Dia do Rock: dê play nas bandas autorais de Cuiabá 45285m
O PP conversou com as bandas Cão do Mato, The Xomanos e Strauss sobre o cenário do rock autoral em Cuiabá. 285f4v
É dia de rock, bebê! E para entrar no clima da data que celebra este gênero musical no Brasil, 13 de julho, o Primeira Página conversou com algumas bandas que marcam presença no cenário do rock autoral de Cuiabá. Então, pode colocar aquele solo de guitarra no volume máximo e vem conferir com gente!

Muito além de um estilo musical com ritmo contagiante, o rock é marcado pela atitude e irreverência presentes não só nas performances, como nas canções. Para o vocalista e guitarrista da banda Cão do Mato, Luiz Vieira, a pluralidade de vertentes presente no gênero é que o diferencia dos demais.
“É um universo diversificado. O rock tem a característica de ar muito forte alguma ideia sempre sobre alguma coisa que está em movimento, às vezes uma crítica, às vezes tem coisas mais pop de sentimentos também. Ele tem essas vertentes muito vastas de formatos, de identidade etc. Para nós, o legal é isso. Dentro do rock a gente encontra, às vezes, bandas que não têm nada a ver com a gente, têm um estilo totalmente diferente, mas que ainda está ali, que ainda socializa dentro de um mesmo ambiente”, afirma.
Cão do Mato 5r6a32
O grupo teve início em 2019 e é composto por Luiz; o irmão dele, Willian Vieira, que é baterista, e pelo baixista Fabiano Almeida.
Porém, pouco depois de começarem veio a pandemia e com isso, a banda ou a se movimentar de forma virtual até encontrar uma brecha para fazer os shows.

“Surgiu de uma proposta minha com meu irmão. A gente já tinha tocado em outras bandas nos mesmos eventos, mas não tinha uma junto. O Dia Mundial do Rock faz parte da nossa tradição. A gente tem um estúdio em casa, então é como se fosse uma interação de família isso para nós hoje. A banda está no começo ainda, comparando com outras que estão há muito mais tempo, mas a gente tem muito esse foco de produzir algo próprio e mesclar com referências regionais, mais focado para o rock nacional e releituras de clássicos mais antigos”, conta.
Ao todo, o “Cão do Mato” já tem sete músicas autorais. Atualmente, eles estão finalizando a gravação do primeiro EP, composto por cinco músicas e já começando a gravação de um álbum que terá oito músicas.
“Ter um trabalho próprio para a gente é o que dá sentido para ter banda. Para ter uma identidade própria. Senão, a gente vira só mais uma que toca a música dos outros. A gente traz também essas características no figurino. Nós buscamos que alguém ao ouvir ou ver a gente, mesmo que não conheça, saiba que é aquela banda que já tem aquele formato que está nas redes sociais”, explica.
Afinal, o que seria do rock sem o fã? Ele sugere, elogia, critica, compra as camisetas, escuta os discos e canta junto – seja no ao vivo, ou pelas redes sociais -, ele vive aquela essa paixão como se fizesse parte da banda. E de certa forma, realmente faz.
The Xomanos 245z5x
Segundo Tiago Monteiro de Assunção, também conhecido como “Tiago Massu”, vocalista da banda The Xomanos, essa conexão entre fãs e artistas é o que os estimulam a continuar tocando.]
“Sem o público a gente não existe, principalmente para tentar mudar e crescer em relação à música autoral. Essa interação de influenciar e ser influenciado, por exemplo: a gente fez um evento, onde o filho da aniversariante, de 8 anos, deu uma ‘canja’ tocando bateria com a gente. E foi muito bacana ver a nova geração, começando cada vez mais cedo e curtindo junto com a gente”, diz.
Para ele, o gênero musical resiste e “se renova no tempo”. “Desde os anos 50, em cada quarto, em cada bar e alguma garagem por aí, porque o público de hoje, é o artista de amanhã”, ressalta.
A banda conta com quatro integrantes: Tiago Massu; Renato Tadeu Vaz Curvo, também conhecido como Renato “Slash Cuiabano” na guitarra; Moises Santos (Black Moses) no baixo, e Wand Nunes (Wand) na bateria).
Eles começaram em 2016, após Tiago e Renato se conhecerem no trabalho. O amor pela música e a influência dos familiares (músicos e amantes da música) e dos artistas que eles mesmo escutam, inclusive grandes talentos regionais, foram o que motivou a criação do grupo The Xomanos.

