Capivara Criminal 232h40

De deputado a condenado por envolvimento no jogo do bicho 6i4z4e

Jamilson Lopes Name foi condenado na semana ada a 8 anos de prisão no regime semiaberto por "lavar" dinheiro do crime; entenda o que diz a justiça 5c1jf

Meses depois da execução brutal do estudante Matheus Coutinho Xavier, o sobrenome da família Name começou a ser citado nos bastidores do jornalismo por envolvimento no crime. Lembro da primeira matéria que escrevi, ainda sem citar, que os “empresários” suspeitos eram Jamil Name e Jamil Name Filho.

No fundo, ninguém esperava que esses mesmos nomes fossem alvo de uma megaoperação, com direito a desdobramentos e até apreensões de armamentos pesados. Mas assim aconteceu. A força-tarefa da Omertà foi às ruas pela primeira vez em setembro de 2019 e depois disso, foi desdobrada em sete fases.

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Deputado Jamilson Name foi condenado por lavagem de dinheiro (Foto: Wagner Guimarães/ Alems)

A 6ª fase, realizada em dezembro de 2020, alcançou a Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) através de Jamilson Lopes Name, deputado estadual que durante a semana ada foi condenado pela primeira vez por envolvimento dos crimes denunciados no Omertà.

A pena foi de 8 anos e 26 dias, no regime semiaberto, por lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Jamilson sempre negou. A defesa dele já reforçou não haver provas contra o deputado e que vai recorrer da sentença (confira a nota na íntegra no fim da coluna), mas para a justiça ele não só fazia parte do esquema, como era o líder financeiro, digamos assim, do jogo do bicho em Campo Grande.

É isso que vou te explicar agora.

Originalmente, a denúncia que resultou na condenação de Jamilson tinha outros 15 envolvidos. Mas na sentença, o juiz considerou culpados apenas os “cabeças” do esquema de lavagem de dinheiro do jogo do bicho. No centro, como descrito na decisão, estava o deputado e com ele dois nomes: Darlene Luiza Borges, a gerente, e Cícero Balbino.

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Essa liderança foi atribuída a Jamilson porque era ele o gestor da Pantanal Cap, empresa que, para a justiça, era usada nesse trâmite de dar legalidade a um dinheiro que vinha da ilegalidade.

Para ser clara, conforme as provas obtidas com conversas entre os investigados e materiais apreendidos nas fases da operação, a polícia constatou que as acusações misturavam o dinheiro arrecadado dos sorteios da Pantanal Cap (de forma legal) com os valores das apostas vendidas nas bancas do jogo do bicho.

Além disso, para a polícia, os pontos de venda da Pantanal Cap eram os mesmos das bancas de jogos: onde tinha a cartela de sorteio, tinha como fazer apostas.

As provas dessa mistura do legal com o ilegal, para a investigação e para o juiz, ficaram evidentes por dois motivos: primeiro pela descoberta de que o T.I da Pantanal Cap estava informatizando o sistema do jogo do bicho e segundo, pelos valores reados pela empresa para a Cruz Vermelha.

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Mas vamos por parte.

Durante a Omertà foi descoberta a compra de 200 mini impressoras que aram a ser usadas para imprimir apostas do jogo do bicho. As máquinas foram compradas pelo funcionário da Pantanal Cap e entregues no endereço da empresa.

Antes delas, as apostas eram feitas a mão e a informatização se tornou uma prova contra Jamilson.

O segundo ponto, o principal para ser sincera, foram os valores enviados anualmente à Cruz Vermelha. Para a polícia, eles são a comprovação de que a empresa teve um aumento de arrecadação absurdo devido à mistura do negócio com o jogo do bicho.

O contrato entre a Pantanal Cap e a Cruz Vermelha previa que 5% do valor bruto obtido com a venda de cartelas pela empresa seria destinado à beneficiária. Em números, seria cerca de R$ 23 mil por mês, conforme os levantamentos feitos pela operação.

Na prática, em um único mês, a empresa chegou a rear R$ 107 mil à Cruz Vermelha.

A situação fica mais estranha porque aconteceu em plena pandemia de coronavírus e porque o próprio Jamilson, em depoimento na fase judicial, afirmou que, apesar do investimento em propagandas, em alguns meses a Pantanal Cap obtinha R$ 40 mil de lucro, em outros não tinha nada e, ainda havia períodos de prejuízo.

“Ao cruzar tais informações com os valores pagos à Cruz Vermelha, os números não batem, vez que, além do documento informar que no ano inteiro de 2018 foram doados à Cruz Vermelha mais de R$ 23.000,00 (vinte e três mil reais) mensais, apenas no mês de junho do ano de 2020 verificou-se que foi reado mais de R$100.000,00 à instituição”.

Trecho da decisão

Por esse conjunto de motivos, para a justiça, Jamilson era o líder do esquema, porque não há como a lavagem de valores tão altos ser feita pela empresa sem o gestor dela, seu principal responsável, saber.

Em tese, a condenação criminal coloca em risco o cargo político de Jamilson Name, mas só em tese mesmo, já que, segundo a lei, essa condenação precisa estar “transitada em julgado”, ou seja, for definitiva, sem possibilidade para recurso.

Bem, essa condenação é só em primeiro grau, ainda devemos ver, e muito, essa batalha judicial. Quem será que vai ganhar?

Confira a nota da defesa de Jamilson na íntegra.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Capivara Criminal, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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