Laboratório ao ar livre estuda impactos das queimadas há quase 20 anos em MT 173v2x
O laboratório funciona na fazenda Tanguro, em Querência, e já analisou os impactos ambientais de queimadas em áreas de preservação por quase duas décadas 4n3a6a
Já imaginou um laboratório ao ar livre? Uma área entre o Cerrado e Floresta Amazônica permite que pesquisadores do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) analisem o meio ambiente, ação humana e dinâmicas do ecossistema durante e após queimadas. O local é na Fazenda Tanguro, em Querência, a 912 km de Cuiabá.

Laboratório ao ar livre 4f1n5j
A fazenda que, agora, serve de local de estudo para o projeto do Ipam, antes era propriedade de uma empresa de agricultura tradicional, que criou gado para a pecuária por muito tempo.
Com parte da extensão preservada, são quase 100 mil hectares distribuídos por 60 quilômetros.
Lá, é possível observar experimentos que testam a natureza, a convivência de áreas intocadas com outras afetadas pela ação humana e os limites entre resiliência e resistência do meio ambiente nos dois biomas.
Queimadas m1a73
Outro ponto estudado no local são as queimadas. Através de um contrato entre produtores e pesquisadores surgiu a primeira pesquisa sobre os efeitos do fogo e a recuperação de uma floresta estacional perenifólia, também conhecida como floresta sempre-verde.
Sem a ação humana, esse tipo de floresta mantém suas características, mesmo em períodos sem chuva.
A ideia era observar, inicialmente, como o fogo age em uma área preservada e, depois, com queimas em tempos diferentes, analisando os impactos das chamas na fauna e flora local, como explica o pesquisador e gerente de projetos da fazenda, Leonardo Santos.

Em 2004, foi selecionada uma área de 150 hectares, que ou por levantamento florístico – estudo detalhado para documentar a vegetação original, os animais e insetos que habitavam o local.
Também foi medida a quantidade de matéria que serviria de combustível para o fogo, ou seja, folhas secas, galhos e outras substâncias que facilitam a queima.
Depois, a área foi demarcada em três espaços de 50 hectares, sendo que uma não foi queimada, para controle. A segunda sofreu três queimas, uma a cada três anos; e a terceira foi queimada anualmente, ando por 10 queimas.
Com isso, as áreas foram inventariadas, para maior controle ambiental, por uma década.
Ainda conforme Leonardo, o monitoramentos dos componentes da estrutura da vegetação, como as copas das árvores, a densidade da madeira, quantidade de serrapilheira – material acumulado sobre o solo – aram a gerar dados durante os dez anos de experimento, sendo que em cada etapa foram utilizados diferentes equipamentos.
Recuperação natural 1t5t3u
Após as queimadas, iniciou a etapa de geração de dados sobre o processo de recuperação natural dos locais, segundo o pesquisador Felipe Arruda.
E os estudos envolveram insetos, sementes e plantas, mamíferos, aves e o ciclo hidrológico dos locais que aram pelo experimento.
Ao longo de quase 20 anos de projeto, os resultados científicos estimulam novos estudos e impactam o desenvolvimento de políticas públicas.

Foram mais de 244 estudos desenvolvidos na fazenda e, desses, 190 foram divulgados em importantes publicações científicas, mostrando, por exemplo, o impacto de determinados tipos de agricultura no meio ambiente.
Longa duração 1u3161
E, após longos anos, a fazenda acabou se tornando um espaço aberto para troca de experiências entre os pesquisadores brasileiros e do exterior!
Foi então que o projeto ou a integrar o Peld (Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração), iniciativa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que criou uma rede de locais de referência para pesquisas de ecologia de ecossistemas.

Para Felipe Arruda, a grande importância das pesquisas realizadas está nas possíveis projeções.
Ele afirma que se os pesquisadores e órgãos do meio ambiente não souberem quais os efeitos das queimadas na vegetação nativa, o impacto na biodiversidade e quanto tempo as comunidades de plantas e animais demoram a recuperar, não há maneiras de prever o que pode acontecer com o meio ambiente no futuro.
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Excelente.