Josi aprendeu crochê na infância e agora faz vestidos de noiva 29b2q

Quem ficou apaixonado pelo vestido de Juma (Alanis Guillen) na novela Pantanal? A peça feita à mão com técnicas milenares – tricô e crochê – usa materiais rústicos, como o couro, para mostrar toda a beleza natural da jovem. Quem assinou a peça foi a designer e estilista Jacqueline Chiabay, do Espírito Santo.

Mas, aqui em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, também há profissionais se aventurando nesse setor da moda, que valoriza o artesanal. A estudante de moda, Josineide Silva, 34 anos, é uma delas.

Ela aprendeu a fazer crochê quando era criança, um dom ado de mãe para filha, que floresceu em uma época de necessidade financeira.

“Eu comecei com oito anos de idade e na verdade, eu odiava. Eu amava mais o ponto cruz, porque aprendi sozinha. O crochê quem me ensinou foi minha mãe, que tem um crochê perfeito, e o meu não ficava igual o dela. Ela brigava comigo e eu ficava brava com ela”, ri Josineide.

Natural do Piauí, Josineide mora em Campo Grande desde o primeiro ano de vida, em 1989. Ela chegou a trabalhar em outras áreas, mas foi com o nascimento do terceiro filho que tomou a decisão de empreender. “Minha família é católica e depois que casei me tornei evangélica. Eu trabalhava o dia todo e eles ficavam a semana inteira com meus pais. Percebi que os ensinamentos católicos e evangélicos estavam se misturando e a cabeça deles ficando confusa. Preferi sair do emprego, empreender e ar 100% o ensinamento evangélico que eu vivia para eles”, relembra.

Foi quando ela começou a recorrer ao crochê, que a mãe havia ensinado. Primeiro em panos de prato, comercializado pelo bairro, ao lado do filho mais velho. “Isso em 2014, 2015. Quando foi em 2017, nessas promessas de virada do ano, eu decidi formalizar a minha empresa, formalizar meu ateliê e abrir uma loja”, conta

De pano de prato a vestido de noiva 2u6u6

Dos panos de pratos, Josi começou a criar outros produtos, até chegar no vestuário em 2019. Inspirada por outras profissionais do Brasil, ela viu modelos e precisou adaptar o ponto, que era muito apertado na época.

“Meu ponto de crochê é muito apertado e eu precisei estudar muito para conseguir fazer os vestidos ao ponto de render a linha. Foi quando notei que tinha que usar uma agulha mais grossa, uma linha mais fina e um ponto mais alto do que eu usava”, pontua.

No final de 2019, Josi fez o primeiro vestido com sobra de linha. “Durante a pandemia, eu fiz os primeiros vestidos para clientes e em 2021 decidi que iria lançar minha coleção de vestido de noiva. Em janeiro eu comecei a ar mal e em março descobri que estava grávida de novo”, relembra.

A quarta gravidez caiu como uma bomba para Josi, que pensou em desistir. “Eu fiquei desesperada, quase fechei o ateliê. Pensei que não daria conta, meu esposo é carreteiro e a muito tempo na estrada. E com um filho de cada fase em casa, eu não sabia o que fazer. Cheguei a sair de tudo quanto é grupo de empreendedorismo, mas com a ajuda do meu esposo, eu trabalhei só para continuar com o auxílio maternidade, pagar o imposto”, frisa.

Sonho realizado 6t37

Depois que a poeira abaixo e a neném cresceu, Josi percebeu que não era a hora de desistir do sonho. “Eu vi que dei conta de pelo menos pagar o imposto e com o apoio da minha família, decidi renovar o sonho de 2021, que seria o ano da colheita”, acredita.

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A primeira noiva vestida por Josi foi uma madrinha dela que mora no Piauí. O vestido foi todo feito à distância. “Foi um presente e um investimento para o ateliê. Minha mãe comprou as linhas. O casamento foi em maio, lá no Piauí e consegui fazer tudo à distância”, conta.

Todos os vestidos dela são feitos com linha 100% algodão. Com a repercussão da novela, Josi acredita que mais noivas podem optar pelos vestidos artesanais, principalmente para casamentos intimistas. “São ótimas opções para uniões ao ar livre, que estão em alta em Mato Grosso do Sul”, frisa.