"Sintonia dos Gravatas": advogado de Marcola e outras 6 pessoas são denunciadas 38q1i
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) protocolou nesta segunda-feira (11) mais uma denúncia decorrente da operação “Courrier”, que investiga o envolvimento de advogados com a facção criminosa dominante dentro e fora dos presídios de Mato Grosso do Sul. Dessa vez, são 7 pessoas, acusadas de associação criminosa, corrupção ativa e […] 64s2c
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) protocolou nesta segunda-feira (11) mais uma denúncia decorrente da operação “Courrier”, que investiga o envolvimento de advogados com a facção criminosa dominante dentro e fora dos presídios de Mato Grosso do Sul. Dessa vez, são 7 pessoas, acusadas de associação criminosa, corrupção ativa e violação de sigilo funcional.

Nessa denúncia, entram dois novos advogados, que antes figuravam como investigados: Luíz Gustavo Bataglin, que atua em Mato Grosso do Sul, e o criminalista Marco Antônio Arantes de Paiva, que ficou conhecido por representar Marcos Williams Herbas Camanho, o “Marcola”, apontado como o cabeça da facção no País todo.
Ainda neste texto, você vai ver a manifestação enviada por eles ao Primeira Página, refutando as implicações feitas pelo Gaeco.
Quais são as suspeitas? 5s384q
Paiva e Bataglin, conforme a denúncia, se utilizaram de serviços ilegais do trio formado por um advogado, Bruno Ghizzi, um policial penal, Jonathas Wilson Morais Cândido e um analista do Judiciário, Rodrigo Pereira da Silva Correa. Os três estão presos desde 25 de março, quando a “Courrier” foi deflagrada.
Bruno e Rodrigo já foram denunciados em outra ação, na semana ada, junto com mais 6 pessoas. Jhonatas ou a ser acusado na denúncia de hoje. Mesmo não tendo cargo de direção no sistema prisional, ele é apontado como responsável por negociar benesses para detentos, como por exemplo, pareceres disciplinares visando a transferência para unidades menos seguras.
Os outros acusados são Marlon Guilherme Roriz Guimarães, porteiro do condomínio onde Bruno morava à época dos fatos, e Maxuesle Rodrigo Andrade, o “Kabuloso”, que cumpre prisão em Uberlândia (MG).
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Em nota, o advogado Marco Antônio Arantes de Paiva disse que não corrompeu e nem foi corrompido. A defesa de Marcola negou ser sócio dos clientes dele, além de não pactuar os crimes que quem é defendido. Ressaltou sobre a carreira que construiu ao longo de 40 anos e de servir a Ordem dos Advogados do Brasil há 20 anos, onde foi Conselheiro e presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Também informou que o sistema penitenciário paulista o conhece e nunca suspeitou de que estivesse colaborando com os clientes. Além dos mais renomados escritores sobre crime organizado nunca ter mencionado sobre o desvio da conduta de Paiva. Para finalizar, ele disse que tem vergonha da acusação baseada em depoimento de advogado que “pretende se safar da sua culpa buscando uma delação premiada”.
O outro acusado, Luiz Gustavo Battaglin Maciel afirmou, por nota, que ainda não tomou conhecimento da denúncia, mas já podendo ressaltar que sua atuação foi esclarecida por iniciativa própria ao Gaeco, na semana ada. tendo sido espantosa e totalmente ignorados os fatos e documentos apresentados.
A defesa de Maciel também enfatizou que durante as investigações da “operação courrier”, o Gaeco teve várias medidas negadas contra o advogado, tanto pelo juiz em primeira instância, como pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Por fim, finaliza dizendo que não houve fato novo e que a denúncia apresentada se baseia nas mesmas acusações.

“Clientes” 3n102e
Conversas interceptadas no iPhone 12 de Bruno Ghizzi, que foi apreendido em agosto do ano ado, e também no celular de Rodrigo, estão entre as provas apresentadas.
Os dois homens são peças-chave na investigação, que ganhou corpo quando foi descoberta a consulta feita ao prontuário do delegado Carlos Delano, titular da Delegacia de Homicídios, a partir da senha de Rodrigo, que chefiava o cartório da 1ª Vara da Execução Penal em Campo Grande, com o pleno a processos de transferência de presos considerados perigosos.
Uma das citações de suspeita de irregularidade envolve a determinação de mudança de penitenciária do detento Odir Fernando Correa, conhecido como “Garfo de Ouro”, que cumpre pena por tráfico de drogas.
“Nada obstante o sigilo do procedimento, assim que proferida a decisão, em 24 de maio de 2021, o denunciado BRUNO GHIZZI, graças a violação de dever funcional por parte de RODRIGO PEREIRA DA SILVA CORRÊA, teve o ao teor do decisum e, horas depois, difundiu as informações a sua rede de contatos, entre os quais o próprio denunciado LUIZ GUSTAVO MACIEL BATAGLIN, inclusive insuflando censura aos atos legais praticados por servidores públicos”, descreve a petição.
Quando a Marco Antônio Arantes de Paiva, o Gaeco documentou um encontro entre ele e Bruno Ghizzi, em Campo Grande, para discutir a forma mais fácil de transferir da prisão o detento Jesus Einar Lima Dorado, boliviano conhecido como “Dom Pulo”, e identificado como sucessor do barão do tráfico Pablo Escobar. Obeso mórdito, Dom Pulo queria sair do presídio fechado da Gameleira, a “Supermáxima”, em Campo Grande, cujo sistema rígido de cumprimento de pena é criticado pelos internos e defensores.
Nos diálogos de Bruno Ghizzi descobertos durante os trabalhos do Gaeco, ele se vangloria a colegas de ter sido escolhido pelo advogado de Marcola para lidar com a tentativa de transferir “Dom Pulo”. Em dado momento, chega a citar frase “o plata o plomo”, atribuída a Pablo Escobar, morto na década de 1990, depois de ser considerado um dos maiores comerciantes de cocaína do mundo.
“O próprio denunciado MARCO ANTÔNIO ARANTES PAIVA falou, em seu interrogatório, que buscou pelos serviços do denunciado BRUNO GHIZZI junto ao sistema prisional, deixando consignado a facilidade que ele possuía para “impulsionar” demandas e pretensões istrativas, bem como a
dificuldade que outros advogados tinham, inclusive, para ser atendidos por agentes públicos no dia de visitas no Presídio da Gameleira, mencionado morosidade e fila de espera”, traz a denúncia sobre o advogado paulista.
A peça, agora, vai ser apreciada pela juiz responsável, a quem cabe receber, ou não, o documento, e iniciar a ação penal.