Frustração, poesia e genialidade: a canção que mudou a MPB para sempre 653r52

Inspirada na natureza e na frustração, a obra-prima de Tom Jobim se tornou um dos maiores clássicos da música brasileira 4l552m

Poucas músicas na história da MPB carregam uma história tão curiosa quanto “Águas de Março”, composição icônica de Tom Jobim. Lançada em 1972, a canção foi escrita de forma espontânea, misturando poesia, natureza e um desabafo pessoal do próprio compositor. O resultado foi um dos maiores clássicos da música brasileira, regravado por diversos artistas e reconhecido internacionalmente.

Certa vez, Tom mencionou em entrevista que compôs a música em um momento de muita tristeza. O artista estava sem esperança, bebia muito, reclamava que ninguém ouvia suas músicas e se dizia deprimido. Na ocasião, ele sofria com problemas de saúde e refletia sobre a finalização de seus projetos, o que entrava em conflito com seu desinteresse por tudo.

O desabafo que virou música 2f1n2d

Tom Jobim compôs “Águas de Março” em um momento de frustração. Cansado das burocracias do meio musical e das dificuldades da vida urbana, ele se refugiou em sua casa de campo em Poço Fundo, no interior do Rio de Janeiro. Era março, época das chuvas intensas, e Tom tentava concluir a obra de um sítio que havia comprado na região.

A cada dia, ele via a enxurrada carregando tudo: terra, madeira, plantas e ferramentas. Irritado com os contratempos, começou a cantar frases soltas sobre o que via, como “É pau, é Pedra, é o Fim do Caminho”. Sem perceber, estava criando os primeiros versos da canção.

Uma estrutura inovadora ln3a

O que torna “Águas de Março” única é sua estrutura musical. Ao invés de um refrão tradicional, Tom Jobim construiu a letra em formato de fluxo contínuo, como se fosse uma enxurrada de palavras. A melodia segue esse movimento, repetindo os versos de forma cíclica, o que cria a sensação de um fluxo incessante, assim como a água das chuvas de março.

Além disso, a letra tem uma beleza poética rara, com imagens simples e cotidianas que, ao mesmo tempo, refletem a transitoriedade da vida. O próprio Jobim afirmava que a música era uma metáfora para os ciclos da existência: o começo e o fim, a esperança e o desencanto, a queda e a renovação.

A versão com Elis Regina 2xy6j

Em 1974, Tom Jobim gravou “Águas de Março” em um dueto memorável com Elis Regina. A química entre os dois artistas resultou em uma interpretação vibrante, com diálogos improvisados e risadas espontâneas que deram um charme especial à canção. A gravação se tornou um dos momentos mais icônicos da música brasileira e ajudou a consolidar a faixa como um dos maiores clássicos da MPB.

Reconhecimento internacional 1j101w

O sucesso de “Águas de Março” ultraou fronteiras. Em 2001, a canção foi eleita a melhor música brasileira de todos os tempos em uma pesquisa realizada pelo jornal Folha de S.Paulo com críticos e especialistas. Além disso, a versão em inglês, escrita pelo próprio Tom Jobim e lançada como “Waters of March”, também ganhou grande projeção internacional.

Hoje, mais de 50 anos depois de sua criação, “Águas de Março” continua sendo referência na MPB, mostrando que uma canção nascida de um momento de frustração pode se transformar em um hino atemporal. Seja nas vozes de novos intérpretes ou no clássico dueto de Tom e Elis, a música segue encantando gerações com sua poesia e seu ritmo inconfundível.

Comentários (2) 5a601i

  • Brigida Aparecida da Silva Godoy

    Pura poesia,e que relato interessante,fazer música do cotidiano é bem o estilo da Elis e Tom Jobim, clássicos inesquecíveis

  • Adalvo

    Acima de tudo, um hino a natureza.

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