MT tem 9 terras indígenas entre as mais desmatadas no Brasil 6d6n
Mato Grosso tem nove TIs (Terras Indígenas) entre as 25 mais desmatadas no país em 2021, de acordo com o Relatório Anual do Desmatamento do MapBiomas. Ao todo, 5.209,45 hectares foram desmatados nesses territórios.

A área mais afetada no estado é a Piripkura, que não é demarcada, mas tem restrição de uso aos indígenas por meio de portaria da Funai (Fundação Nacional do Índio) renovada a cada seis meses. Segundo o relatório, 1.251,32 hectares do território, que ao todo tem 242.500 hectares, foram desmatados no último ano.
A portaria que protege a TI Piripkura, que fica em Colniza e Rondolândia, no norte de Mato Grosso, restringe a entrada e permanência de pessoas estranhas no território e foi publicada pela primeira vez em setembro de 2018. E tem sido prorrogada nos últimos anos.
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A última foi em 17 de março, publicada no Diário Oficial da União em 4 de abril, com validade até 16 de setembro deste ano.
“Mesmo com essa portaria, com a Constituição e com a legislação protegendo ela, a gente vê grandes quadrados de desmatamento dentro da terra indígena, que é de difícil o, longe, mas mesmo assim, com uma atividade ilegal acontecendo”, disse a diretora executiva do ICV (Instituto Centro de Vida), Alice Thuault.
Sangradouro
O relatório também mostrou que a terra indígena Sangradouro foi a segunda no estado em número de desmatamento. Ao todo foi registrada a retirada total ou parcial das árvores, florestas e demais vegetações, de 1.104,11 hectares em 2021.
Confira tabela com as áreas indígenas mais desmatadas em 2011 em Mato Grosso:

Para o presidente da Fepoimt (Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso), Crisanto Rudzö Tseremey’wá, os números refletem o abandono dos territórios, que, na opinião dele, não têm a proteção devida da Funai.
“Quem deveria fazer a vigilância e a fiscalização é a Fundação Nacional do Índio. Hoje a Funai, que a gente chama de Fundação Funerária dos Povos Indígenas, só está melhorando o licenciamento ambiental dos territórios”, disse Tseremey’wá.
A Funai, de acordo com a Lei nº 5.371, tem a missão de promover os direitos dos povos indígenas no Brasil e realizar estudos de identificação e delimitação, demarcação, regularização fundiária e registro das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos tradicionais. Além de monitorar e fiscalizar as terras indígenas.
Alice Thuault, do ICV, também enfatizou que os números são bastante significativos, porque dão visibilidade para as violências e invasões que os territórios indígenas em Mato Grosso estão vivendo. Além disso, reforça a necessidade da fiscalização e punição aos envolvidos.
“Todo mundo tem o a essas imagens, são dados públicos, mesmo assim, a gente, enquanto sociedade brasileira, não consegue coibir o que está acontecendo lá. O que precisa é uma ação do poder público para coibir e responsabilizar as pessoas que estão implementando atividade agropecuária, ou garimpo, que não tem nenhuma legalidade e, mesmo assim, estão sendo implementadas por não indígenas”, disse Alice.
Territórios indígenas no Brasil 1q2x5z
Os maiores desmatamentos no país ocorreram em Apyterewa, de 8.247 hectares, seguida de Trincheira Bacajá, com 2.620 hectares, e Cachoeira Seca, que somou ao todo 2.034 hectares, todas no estado do Pará.
As terras indígenas Kayapó e Apyterewa foram as com maior número de alertas em 2021, com 531 e 514, respectivamente.
Apesar dos números, os desmatamentos em terras indígenas representaram 4,7% do total de alertas e 1,9% da área total desmatada no Brasil em 2021.

A maior parte dos alertas e da área desmatada em terras indígenas se encontra no bioma Amazônia. Já nos biomas Pampa e Pantanal não aconteceram alertas com sobreposição em terras indígenas.
Dados nacionais 1p711n
O relatório mostrou que, do total de 573 terras indígenas no Brasil, considerando suas várias fases de reconhecimento e demarcação, inclusive com portaria de interdição, 232, ou seja 40,5%, tiveram pelo menos um evento de desmatamento em 2021.
Já o número de terras indígenas que tiveram algum desmatamento entre 2019 e 2021 chegou a 326, o que representou 57%.
Contudo, considerando apenas desmatamentos de mais de 10 hectares, houve alertas em 130, o que representa 23% das terras indígenas.
O relatório também mostrou que desmatamentos de mais de 100 hectares ocorreram em 36, ou seja 6% das terras indígenas, sendo que 11, em porcentagem 2%, tiveram mais de 500 hectares desmatados. Essas terras estão nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão, Mato Grosso, Paraná, Acre e Roraima.
Relatório do MapBiomas 5617q
O relatório analisa os alertas de desmatamento detectados no Brasil no ano de 2021 e que foram validados e refinados sobre imagens de satélite de alta resolução pelo MapBiomas Alerta.
O objetivo do trabalho é contribuir para o fim do desmatamento no Brasil a partir de um sistema de validação, refinamento e geração de laudos de alertas de desmatamento em todo o país.
Outro lado 4417p
O Primeira Página procurou a Funai e questionou quais medidas estão sendo tomadas diante do número de desmatamento em áreas indígenas. Contudo, até a publicação da matéria, não obtivemos retorno.
Também foi questionado ao Ministério do Meio Ambiente se alguma medida será tomada para combater o desmatamento nos territórios indígenas. A assessoria respondeu que o ministro Joaquim Leite está sem agenda para entrevistas.
Comentários (1) 1j10k
Os dados do MapBioma, foi Muito contundente e surpreendente com o tamanho da destruição de forma agressiva de interessados em fixar seus olhos arregalados hã muito tempo atrás.