“O que se ouve hoje, não é uma boa música né?”, diz Renato Teixeira 325q36
Toca Raul entrevista: Renato Teixeira, que não está nada satisfeito com uma parte da música de hoje. 6h2p53
Renato Teixeira é um dos mestres da cultura popular brasileira. Traduz como ninguém o sentimento do interior do Brasil em forma de verso e música.
Parceiro-mor de Almir Sater, Paulo Simões e Geraldo Roca, sumos sacerdotes da música dos “Mato Grossos”, Renato é uma lenda viva com um legado imortal.
Sucessos como “Romaria”, “Frete”, “Um Violeiro Toca”, “Tocando Em Frente”, jamais se esmaecerão do imaginário popular.
Toca Raul entrevista: Renato Teixeira 14p1t
Em alguns momentos da entrevista, nossas perguntas não foram mencionadas porque não são necessárias para o entendimento do ponto de vista de Renato.
Não existe música caipira 2j22u
Renato Teixeira: Bom, a minha ideia é que talvez hoje não exista mais música caipira.
Mais do que nunca, existe música popular brasileira. Minha ideia sempre foi corrigir esse defeito de achar que a música caipira é uma coisa à parte. Ela não é à parte. Ela faz parte da música popular brasileira.
Hoje, por causa das comunicações, os gêneros estão mais fortes, dentro de um balaio só, entendeu? Então, a música nordestina, a música gaúcha, música mineira, música carioca, música, música Paulista. É tudo uma coisa só, formando esse grande panorama que é a música popular brasileira.
A MPB nunca foi um gênero. Primeiro foi uma atitude, entendeu? De juntar tudo e todo mundo e trabalhar em nome da musicalidade do povo brasileiro e da nossa história musical.
Mediocridade musical = Música funcional x1u5e
Renato Teixeira: Nossa história musical é riquíssima, embora a gente esteja ando por um momento de mediocridade, entendeu? Mas isso não é culpa dos músicos. Isso é culpa da própria sociedade, que não se educa, que não investe em informações, que não investe em cultura.
Essa música é funcional, entendeu? É em função de alguma coisa. Trabalham um produto ou uma ideia ou uma religião, sempre tem alguma coisa. Mas a música pela arte, essa que a gente pratica, é a que o Brasil pratica desde o começo do século ado. Essa está sempre viva e sempre atuante.
Raul: Sua música nunca se rendeu ao mercado e, mesmo assim, tem ótimos resultados. Grammy latino, participações em novela, bom número de execuções nas plataformas, shows cheios. … a que você credita esse resultado?
Renato Teixeira: Se render não é bem o caso. Não se render….Quem se rende? São os artistas que fazem a música funcional. Esse se rende. A gente não se rende. A MPB é uma instituição cultural brasileira, então isso não é uma coisa que você manipula livremente, não é? É uma consequência de uma história que vem de longe, de uma importância infinita, né?
Grandes autores, grandes cantores, uma Riqueza cultural magnífica.
O que se ouve hoje não é uma boa música, né? Isso não quer dizer que a boa música não existe, né? Ela existe como sempre. Temos hoje grandes autores, grandes cantores, por exemplo, Marisa Monte.
Filhotes de Carmen Miranda 391n2g
Renato Teixeira: música brasileira é muito, muito rica. Tanto que nós já mudamos rumos da música mundial duas vezes. Primeiro com Carmen Miranda, quando ela inventa a performance.
Depois surgem os filhotes de Carmen Miranda, Madonna, Michael Jackson, Mick Jagger e todos os performáticos, né? Inclusive hoje, Anitta e Luíza Sonza.
Tudo é vindo da Carmen Miranda e da bossa nova, criada e executada por Tom Jobim, João Gilberto e que mudou a Harmonia no mundo todo. A Harmonia musical, hoje, até o heavy metal usa acordes da Bossa Nova. Coisa muito rica, muito, muito fantástica, né?
Público já não aguenta mais música funcional 2r6i1l
Renato Teixeira: Agora tem esses penduricalhos, entendeu? Que que fazem parte, né? Antigamente a gente chamava de música, música comercial, música descartável. Música de vários nomes, né? Hoje eu prefiro dar o nome de música funcional, música que serve a um produto.
Essa se evidenciou demais. Ela podia tirar um pouco o pé. Percebo que já surge uma insatisfação do grande público de que já não aguenta mais? Satura, tudo satura, né? Chega uma hora que ninguém aguenta mais.
Eu estou fazendo música boa, bom, eu acho. Me esforço para isso. O Almir Sater faz música boa. Tem um monte de gente fazendo música boa, entendeu">Quero deixar minha opinião!