Incêndio no Pantanal de MT já destruiu mais de 20 mil hectares, diz estudo 2s4653
Ao todo, 10 mil hectares de área atingidos pelo fogo pertencem ao Parque Estadual Encontro das Águas, conhecido por deter a maior concentração de onças-pintadas do mundo 32jt
Cerca de 20 mil hectares já foram atingidos pelo fogo na região do Parque Estadual Encontro das Águas, conforme novos dados divulgados nesse sábado (21) pelo ICV (Instituto Centro de Vida). Dentro do bioma Pantanal de Mato Grosso, o Parque fica entre os municípios de Barão de Melgaço e Poconé, a 250 km de Cuiabá e é conhecido por deter a maior concentração de onças-pintadas do mundo.
O incêndio teve início em uma fazenda próxima ao Parque e se alastra há 20 dias. Desses 20 mil hectares destruídos, 10 mil ha são dentro do parque.

Os dados foram feitos com base em informações de focos de calor e área queimada produzidos e coletados pela NASA (National Aeronautics and Space istration) através de imagens de satélite.
Em um vídeo enviado pela guia de turismo Raquelle Saladin, é possível ver a fumaça na região. Ela conta que a fumaça já atinge a região de Porto Jofre, localizado no município de Poconé, a 104 km de Cuiabá.
“A fumaça vem de lá e já está bem próximo da área que trabalhamos com avistamentos de onças”, afirma a guia. (Veja vídeo abaixo)
Conforme o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul contabilizam, juntos, 1.309 focos de incêndio no Pantanal, sendo que Mato Grosso possui 730 focos ativos.
Somente em outubro, foram 533 focos nos dois estados, com 379 focos somente em Mato Grosso.
De acordo com o CBMMT (Corpo de Bombeiros de Mato Grosso), cerca de 30 militares se distribuem em quatro pontos estratégicos ao longo das margens do Rio Canabu para combater o incêndio.

“Nossa ação tem como principal objetivo evitar que o fogo vá para o outro lado do rio. Se isso acontecer, as chamas podem avançar no sentido norte do parque.”, explica o comandante do BEA Batalhão de Emergências Ambientais), tenente-coronel Marco Aires.
Segundo os bombeiros, os pontos de combate foram definidos de acordo com a direção do vento e maior proximidade de recursos hídricos para que motobombas sejam usadas no combate direto.
Os bombeiros trabalham junto às aeronaves do GAVBM (Grupo de Aviação Bombeiro Militar), que lançam água nos focos de incêndio e monitoramento remoto por satélite.

Por ser uma área alagada, as equipes am o incêndio com embarcações.
?Chamas x fauna? 3t6v2d
Assim como ocorreu em 2020, vários animais não conseguiram escapar do fogo e morreram. Uma equipe da TV Centro América esteve no local nesse sábado (21) e registrou imagens da tragédia que se alastra pelo Parque Estadual Encontro das Águas.
Um vídeo feito pela equipe mostra restos de uma cobra que tinha acabado de procriar morreu queimada junto com os ovos. Também é possível ver a carcaça de um jacaré que não conseguir fugir e foi alcançado pelas chamas. Fogo, fumaça e muitas cinzas compõem a paisagem do parque.

Em entrevista ao Primeira Página, o biólogo Luiz Eduardo Saragiotto Silva, explicou que diferente dos mamíferos, as serpentes não cuidam dos filhotes e não têm vínculo parental. Ou seja, a serpente vista no vídeo, expeliu os ovos momentos antes de morrer para poder ficar mais leve e tentar fugir do fogo.
O pesquisador da ONG Panthera, Fernando Tortato, disse que as queimadas e os incêndios fazem parte da natureza e que existem muitas espécies que estão adaptadas ao fogo, no entanto, o problema é que, atualmente, grande parte desses incêndios estão ocorrendo de maneira criminosa.
“O Pantanal, por ser um ambiente de savana, tem o fogo como um elemento que molda a paisagem. Porém incêndios criminosos e cada vez mais frequentes podem comprometer a biodiversidade do Pantanal”, disse.