Preocupado com o social, professor cuiabano acertou tema da redação do Enem 2022 3m5n5r
Essa foi a sorte dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola particular de Cuiabá, e o orgulho do professor de redação, José Neto Nascimento, que trabalhou o tema em sala. 5x6n43
Dona de um dos maiores temores dos estudantes de escolas brasileiras, a redação do Enem gera expectativas e corações ansiosos o ano todo! Mas ela também é um caminho para tratar, discutir, refletir sobre temas que atingem diretamente nossa sociedade. Agora, imagine estar preparado para o Exame Nacional do Ensino Médio, porque o seu professor de redação decidiu, em um dia de aula, trabalhar um tema que era extremamente próximo ao tema pedido na prova deste ano, ‘Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil’.

Essa foi a sorte dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola particular de Cuiabá, e o orgulho do professor de redação, José Neto Nascimento, que, durante o retorno das aulas presenciais, em 2021, trouxe a abordagem pedida no Enem, para sua classe.
O tema que veio de uma preocupação 1o4c60
Neto, como gosta de ser chamado, contou ao Primeira Página que o acerto da temática da redação aconteceu no ano ado, quando a turma voltava do ensino remoto para o presencial, algo que foi possível através da baixa nos casos de covid-19.
Durante aquele período de afastamento das salas e do surto do vírus no país, o professor começou a se preocupar com a questões de povos de regiões afastadas, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos e comunidades rurais, que não tiveram o nem mesmo ao ensino remoto, por falta de internet nos locais de moradia.

Essa realidade de diferença social ficou evidente na época da pandemia, pois além da falta de o à rede de internet e, consequentemente, aos estudos, muitas regiões não possuíam equipamentos e materiais suficientes pra lidar com o vírus na linha de frente – como era chamada a ação dos profissionais de saúde nas unidades hospitalares em todo o mundo.
“Para os alunos que vivem na cidade, que são de escolas públicas, já era difícil acompanhar o ensino nesse período, então para esses alunos dessas regiões afastadas, essa aproximação da escola, na verdade, não aconteceu! E aquilo me tocou e me incomodou muito, pensei ‘aqui tem uma tematização'”, contou Neto.
Foi a partir desse desconforto, dessa preocupação, que o professor de redação ou a refletir mais a fundo sobre essas questões sociais e o descaso governamental que vinha acontecendo em alguns casos. Então, em 2021, ele propôs para o terceiro ano uma prova de redação com questões objetivas sobre o tema ‘Necessidades especiais do povos das florestas do Brasil’.

Neste ano, Neto ainda viu essa questão presente na sociedade e, durante um simulado realizado no colégio, no mês de setembro, ele repetiu o tema da redação, pois ainda achava que o tema era atual e que merecia ser discutido.
“Quando decidi trabalhar esse tema, que aborda uma grande área, foi para que desse a oportunidade para o meu aluno de olhar para as minorias específicas… se caísse algo sobre povos indígenas, sobre quilombolas ou qualquer uma dessas comunidades, em específico, eles já saberiam falar”, explicou o professor.
Mas a grande surpresa foi que o tema do Exame Nacional deste ano (“Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”) veio “cheio”, com tudo que eles haviam trabalhado nas redações de treino, e não somente com os assuntos de forma específica.
“Foi muito fácil para o meu aluno porque ele só precisava transformar as necessidades sociais em desafios que revelam uma desvalorização ou que contribuem para que a valorização dos povos tradicionais não venha se concretizando no nosso meio”, afirmou Neto.
A abordagem do professor neste ano contou, ainda, com vídeos de reportagens e questões objetivas sobre o tema, que poderiam servir de base para os alunos argumentarem em suas redações.
Reflexões semanais 1i6b5h
O professor explicou também que, semanalmente, ele leva temas sobre assuntos sociais importantes, que teriam a possibilidade de serem pedidos no Enem. Mas a sorte para os alunos dele foi que o tema que caiu este ano foi justamente o que foi trabalhado em sala de aula no segundo semestre, ou seja, os questionamentos e argumentos ainda estavam fresquinhos nas cabeças dos estudantes!
“Conforme as coisas vão acontecendo, eu vou propondo o tema em sala de aula e o aluno tem que estar antenado!”, diz.
Quanto ao fato de ter realmente acertado o tema, o professor de redação conta que se trata de uma situação de sorte e que ocorreu de, enquanto professor, ele estar a postos e atento, o que possibilitou que ele levasse para a sala de aula justamente a abordagem pedida na prova nacional deste ano.
“A gente acerta mesmo por uma intenção de deixar nossos alunos munidos com as melhores informações nesse processo de construção de ensino. No meu caso, minha matéria é ligada ao desenvolvimento crítico da argumentação e à escrita, então estou sempre voltado para preparar o meu aluno para escrever sobre qualquer tema ou proposta que ele for encontrar”, relata o professor.
A reação após o Enem 5n675h
Neto contou que quando o Ministro da Educação falou sobre o tema nas redes sociais ele já ficou impactado com o recorte temático, ansioso para ver as redações dos alunos e, conforme eles iam saindo da prova, o celular dele não parava de receber notificações de mensagens e posts dos alunos falando que ele tinha acertado o tema.
“Os alunos se emocionaram, gritaram meu nome no final da prova, quando se encontraram na saída, lembraram de muitas coisas que abordamos em sala de aula, enfim, eles estavam certos do que podiam citar. Foi uma surpresa muito bonita!” desabafou o professor.
Nas redes sociais, o professor contou um pouco sobre o que foi trabalhado em sala de aula abordando essa necessidade de valorização desse público, ele mostrou, também, músicas que falam sobre o assunto e evocam a ancestralidade, a importância histórica e fundamental dos povos originários no Brasil, como ‘Pantanal’ de Maria Bethânia, ‘Canto das Três Raças, de Clara Nunes.
Ainda nos posts de Neto, foi possível ver várias mensagens de agradecimento e euforia, encaminhadas pelos alunos dele após a prova que ocorreu neste domingo (13).


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Na visão do educador cuiabano, o tema é relevante para o país pois existe sim uma invisibilidade dos povos e comunidades tradicionais, mesmo sendo eles que constituem nossa identidade como povo!
“É uma questão cara ao país, faz sentido e é importante para o povo brasileiro como forma de reflexão”, finalizou.