Candidato que perdeu eleição em Sorriso entra com ação para cassar prefeito eleito 5l4ae

Leandro Carlos Damiani que perdeu as eleições 2024 para chefiar a Prefeitura de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, protocolou uma AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) com pedido de urgência contra o prefeito eleito, Alei Fernandes, para investigar abuso de poder econômico e captação ilícita de sufrágio durante a campanha eleitoral.

Além dele, no pedido protocolado na 43ª Zona Eleitoral do município, também denuncia o vice-prefeito Acacio Ambrosini e Nei Franco, agricultor apontado como o principal alvo da Operação Rustius, deflagrada nessa quarta-feira (4) pela PF (Polícia Federal).

O documento aponta a captação ilícita, em destaque a apreensão de R$ 300 mil em espécie na posse de Nei, um dos principais financiadores da campanha e que a origem do dinheiro seria desconhecida.

“Conforme já indicado, as circunstâncias que envolveram a prisão em flagrante do Sr. NEI FRANCIO levantaram suspeitas de que o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) em espécie, distribuído em maços de notas de 20, 50, 100 e 200 reais, poderia ser utilizado para a captação ilícita de sufrágio nas eleições de Sorriso/MT, bem como que o valor mencionado poderia ser empregado como caixa dois”.

Os documentos denunciam a utilização de serviço de assessoria de marketing sem prestar contas e abuso de poder econômico e político. “Não resta claro, portanto, de que forma os pagamentos foram realizados, nem a origem dos valores utilizados para assessoria de marketing”.

No pedido, o advogado de Damiani pede cassação do registro o prefeito eleito e também do vice “decretação de inelegibilidade dos representados para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição de 2024, além da cassação de seu registro e/ou diploma”, aponta o documento.

Damiani tem como um dos seus representantes o advogado José Eduardo Cardozo que já foi ministro da Justiça do Brasil e advogado geral da União.

Dinheiro em espécie e doações ilegais 6i2v5r

De acordo o inquérito policial conduzido pela Polícia Federal, os candidatos teriam se beneficiado de um esquema que envolveu a captação de doações ilegais. Essas doações não foram declaradas na prestação de contas oficial da campanha.

“A Polícia Federal logrou reunir fortes elementos que levam a crer que ambos foram beneficiados por um esquema de caixa 2, que viabilizou a captação de doações não declaradas e não escrituradas ao longo da campanha eleitoral, em relação às quais não foi emitido recibo eleitoral”, aponta a denúncia.

O crime é enquadrado no artigo 350 do Código Eleitoral, que trata da falsidade ideológica eleitoral.

Celular revelou o papel do agricultor 1xq1e

As investigações começaram após a apreensão de R$ 300 mil em espécie, em outubro, com o agricultor Nei Francio, apontado como principal apoiador da campanha de Alei Fernandes.

A análise do celular de Francio revelou conversas com o prefeito eleito e outros envolvidos, nas quais discutiam estratégias para arrecadação de recursos ilegais. As investigações também apontam a participação de empresários locais, que usaram pessoas jurídicas e “laranjas” para realizar doações ilícitas.

“Os diálogos entre Nei Francio e Alei Fernandes revelam que Francio possuía um papel de destaque na coordenação financeira da campanha, desde a data da realização das convenções partidárias”, detalha a denúncia.

“Estamos tranquilos”, dizem os acusados.

Por meio de nota, Alei Fernandes e Acacio Ambrosini afirmaram que estão tranquilos em relação às denúncias e à disposição das autoridades.

“A respeito da Operação Rustius, estamos absolutamente tranquilos sobre a lisura das nossas ações. Estamos totalmente à disposição para todos os órgãos que regulam o processo eleitoral”.

Eles destacaram que acreditam que as investigações irão comprovar a legitimidade da vitória nas urnas, com 25.255 votos (51,33%), alcançada nas eleições municipais de 2024.

Enquanto Leandro Damiani (MDB) teve 22.556 votos, o que representa 45,84% que ficou em segundo lugar.

Mandados e medidas cautelares 4n3y1i

Durante a Operação Rustius, a Polícia Federal cumpriu nove mandados de busca e apreensão em Sorriso e Cuiabá. Medidas cautelares também foram aplicadas contra o agricultor Nei Francio, incluindo a entrega do aporte, proibição de sair da cidade e impedimento de contato com outros investigados.

A investigação segue em andamento, e as denúncias formalizadas pelo MPE devem ampliar o escopo do caso, colocando em foco o uso de recursos irregulares durante a campanha eleitoral.