Servidora que auxiliou desembargador de MS em liminar sob suspeita presta depoimento 63x2i
Além da assessora, Gabriela Moraes, outras testemunhas de acusação prestaram depoimento; todos servidores do Tribunal de Justiça de MS 3j6a6e
A fase de audiência da investigação contra o desembargador Divoncir Schereiner Maran – suspeito de aliviar a prisão do traficante Gerson Palermo mediante o pagamento de propina – começou nesta quarta-feira (3), em Campo Grande e promete durar pelo menos dois dias.
O dia foi marcado pelos depoimentos de testemunhas escolhidas pelo Ministério Público Federal, entre elas a assessora que auxiliou o magistrado a elaborar a decisão que concedeu a prisão domiciliar do homem condenado a 126 anos por tráfico.

Gabriela Moraes, a assessora que no dia trabalhou na confecção da liminar em favor de Palermo, chegou a Justiça Federal em Campo Grande sozinha, mas logo em seguida o advogado Renê Siufi se uniu a ela.
A mulher foi a terceira a ser ouvida nesta quarta-feira. Na saída, apenas o advogado falou com a imprensa.
“O depoimento foi tranquilo. Ela explicou os fatos. É apenas uma servidora, cumpriu ordens”.
Renê Siufi
Além de Gabriela, o desembargador Jonas Hass Silva Júnior, o juiz Mário José Esbalqueiro Júnior – que em 2020 era titular da 1ª VEP (Vara de Execução Penal) – e outros servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul foram ouvidos.
Nesta quinta-feira (4) é a vez das testemunhas de defesa. Os depoimentos começam pela manhã. Depois delas, o próprio Divoncir deve falar.
No processo no CNJ a punição máxima é a aposentadoria compulsória. Porém, Divoncir, que desde fevereiro está afastado, está prestes a se aposentar já que no dia 6 de abril faz 75 anos, idade máxima de atuação de um magistrado.
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Divoncir está sob suspeita desde que concedeu prisão domiciliar, com uso de tornozeleira, ao criminoso Gerson Palermo. Liberado para cumprir pena em casa, em Campo Grande, no dia 22 de abril de 2020, no plantão do feriado de Tiradentes. Assim que deixou a prisão, “Pigmeu” – como é conhecido – rompeu a tornozeleira e nunca mais foi visto.
Palermo é considera especialista em tráfico com uso de aeronaves e esteve envolvido em um dos crimes mais famosos do país, o sequestro de um avião, nos anos 2000.
Com a concessão da liminar durante um plantão, Divoncir ou a ser alvo de apuração do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e em setembro do ano ado, se tornou alvo de um PAD (Processo istrativo Disciplinar) sobre o fato.
Vários indícios de irregularidades foram constatados desde então, como por exemplo o fato de que os advogados de Palermo não haviam feito o pedido de liberdade ao juiz de primeiro grau, como manda o processo legal, indo direto ao segundo grau.
Outra detalhe que chamou atenção foi a dinâmica usada para convocar Gabriela Moraes, que não atuava no gabinete de Divoncir, embora já tivesse trabalhado com ele, no dia da liminar.
Depois que Palermo já estava foragido, a liminar foi revogada, mas até então, o traficante não foi encontrada.
Em fevereiro desde ano, as suspeitas contra o desembargador resultaram na operação “Tiradentes”. As investigações contra ele, três filhos e a esposa, mostram diversos pagamentos indevidos e comprar de propriedade sem lastro financeiro.