Pantanal: estudo encontra 10 tipos de agrotóxicos em águas mato-grossenses 92k2p

A pesquisa analisou amostras de águas de 4 comunidades rurais das regiões de Poconé, Cáceres e Mirassol D’Oeste. 3o102l

Um estudo publicado na última semana mostra que dez tipos de agrotóxicos foram encontrados em águas de comunidades rurais do Pantanal, sendo que cinco deles estão banidos de países da Europa por oferecerem risco à saúde humana e ao meio ambiente.

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O estudo teve seu foco nas cidades de Poconé, Cáceres e Mirassol D’Oeste. (Foto: Rodolfo Perdigão/Secom-MT).

A pesquisa foi feita pela Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) em parceria com o Neast (Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador) do ISC (Instituto de Saúde Coletiva) da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

O estudo começou em 2021, pelas pesquisadoras Franciléia Paula de Castro, Lucinéia Miranda Freitas, Marcia Leopoldina Montanari Corrêa e Naiara Andreoli Bittencourt, e teve seu foco nas cidades de Poconé, Cáceres e Mirassol D’Oeste.

As pesquisadoras também fazem um alerta sobre os impactos que o agronegócio, a mineração e o uso de hidrelétricas vêm causando em todo o bioma da região e, como resultado, na saúde de quem mora lá.

Água contaminada 1uz2

Na pesquisa desenvolvida pela Fase, foram examinadas amostras de águas da chuva, rios, córregos, cachoeiras, poços artesianos, caixas d’água de escolas rurais e tanques de piscicultura em quatro comunidades da região.

Essas amostras foram analisadas no Larp (Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que é referência nacional para estudos de resíduos de agrotóxicos.

Dez tipos de agrotóxicos diferentes foram encontrados nas amostras:

  • Herbicidas: Atrazina, Picloram, 2,4-D, Clomazone, Tiobencarbe e Clorimurom etílico;
  • Inseticidas: Imidacloprido e Fipronil;
  • Fungicidas: Tebuconazol e Carbendazim.

De modo geral, a pesquisa mostrou que 20% das sustâncias encontradas nas águas eram fungicidas, 20% inseticidas e 60% herbicidas.

Dentre os princípios ativos detectados, cinco estão banidos em países da União Europeia, Suíça, Austrália e Canadá por representarem riscos à saúde humana e ao meio ambiente, são eles: Atrazina, 2,4-D, Fipronil, Carbendazim e Imidacloprido.

Além disso, oito desses agrotóxicos não estão listados na Resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que possui orientações sobre a preservação de águas subterrâneas, e quatro deles não estão listados na Portaria do Ministério da Saúde, de padrão de potabilidade para agrotóxicos e metabólicos que representam risco à saúde.

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Ao todo, mais de 780 famílias estão sendo expostas às águas contaminadas do Pantanal. (Foto Ilustrativa/José Medeiros).

As comunidades 3z6j6f

As águas coletas nas comunidades quilombolas de Jejum e Chumbo, em Poconé, a 104 km de Cuiabá, apresentaram oito tipos de agrotóxicos, nas águas de chuva foram três tipos e nos tanques de piscicultura foram sete. Cerca de 450 famílias vivem nessas comunidades.

Já em águas do Rio Bugres, em Mirassol D’Oeste, a 329 km de Cuiabá, onde vivem cerca de 331 famílias, sete substâncias químicas foram encontradas nas amostras. Além disso, amostras de uma escola da região, que atende 400 alunos, dois tipos de agrotóxicos apareceram.

Em Cáceres, a 250 km da Capital, amostras de águas de um córrego e de uma cachoeira que é usada como fonte de água mineral potável pelos moradores foram descobertos dois tipos de componentes químicos.

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Desenvolvimento e destruição 6t6bk

As pesquisadoras explicam que só o fato de agrotóxicos terem sido encontrados já indica risco à saúde da população exposta às águas e danos ao meio ambiente, independentemente da quantidade desses componentes químicos.

Além de tudo, a contaminação das águas ainda afeta a economia e a cultura alimentar dos povos dessas regiões.

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A pesquisa também traz um alerta para a necessidade de preservação da planície alagável mato-grossense. (Foto Ilustrativa/José Medeiros).

Por fim, as pesquisadoras alertam para a necessidade da criação de zonas livres de agrotóxicos no Pantanal, preservando o bioma, as nascentes, impedindo a degradação do solo e respeitando o modo de vida dos povos tradicionais da região.

Desde 1988, o Pantanal foi declarado patrimônio nacional na Constituição Federal, isso porque ele possui sítios que são responsáveis por preservar as zonas úmidas de Conservação Internacional, além de ter uma grande biodiversidade e paisagem deslumbrante.

A região também é conhecida pelo agronegócio, símbolo do desenvolvimento econômico e social em Mato Grosso.

De acordo com um relatório do Indea, Mato Grosso é o um dos maiores consumidores de agrotóxicos do país, sendo que em 2020 foram comercializados 142.738,855 milhões de kg em produtos formulados – contendo substâncias químicas.

A pesquisa completa pode ser ada neste link.

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