Com o ar do tempo, eles foram se consolidando musicalmente para poder imprimir a própria em releituras de pop, rock, blues e até rasqueado e lambadão. Para o guitarrista da banda, Renato, além de uma forma de relaxar e se divertir, o rock é resistência.
“Produzir as nossas próprias canções que fazem parte do cotidiano, nesse lugar que a gente tanto ama: como sair pra se divertir com os amigos, o romance o futebol, falar do nosso sotaque, da nossa culinária”, diz.
Ele também fala o que pensa sobre o gênero musical. “O rock é paixão, é estilo de pensamento, é liberdade, é diversão, é cultura, é atitude, é arte. No Brasil, pode-se dizer ainda que é política e é resistência. É unir gerações. É tocar com seus amigos, com seus “xomanos””, reforça.
Essência e atitude são palavras que definem bem o que é necessário para se destacar no cenário do rock autoral. Porém, em Mato Grosso, onde o sertanejo impera no gosto musical popular, o espaço para outros gêneros, além de ser limitado, não garante uma renda satisfatória.
Para quem está no ramo há mais de 30 anos, como é o caso do guitarrista e compositor Ricardo Sardinha Clemente, da banda Strauss, falta abertura para que as bandas possam expor suas próprias composições.
“O cenário do rock autoral aqui tem duas faces: a dos artistas, das bandas, e dos autores, tudo muito bom, rico, expressivo. As bandas são muito talentosas, as músicas são muito boas e eu estou falando em comparação com qualquer outro artista nacional, porque aqui o pessoal tem um trabalho autoral muito intenso e rico. No entanto, toda essa riqueza, não se manifesta nos espaços pras bandas se apresentarem. Em maioria, eles são para bandas que só tocam cover”, explica.
Clemente diz ainda que, para a própria banda, a situação da própria banda é um pouco mais confortável, mas que outros grupos ainda enfrentam alguns obstáculos.
“A Strauss não, porque ela já tem um público e 3 discos lançados, então a gente tem essa facilidade, mas eu consigo enxergar essa extrema dificuldade para essas bandas se firmarem no cenário atual. Isso não impede que elas trabalhem na internet, mas o espaço para elas era se apresentarem é muito precário aqui ainda”, destaca.

Strauss 5313s
A banda Strauss é formada pelos músicos: Thiago Rocha no vocal, Marcus Tubarão na bateria, Ricardo Sardinha na guitarra e Marcos Sereia no baixo. Amigos de colégio, eles são conhecidos como os pioneiros, em nível nacional, a misturar o rock com o rasqueado.
“Desde o primeiro disco de 1996, que foi gravado em São Paulo. Foi a primeira gravação de rasqueado com o rock de todas e hoje tem várias bandas fazendo”, ressalta.
Ricardo conta que o grupo surgiu em meados de 1992. Na época cada um tocava em uma banda diferente, e durante um encontro eles tiveram a ideia de se juntar.
“A gente se encontrou um dia à noite pra fazer um som e aí nesse ensaio tinha um pessoal que era da área de cultura aqui da cidade, das artes plásticas e do audiovisual, e uma semana depois eles tinham uma festa. Como não tinham nada de atração, chamaram a banda para tocar. Fizemos o show e lá mesmo tinham pessoas de outros bares que estavam frequentando a festa, que contrataram a banda para tocar e daí não parou mais”, relata.
Desde então, o grupo já fez turnê pelo Brasil, lançou clipes, um EP e três álbuns, colecionando assim milhares de fãs assíduos. Atualmente eles estão preparando um quarto trabalho de estúdio inédito para soltar em breve.
“A maioria das pessoas quando vai ao show da Strauss, prefere as músicas autorais do que os covers que a gente faz. É que quando estamos fazendo shows autorais, as pessoas estão ouvindo músicas que são bem específicas da região, são características daqui. A gente canta coisas locais e a pessoa se vê na música. Isso é muito legal”, destaca.
Quando questionado sobre por que o rock, Ricardo disse que não se trata de uma escolha. Apesar de poder tocar outros estilos musicais, o guitarrista e compositor explica que é no rock and roll que eles conseguem expor ao público a própria verdade.
“É a forma que a gente consegue se expressar da melhor maneira possível. É claro que, tecnicamente, você consegue tocar todos os estilos, mas na hora de compor, você não consegue estar falando a verdade dentro disso. Para você trabalhar com o rock ou qualquer estilo, tem que ser a sua verdade ali. Se a pessoa está indo para ganhar dinheiro para fazer sucesso e fama, não é por aí. Você tem que fazer porque gosta”, afirma.
A expectativa de quem trabalha no ramo é ver o cenário no estado crescer cada vez mais.
“A gente espera que tenha cada vez mais diversidade. É importante as pessoas se abrirem a conhecer novos estilos, não só o rock. Tem outros também que precisam de mais aceitação e entender que tudo isso faz parte de uma cultura, ainda que talvez, em algum momento se proponha dentro de um ambiente de contracultura, de underground etc. Mas vale a pena conhecer o trabalho de pessoas que estão se empenhando para isso. Pouca gente sobrevive do rock aqui em Mato Grosso, por isso que é ainda maior o nosso empenho, porque é uma coisa que o retorno é muito difícil, então a gente faz por coração mesmo” conclui Luiz Vieira, guitarrista e vocalista da banda Cão do Mato.
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A data se chama Dia Mundial do Rock mas é comemorado anualmente apenas aqui no nosso país. A data foi escolhida em homenagem ao Live Aid, megaevento que aconteceu em 13 de julho de 1985.
A celebração é uma referência a um desejo expressado por Phil Collins, participante do evento, que gostaria que aquele fosse considerado o “Dia Mundial do Rock”. O evento também ficou conhecido por contar com grandes artistas do gênero, como Queen, Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood, Elton John, Paul McCartney, David Bowie, U2, Kiss, entre outros.