Acidentes na BR-163 já mataram 34 pessoas em 2022; confira panorama sobre a rodovia 5i6ak
Dados de acidentes e mortes foram divulgados pela Polícia Rodoviária Federal 5n3k43
Somente neste ano foram registrados mais de 268 acidentes na BR-163, no trecho que corta o território de Mato Grosso. Entre essas ocorrências, 74 foram consideradas graves e causaram 26 mortes. Nessa terça-feira (17) o acidente entre um ônibus e uma carreta, que matou 8 pessoas, entre Sorriso e Sinop, aumentou essa estatística. Ao todo, já são 34 mortes. Os dados foram divulgados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).

As informações mostram um número preocupante. Entre os anos de 2019 e 2021, 226 pessoas morreram no trecho da rodovia que a por municípios do estado.

Desde o primeiro dia de 2019 até essa terça-feira, o total de acidentes ultraava 2,5 mil em Mato Grosso.
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Em entrevista à reportagem do Primeira Página, o superintendente da Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso, Francisco Élcio Lima Lucena, destacou alguns pontos que podem ter influência nesses casos.

“O fluxo excessivo de veículos de cargas, especialmente na BR-163, que é um corredor estratégico para o país e para região [contribui para acidentes]. A estrutura disponibilizada hoje não atende essa demanda. A infraestrutura não está adequada. Esse é o primeiro ponto”, relata.
Uma solução muito apontada para diminuir o número de acidentes, é a duplicação do trecho que corta Mato Grosso. Para ele, só a duplicação não resolve.
“A duplicação por si só não resolve o problema dessa mobilidade (…) é necessário fazer alguns alargamentos, melhorar os acostamentos. Ela [duplicação] melhora muito o congestionamento, mas também uma necessidade de mudança de comportamento, campanhas educativas, que devem ser colocadas em prática”, destaca.
“Tragédia anunciada” 4w1n52
Para o especialista em trânsito, Aristóteles Cadidé, as condições em que a BR-163 está atualmente contribuem para os acidentes que vêm sendo computados. Para ele, o acidente que matou oito pessoas era uma “tragédia anunciada”.
Para ele, os órgãos competentes demoram para tomar providências. Ele faz um alerta:
“A responsabilidade no trânsito é de todos nós, especialmente de quem tem o poder de não se mobilizar somente nas tragédias. A segurança na BR-163 não chega a 5% do que é o ideal (…) mesmo no trecho duplicado pelo governo federal não há segurança. Já ou da hora de se tomar as devidas providências”, critica.
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Deputados fazem críticas 6f443b
Para o deputado Ulysses Morais (PTB), há dois problemas antigos que contribuem para o problema do trecho da BR-163.

“É inissível uma obra que era para ter terminado em 2019, com contratos mal feitos de governos ados que complicaram a vida de muitas pessoas. A gente tem que se solidarizar com as vítimas da BR-163. É inaceitável que o governo estadual não tenha tomado nenhuma decisão dura contra essa empresa”, pontua.
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Já Lúdio Cabral (PT), diz que a rodovia mata pessoas praticamente ‘todos os dias’. Mesmo sendo uma rodovia federal, para ele a responsabilidade de cobrar soluções deve ser compartilhada.

“Acho que caberia ao governo estadual e a própria Assembleia uma pressão sobre o governo federal para superar um problema que se arrasta há anos. Faltou capacidade política de pressão, tanto do governo estadual quanto do parlamento, para enfrentar essa situação”, relata.
Rota do Oeste 5p1a5u
A Rota do Oeste, que começou a atuar em março de 2014, tem a concessão dos trechos do estado por 30 anos. De acordo com informações da concessionária, o local é responsável pelos 850 km de extensão da BR-163 em que são compreendidas 19 cidades. Em todo trecho am 70 mil veículos por dia, 68% desses são caminhões.

Ainda segundo a Rota, de 2014 a abril de 2022, foram investidos R$ 3,5 bilhões. Em todo o trecho, foram criadas 9 praças de pedágio com 500 empregos na operação. A tarifa sugerida para ser cobradas nesses locais é de R$ 2,60. Conforme a concessionária, os valores são integralmente revertidos em benefício do trecho de 850 quilômetros sob concessão.
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Outro lado 4417p
A reportagem de Primeira Página entrou em contato com a Sinfra-MT (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística) sobre a questão da rodovia e o que compete a pasta. Por meio de nota, a pasta disse que cobra soluções. Veja abaixo a nota na íntegra:
“A BR-163 é de responsabilidade federal. Apesar disso, temos cobrado sistematicamente uma solução, pois é um absurdo a concessionária cobrar pedágio dos mato-grossenses, mas deixar a estrada em péssimas condições e não fazer a duplicação, que é uma obrigação dela. O governador Mauro Mendes já esteve várias vezes em Brasília para tratar do assunto e continuará a cobrar, junto com a bancada federal, uma solução urgente para esta questão”.
Já a Rota do Oeste, que foi criticada pelos deputados por não ter terminado as obras e por outras situações relacionadas a acidentes, diz que foi quem mais pediu para que os trabalhos fossem retomados. Veja o posicionamento abaixo:
“A Concessionária Rota do Oeste esclarece que não há linha de investigação que aponte a geometria ou as condições da pista como a causa do acidente ocorrido nesta terça-feira. No entanto, a respeito das obras de duplicação, ressaltamos que não há instituição que trabalhou mais pela retomada destes investimentos do que a própria Rota do Oeste. A Concessionária luta, desde 2017, para buscar uma alternativa que permita a retomada desta duplicação. Foram tentadas medidas parlamentares, como a MP 800, não votada pelo Congresso Nacional em 2017. Sugerimos algumas soluções por meio do próprio contrato, como a Revisão Quinquenal, e ainda soluções istrativas, como Plano de Cura ou um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) aliado a uma troca de controle da companhia. Por razões diversas, nenhuma destas soluções foram levadas à frente. Diante deste cenário, a Rota do Oeste não ficou inerte e, em dezembro de 2021, aderiu ao processo de devolução amigável, regrado pela Lei Nº 13.448, que prevê que a mantenhamos as condições de manutenção e os serviços prestados até que o Governo Federal prepare uma nova licitação e faça a substituição da empresa”.
“Adicionalmente, informamos que os motivos que levaram à paralisação das obras de duplicação foram alheios à nossa vontade não afetaram somente a Rota do Oeste na BR-163, mas todas as concessões leiloadas em 2013 no 3º lote de concessões federais, bem como diversos aeroportos, tornando-se assim uma questão nacional. Atualmente, uma malha de 4.300 quilômetros de rodovias estruturantes do Brasil, am pela mesma dificuldade. Afirmamos ainda que a classe política, em sua maioria, tem ciência dos detalhes de todas estas ações e tentativas por proatividade da própria Rota do Oeste”.