Cleber, o serial killer que matou 7 pessoas para ficar com os bens, vai a júri pela primeira vez 3i5a6f

Julgamento do serial killer começa nesta terça-feira (1º) em Campo Grande 1d46b

A Justiça começa a julgar, nesta terça-feira (1º), o pedreiro Cleber de Souza Carvalho, serial killer de 45 anos que confessou ter assassinado sete pessoas simplesmente para ficar com os bens das vítimas. Terrenos, casas e até uma moto motivaram os assassinatos, que por meses ficaram sem qualquer vestígio de autoria.

Em maio de 2020, Campo Grande conheceu Cleber, o “Filé”. Foi a partir do desaparecimento do comerciante José Leonel Ferreira dos Santos que a história do serial killer começou a ser revelada. Só quando a irmã percebeu a ausência do idoso de 62 anos e encontrou a família de Cleber vivendo na casa que era dele, que a polícia foi acionada. Naquele mesmo dia, o primeiro corpo foi encontrado.

A partir daí, outros seis corpos foram descobertos: José Jesus de Souza, Timóteo Pontes Roman, Roberto Geraldo Clariano, Hélio Taíra, Flávio Pereira Cece e Claudionor Longo Xavier.

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Serial Killer Cleber de Souza Carvalho
O pedreiro e serial killer confesso Cleber de Souza Carvalho (Foto: TV Morena)

O motivo para as mortes, segundo as investigações da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) foi sempre o mesmo: tomar os bens dos alvos. Por isso, o perfil das vítimas também seguia um padrão: homens, sozinhos e a maioria idosos.

Outro detalhe liga os casos. Todos os envolvidos, vítimas e autor, circulavam em um meio “ilegal”. Os terrenos, na sua maioria, eram invadidos e não tinham qualquer documento de posse. E nesse mundo “irrastreável” que Cleber agia.

Serial killer mostra à polícia e aos bombeiros onde enterrou um dos corpos
Serial killer mostra à polícia e aos bombeiros onde enterrou (Foto: Vinicius Santana/Arquivo pessoal)

Vila Nossa Senhora da Graça 1l5m3c

Cleber era um pedreiro conhecido na região do bairro Nasser. Uma pequena parte do bairro, área conhecida como Vila Nossa Senhora da Graças, abrigava parte das vítimas e é peça-chave para entender o mundo em que o serial killer escolhia suas vítimas.

A área que um dia pertenceu ao exército foi entregue judicialmente a uma família de Campo Grande. Enquanto o processo ainda estava na justiça, o terreno começou a ser invadido. Diversas famílias tomaram “posse” de lotes que não eram delas e ali construíram suas casas, sem qualquer tipo de documentação.

É nessa parte do bairro que Cleber e a família aparecem pela primeira vez como invasores de um terreno, enquanto os donos da terra tentavam reaver o que era deles por direito. Era fim de 2019 quando o pedreiro foi retirado de uma casa que construía.

Durante as investigações a polícia encontrou a dona da terra, que lembrou do dia da reintegração de posse do terreno. Quando pediu à justiça, não era Cleber que estava no local, mas em poucos meses ele e o resto da família já haviam se estabelecido na área. O episódio, contou a mulher, rendeu ameaças de morte vindas da esposa do pedreiro, Roselaine Tavares Gonçalves.

José Jesus de Souza e José Leonel moravam na mesma área. Era, segunda a polícia, dessa fragilidade burocrática que Cleber se aproveitava. Ele se aproximava de quem vivia na mesma situação e era visivelmente sozinho. Depois de matar as vítimas, se apossava do terreno, casa ou carro e falava que havia comprado. Não haviam testemunhas ou transferência de documentos para comprovar a propriedade dos bens, então também não havia como desmentir a venda. O único contrato era a palavra.

Os bens das vítimas ainda eram reados. Revendidos para outras pessoas sem qualquer laço jurídico. A casa e o carro de José Jesus renderam pouco mais de R$ 25 mil para o suspeito. Como negociações dessa maneira era comum por ali, ninguém questionava a origem e aos poucos se tornava ainda mais difícil rastrear o que havia acontecido com os verdadeiros, ou os primeiros, donos.

A casa de José Leonel 2e136r

Foi isso que Cleber tentou fazer com a casa de José Leonel, a última vítima da ordem cronológica, mas a que puxou a “linha” da investigação contra o pedreiro. O comerciante era “dono” de três terrenos da Vila Nossa Senhora da Graça. No espaço, construiu uma mercearia e também sua casa.

No mesmo terreno fez uma edícula. Nesse cômodo, ainda não terminado, acabou enterrado depois de morto por Cleber. Quando o crime aconteceu, o pedreiro e a família se mudaram para a casa da vítima. Para quem perguntava do morador, diziam que havia ido embora e deixado a casa alugada para ele.

Foram dias de “preparo”. Todo mundo na rua sabia que Leonel ia alugar uma das casas do terreno para a família. O que não sabiam, é que ele foi assassinado e enterrado ali mesmo enquanto Cleber tomava o lugar.

Depois que o assassinato foi descoberto e a casa desocupada, a filha de José resolveu vender o terreno. O anúncio foi feito por Facebook e uma família do Paraná, que pretendia começar a vida em Campo Grande, se interessou pelo terreno. O valor era realmente atrativo, R$ 120 mil por uma área grande, com um galpão pronto, casa construído e espaço para uma nova.

A única coisa que causou estranheza nas fotos foi a faixa zebrada da polícia jogada pelo terreno. É o que conta a atual moradora da casa, Lucia Alves Leal de Araujo, de 42 anos. “Nas fotos tinha aquela faixa amarela, ai fomos perguntar o porque né. A irmã do seu Leonel foi quem contou toda a história”.

Mesmo sabendo do “ado” da casa, a família fechou o negócio. No que antes era o mercado do idoso, montaram uma marcenaria. “Viemos para Campo Grande para ajudar a cuidar da minha sogra, que há 4 anos vive acamada. Meu marido trabalha a 12 anos com marcenaria, então decidimos montar nosso próprio negócio”.

Para ficar na casa, a família decidiu recomeçar. A edícula em que Leonel foi enterrado foi completamente destruída e no lugar um novo imóvel erguido. “Três quartos, com uma suíte, banheiro, sala e cozinha”, conta Lúcia, que fez do local o lar para ela, o marido e os dois filhos, de 11 e 21 anos.

“No começo eu não ficava aqui. Tinha medo daqueles assassinos vindo aqui a qualquer momento”, revelou. Com o tempo, no entanto, a família se acostumou com o “ado” do terreno, escutou as histórias dos vizinhos e até foi chamada para fazer parte do processo criminal. “Chamaram meu marido, queriam fazer a reconstituição aqui. Mas não dá, mudamos tudo, nada mais era como era. E eu pedi para ele não deixar aquele homem vir aqui também”.

Apesar do recomeço, Lúcia não se adaptou a cidade e agora se prepara para voltar a sua cidade, Foz do Iguaçu. Apesar disso, o terreno, conta, ainda vai sofrer mais alterações. A casa que um dia foi de Leonel também vai ser demolida e aos poucos, a história de horror contada ali também desapareça.

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