Cheia no Pantanal leva ribeirinhos de Barão de Melgaço de volta ao barco 306xi

Estradas viram rios, barcos voltam a ser essenciais e camalotes exigem força-tarefa dos moradores; cientista celebra renascimento do Pantanal com a cheia. 484s27

A cheia de 2025 em Barão de Melgaço mudou a paisagem e a vida dos moradores. O que antes eram estradas de terra, hoje só se atravessa de barco. Baias como a do Presidente e diversos cursos d’água temporários atingiram o maior volume dos últimos cinco anos, alagando comunidades como a Capoeirinha e outras ao redor. Em vez de carros, agora são os barcos que cortam o caminho entre a escola, a venda e as casas.

cheia pantanal
Pantanal em período de cheia. | Foto: Andre Bittar

“Eu mesmo vendi meu barco porque não tinha mais água. Agora estamos dependendo dele pra tudo”, contou o comerciante Marcos Antônio da Silva. A vegetação aquática, como o aguapé, também voltou com força. Além de embelezar a paisagem, as plantas cobrem canais inteiros, exigindo um verdadeiro mutirão dos ribeirinhos para abrir agem.

A equipe da TV Centro América acompanhou uma dessas operações. De um lado, moradores se equilibram sobre as plantas com foices, desmembrando blocos chamados camalotes. Do outro, usam ganchos — ou “poitas“, como chamam — presos ao barco para puxar a vegetação. “Tem hora que vai no braço mesmo”, disse Marcos. “Aqui todo mundo se une. A gente faz esse muxirum pra ter o ao comércio, às famílias, aos vizinhos”.

Além das áreas urbanas, as cheias cobriram porteiras de fazendas e trechos inteiros de estradas entre sítios. Uma dessas vias havia sido reformada pelo governo estadual durante a seca, mas não resistiu. “A estrada era boa, mas a enchente levou tudo. Agora esperamos que façam de novo e com galerias, pra durar mais”, afirmou o empresário Alexandre Padilha da Silva.

Segundo a Secretaria de Infraestrutura do Estado, o trecho citado — que liga comunidades como Capoeirinha e Boca das Conchas à MT-456 — ou por um levantamento de nível e obras emergenciais no ano ado, durante a época das queimadas, para dar e às equipes de combate ao fogo. A pasta informou que há previsão de melhorias na via e instalação de pontos para escoamento da água, mas ainda sem data definida para início dos trabalhos.

A água que invadiu a região veio do transbordamento do rio Cuiabá. Para o professor doutor Ibraim Fantin da Cruz, especialista em recursos hídricos da UFMT, o fenômeno é vital.

“O Pantanal revive com a inundação. É a água que promove a reprodução dos peixes, o retorno das aves e a renovação da vida”.

Apesar dos transtornos, os moradores veem a cheia como algo essencial. Cavalos pastam em áreas alagadas e o gado atravessa nadando de um campo a outro. Para os pantaneiros, a água traz fartura. “Se tem água, tem peixe, tem tudo. Isso aqui é maravilhoso”, disse Padilha. Já o comerciante Braz Padilha reforça: “O Pantanal precisa da água. É vida, é tudo. E a gente torce pra que continue assim, sempre”.

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