Desmatamento ilegal na Amazônia equivale à poluição de 10 milhões de carros por ano 6q6h48
Em dois anos, desmatadores ilegais liberaram 57,9 megatoneladas de CO2, agravando a crise climática com impactos diretos na qualidade do ar e no aquecimento global. 6w6m6l
Desmatamentos ilegais na Amazônia liberaram mais de 57 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera entre 2020 e 2022. Para dimensionar o impacto, é como se 10 milhões de carros tivessem circulado sem parar durante um ano.

Esses dados alarmantes integram 193 ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 647 réus, que agora enfrentam uma cobrança de R$ 1,3 bilhão em indenizações e a obrigação de recuperar 147 mil hectares de floresta — o equivalente a 206 mil campos de futebol.
As ações integram a quarta fase do projeto Amazônia Protege, uma iniciativa coordenada pela Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4CCR) do MPF, e têm como base laudos periciais produzidos a partir de imagens de satélite.
O foco das investigações foram áreas com desmatamentos acima de 110 hectares em quatro estados da Amazônia Legal: Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia.

O Pará lidera em destruição, com 70 mil hectares devastados e 89 ações ajuizadas contra 369 réus. Em segundo lugar, o Amazonas teve 36 mil hectares desmatados, resultando em 40 ações contra 161 acusados.
Já Mato Grosso e Rondônia somaram juntos 50 mil hectares destruídos, com 64 ações propostas contra 239 réus.
Impacto climático alarmante 6wk4n
A liberação de 57,9 milhões de toneladas de CO₂ representa quase 10% das emissões totais da Amazônia em 2023, segundo dados do Observatório do Clima. Para comparar, essa quantidade é maior do que as emissões anuais de várias capitais brasileiras juntas, como Salvador e Curitiba.
O dióxido de carbono, principal responsável pelo aquecimento global, é conhecido por agravar eventos climáticos extremos, como secas severas e aumento da temperatura global.
Além disso, essas emissões elevam o desequilíbrio do efeito estufa, provocam poluição do ar e podem contribuir para chuvas ácidas. Especialistas alertam que o Brasil, que já lidera o ranking mundial de emissões de CO₂ decorrentes de queimadas, atingiu em 2024 seu maior índice em quase duas décadas.
Áreas protegidas também ameaçadas 2q3i6g
Entre os pontos de desmatamento ilegal identificados, 140 estão localizados a menos de 30 quilômetros de unidades de conservação federais e terras indígenas, e oito estão dentro dessas áreas protegidas. O avanço criminoso sobre essas regiões ameaça ecossistemas únicos e compromete a sobrevivência de comunidades indígenas.
Resultados concretos do projeto Amazônia Protege 4y6uu
Desde o lançamento do Amazônia Protege, em 2017, o MPF já ajuizou mais de 3,7 mil ações civis públicas contra infratores ambientais, resultando em mais de 700 condenações. Além das ações judiciais, a iniciativa consolidou o uso de imagens de satélite como prova exclusiva, com respaldo do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo o MPF, o objetivo é recuperar áreas públicas desmatadas e ocupadas ilegalmente, já que a grilagem e o desmatamento andam lado a lado. Enquanto o desmatamento ilegal avança, os danos à Amazônia vão além das árvores derrubadas. Eles impactam diretamente a saúde do planeta e a qualidade de vida de bilhões de pessoas, reforçando a urgência de ações coordenadas para preservar o maior bioma tropical do mundo.