Com a ascensão de Charles, afinal o que faz um rei? A gente te conta 1c4b4i

A função significa dizer que se trata de uma espécie de “árbitro” da nação. 2w334a

A morte da rainha Elizabeth II causou frisson na imprensa mundial e a internet fala sobre a ascensão ao trono do herdeiro, o rei Charles III. Mas, afinal, o que faz um rei? O Primeira Página foi atrás de respostas e conta agora um pouco das funções reais, a personalidade do novo rei e as diferenças entre a monarquia e o sistema republicano brasileiro. Senta, que lá vem história.

Rei Charles III Na solenidade de proclamação
Rei Charles III durante a solenidade de proclamação (Foto: Reprodução/redes sociais)

Para explicar essas diferenças, a gente chamou a professora e historiadora Astrid Beatriz Bodstein. Com mais de 63 mil seguidores no Instagram, ela tem a conta @royaltyandprotocol, que trata sobre as realezas e protocolos.

Ao portal, Astrid explicou que a função de rei ou rainha não é apenas um título figurativo. Muito pelo contrário. A função significa dizer que se trata de uma espécie de “árbitro” da nação. Charles é chefe de estado e está acima dos poderes dos partidos políticos, sempre observando, ouvindo e aconselhando.

“Os reis estão acima das paixões políticas e ideológicas, e eles pensam sempre no estado, no povo. Ele é o poder moderador, e que não depende de partidos. O soberano pode assumir a defesa do povo contra maus governos. Dentro dessas funções, não existe uma lei na Grã Bretanha que seja aprovada sem a do rei. Ele tem que ser informado e convencido de que aquela lei é benéfica. Lógico, que o soberano é muito consciente de que ele não interfere na dinâmica política”, explicou Astrid.

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Astrid Beatriz (Foto: arquivo pessoal)

Diferenças entre o sistema inglês e o brasileiro 1v3th

O Brasil é uma república, onde o presidente é o chefe de estado e também o chefe de governo. Daí se dá a dificuldade de entendermos a diferença entre o sistema dos dois países. Para Astrid, no Brasil há um acúmulo de cargos, já que no Reino Unido, existe o rei soberano como chefe de estado e o 1º ministro como chefe de governo.

“No Brasil, há um chefe de estado servindo a um governo partidário, o que é absolutamente errado porque o estado brasileiro não tem partido. Lá [em Londres], isso é bem separado porque a chefia de estado, o rei, não vê as cores do partido do 1º ministro de plantão. Não há partidarização. No nosso sistema é tudo a mesma coisa, então você tem situações onde o chefe de estado usa a estrutura estatal para beneficiar o seu governo partidário e seus correligionários”, completou.

Rainha Elizabeth II
Rainha Elizabeth II durante celebração, no Palácio de Buckingham. (Foto: Associated Press)

Talvez seja difícil para o brasileiro entender porque é outro sistema, ou seja, as obras que são feitas pelo governo brasileiro são inauguradas sempre pelos presidentes, e nessa mistura, segundo Astrid, parece que o dinheiro saiu do partido ou do presidente.

Na verdade, é dinheiro público que pertence ao estado. No sistema monárquico, quem desenvolve essas funções de representatividade não é o chefe de governo, é o chefe de estado, que é o rei.

Sobre rendimentos do rei, de acordo com a historiadora, para cada súdito britânico a monarquia custa menos de uma libra esterlina por ano. A presidência brasileira custa mais de R$ 20 ao ano por cidadão.

Sendo assim, o custo de manter o sistema inglês é bem menor que o brasileiro. O rei recebe uma lista civil, com uma determinada quantia por ano, que é aprovada pelo parlamento. Aqui, o presidente recebe um salário mensal.

Personalidade de Charles 561ih

Nesta semana, Charles foi destaque após apresentar irritação em público por duas vezes. No dia 10 de setembro ele apareceu pedindo para um funcionário remover canetas de uma mesa, e o gesto não soou muito bem nas redes sociais. Três dias depois, o novo rei se irritou novamente e voltou a viralizar.

Ao tentar o livro de visitantes do Castelo de Hillsborough, sua caneta vazou, e ele reclamou: “Ah, eu odeio isso! Não o essa maldita coisa. Toda vez isso”, expressou o monarca, enquanto tentava limpar o dedo sujo pela tinta com um paninho. Ele então ou a caneta para a rainha consorte Camilla, que também assinou o livro, e deixou a sala, irritado.

charles e camila
Rei Charles III e Camilla Parker sentam pela primeira vez em trono após morte de rainha Elizabeth (Foto: Getty Images)

“Eu acredito que possamos colocar como ponto de partida a palavra empatia. Ele está vivendo um momento de extrema tensão, quando ele perde a mãe, é proclamado o novo rei e os holofotes do mundo inteiro estão sobre ele. Ele tem consciência das expectativas, e sabe que esse fardo é pesado. Não são atitudes positivas, mas se formos analisar de forma generosa, talvez entendamos que ele está em forte tensão”, avaliou Astrid.

Além da morte da mãe, Charles tem que lidar também com as comparações. “Foram sete décadas de reinado de uma rainha extraordinária, e do outro lado William é um filho extremamente carismático, onde muita gente vê como o próximo rei, e alguns defendem que William deveria assumir a coroa imediatamente. O Charles está no meio dessa situação, e é impossível isso tudo não gerar o mínimo de desconforto emocional”.

Charles tem 73 anos e é o primogênito da rainha. Ele ocupa o trono após a mãe reinar por mais tempo na história do Reino Unido: 70 anos. Charles se casou com a princesa Diana em 1981 e anunciaram a separação em 1996. Diana disse, à época, que o fim se deu pela insistência do marido em manter um relacionamento extraconjugal com Camilla Parker Bowles.

príncipe William
William, o próximo rei, sua esposa Kate Middleton e os filhos George, Louis e Charlotte (Foto: AFP)

Segundo Astrid, apesar do escândalo do divórcio, Charles é visto por ela como extremamente submisso à coroa, já que ele se relacionou com Camilla antes de conhecer Diana, e abdicou ao seu verdadeiro amor para obedecer ao sistema.

“Ele foi bastante submisso às regras da monarquia, tanto que ele deixa a grande paixão dele, que é a Camilla, para se casar com Diana e atender as imposições do sistema. Talvez o único ato de resistência foi ele ter permanecido em uma relação oculta com a Camilla durante todos os anos de casamento com a Diana e, com o divórcio, insistiu no casamento com a Camilla. Se fizermos uma linha do tempo, veremos que foi tudo muito demorado, muito aos poucos, mas ele teve essa vitória de conseguir se casar com quem ele queria”.

Charles era o primeiro na linha de sucessão ao trono. Depois dele, está o seu filho mais velho, o príncipe William; na sequência, vem primogênito de William, o príncipe George. “Se Charles viver como a mãe (96 anos), terá cerca de 25 anos de reinado pela frente”, completou a historiadora.

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