No dia seguinte, 19 de outubro, às 11h40, “Bau Diego” declara por mensagem: “Terminei aqui”. Esse horário, em tese, deveria ser de expediente na Assembleia Legislativa.

Diálogo sobre impressão na Alems
Diálogo em que ex-assessor de Neno Razuk fala sobre impressão na Alems (Foto: reprodução de processo)

O contato atribuído a Diego de Souza Nunes informa ter entregado as cópias de Neno e estava com os papéis que deveriam ser levados para Zeizo.

Diego Nunes de Sousa, de 38 anos, estava trabalhando no gabinete de Neno Razuk desde 17 de novembro de 2022, mesma data da nomeação de outro investigado pela operação Successione, o sargento reformado Manoel José Ribeiro, o “Manelão”.

O terceiro assessor parlamentar de Neno Razuk implicado na operação é o major reformado Gilberto Luís dos Santos, apelidado de Coronel, Barba ou G.Santos. A ele é atribuído um papel de gerente da organização criminosa sob investigação.

“Note-se que o envolvimento dos denunciados maj QQPM Gilberto Luis Dos Santos (‘CorOnel’, ‘G.Santos” e/ou “Barba”), sgt QPPM Manoel José Ribeiro (‘Manelão’) e Diego De Sousa Nunes com a organização criminosa liderada por Roberto Razuk Filho (“Neno Razuk) é de tamanha expressão que foram nomeados como assessores parlamentares lotados no gabinete do último (Deputado Estadual)”, frisam os promotores na representação em que foi solicitada autorização para a segunda fase da Successione, realizada também em dezembro de 2023.

Os três comissionados na cota de assessores de Neno Razuk estavam no QG do jogo do bicho descoberto no dia 16 de outubro, quando mais de 700 máquinas de registro de aposta foram localizadas no bairro Monte Castelo.

Na época, Neno disse foi perguntado se exoneraria o trio e declarou que não, comentário anotado pelo Gaeco no texto ao Judiciário em tom crítico.

“Tal é o escárnio que o próprio líder Roberto Razuk Filho (“Neno Razuk”), após o escândalo da apreensão de máquinas do jogo do bicho pelo Garraas em poder de um dos seus assessores parlamentares, o maj QOPM Gilberto Luis dos Santos(‘Coronel’, ‘G.SANTOS’ e/ou ‘BARBA’), afirmou não pretender exonerá-lo.”

Gaeco em peça processual

Durante entrevista coletiva, no dia 6 de dezembro, Razuk Filho negou envolvimento com atividades ilícitas e, ao mesmo tempo, defendeu a regulamentação do jogo ilegal.

“Estamos na iminência de ser legalizado o jogo. O governo vem trabalhando desde o governo Bolsonaro. O governo Lula também tem proposta na Câmara. Tem proposta no Senado… É uma maneira de o Estado arrecadar”, afirmou aos jornalistas, segundo citação feita pelo Gaeco em petição.

A exoneração de Diego, Gilberto e Manoel só veio quando a Successione prendeu os três. Foi publicada no diário oficial da Alems no dia 7 de dezembro de 2023.

Pelas evidências de movimentação do grupo colhidas pelo Gaeco, mesmo depois do flagrante do QG do jogo bicho, os investigados continuaram se movimentando para iniciar a operação das atividades ilegais e tirar do mercado um grupo rival, identificado como MTS.

Exoneração de assessores presos pela Successione
Documento com exoneração de assessores presos pela Successione, de 7 de dezembro de 2023. (Foto: reprodução de processo)

O que diz a Alems zz4y

Diante dessas evidências relatadas pelo Gaeco de uso da estrutura da Alems pelos comandados por Neno Razuk para tarefas ligadas à atividade ilegal, a reportagem procurou o presidente da Casa, Gerson Claro (PP)

Indagado se seria tomada alguma providência, como uma apuração interna, o parlamentar disse que os “citados” pela reportagem já não estão mais na Assembleia e por isso não cabe qualquer apuração.

Presidente da Alems, deputado estadual Gerson Claro (PP), durante entrevista nesta quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024 (Foto: Sérgio Saturnino)
Presidente da Alems, deputado estadual Gerson Claro (PP), durante entrevista nesta quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024 (Foto: Sérgio Saturnino)


“Investigar quem já não está na Assembleia?”, questionou.

Claro repetiu o que já havia dito anteriormente sobre o processo envolvendo Neno Razuk e disse que o Legislativo só vai se manifestar se tiver a solicitação por partido “conforme determinado pela Constituição Federal.

“A Polícia e o MP já estão investigando é competência deles eventual crime comum fora do mandato”, afirmou o político.

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Comentários (1) 1j10k

  • Cláudio Lisboa de Franco

    Então mais cadê a operação para prender quem está no comando do jogo hoje
    Toda esquina tem uma banca de aposta do MTS
    Cadê operações cadê prisão dos atuais milicianos que estão com o jogo
    Barba filho de ex policial que dá infoemacoes
    Macowle e o Rico
    Senhor Carlos Videira cadê o combate

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