Mesmo com a marca impressionante de sete árvores derrubadas por segundo na Amazônia, o Brasil registrou, em 2024, a menor área desmatada dos últimos seis anos. Os dados fazem parte do Relatório Anual do Desmatamento (RAD), lançado nesta quinta-feira (15) pela iniciativa MapBiomas Alerta, que monitora o uso da terra em todo o território nacional.

Pela primeira vez desde 2019, ano em que o MapBiomas ou a validar e publicar os alertas de desmatamento, houve queda na perda de vegetação nativa em todos os biomas do país, com exceção da Mata Atlântica, que se manteve estável após forte recuo em 2023.

A área total desmatada no Brasil em 2024 foi de 1.242.079 hectares, uma redução de 32,4% em relação a 2023. O número de alertas também caiu: foram 60.983, segundo o levantamento.

🌳 Desmatamento total no Brasil em 2024 3p6eo

Amazônia: ritmo ainda intenso, mas queda histórica 3z6912

A Amazônia concentrou 30,4% da área desmatada no Brasil no ano ado, totalizando 377.708 hectares. Embora ainda seja o segundo bioma mais afetado, foi o menor volume de desmate da série histórica iniciada em 2019.

Em média, a floresta perdeu 1.035 hectares por dia, o que equivale a cerca de sete árvores por segundo. Ainda assim, o relatório aponta uma tendência positiva de desaceleração, com destaque para a região conhecida como Amacro (Acre, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia), que registrou redução de 13%.

Cerrado ainda lidera 2s4m25

O Cerrado segue como o bioma mais pressionado, com 652.197 hectares desmatados em 2024 — o equivalente a 52,5% de toda a área desmatada no país. A redução, no entanto, foi significativa: 40% menor que no ano anterior.

A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% da devastação do Cerrado, e os quatro estados estão entre os cinco que mais desmataram no Brasil. O Maranhão lidera o ranking nacional, mesmo após recuo de 34,3%.

Caatinga registra maior desmate individual 4h6p1s

O bioma da Caatinga aparece em terceiro lugar, com 174.511 hectares desmatados. Mas foi lá que se registrou o maior evento de desmate dos últimos seis anos: 13.628 hectares foram derrubados em uma única propriedade rural no Piauí, ao longo de três meses.

Pantanal tem maior queda proporcional 5p344c

O Pantanal registrou a maior queda proporcional entre os biomas, com redução de 58,6% no desmate. Em seguida aparecem o Pampa (queda de 42,1%) e o próprio Cerrado (40%). Na Amazônia, a redução foi de 16,8%, e na Caatinga, 13,4%. A Mata Atlântica se manteve estável, mas teria tido queda de pelo menos 20% se não fosse o impacto de eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul.

Terras indígenas e UCs 353038

O desmatamento em Terras Indígenas caiu 24%, com perda de 15.938 hectares, o que representa apenas 1,3% do total nacional. Já as Unidades de Conservação registraram queda de 42,5%, com destaque para a APA Triunfo do Xingu (PA), a mais desmatada do país, apesar da redução de 31,7% em relação a 2023.

Desmatamento por pressão da agropecuária 2r4j2n

O relatório reforça que mais de 97% do desmatamento no Brasil entre 2019 e 2024 tem relação direta com a agropecuária. O garimpo se concentra quase exclusivamente na Amazônia, enquanto a Caatinga lidera os impactos da expansão de energia renovável. O Cerrado, por sua vez, concentra 45% da área desmatada por expansão urbana.

Desde 2019, o Brasil perdeu 9,88 milhões de hectares de vegetação nativa, o equivalente ao território da Coreia do Sul. Dois terços dessa área estão na Amazônia Legal.

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