Educação financeira! Quando é hora de começar a aprender a usar o dinheiro? 651v5m
Especialista entrevistado pelo Primeira Página avalia que desde os 3 anos os pais já podem trabalhar alguns conceitos de educação financeira 4q376b
Qual foi a primeira vez que você ganhou algum dinheiro? O que fez com o valor? Decidiu poupar, ou gastou tudo? A lembrança mais antiga que tenho é de ter ganhado R$ 5 e sair correndo à lojinha do bairro comprar um brinquedo. Na época, e ao longo da vida, não tenho lembranças de alguém ter dado orientações de como usar o dinheiro que ganhei.

Para o professor e economista Fernando Henrique Dias, mestre em economia pela UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), a educação financeira, desde a infância, é importante para que os jovens tenham finanças mais estáveis e menos dívidas ao longo da vida.
Além disso, ao entender como istrar as próprias finanças, as pessoas podem enfrentar os momentos de crise com mais sabedoria e não ter tantos problemas.
“A educação financeira é um grande desafio no Brasil, culturalmente falando. Pois, o país não tem vinculado em sua educação, a educação financeira como prioridade”, diz o especialista.
O Primeira Página entrou em contato com a Seduc (Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso) que informou que a educação financeira não é um conteúdo disciplinar e no Estado é aplicada de forma esporádica.
Previsto na chamada BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a educação financeira é direito de todos os brasileiros, mas a oferta depende da estrutura de cada rede de ensino.
A BNCC é um documento que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação infantil até o ensino médio. Educação financeira deve, pela BNCC, ser abordada de forma transversal pelas escolas, ou seja, nas várias aulas e projetos.

Dados de Mato Grosso g4d4r
Segundo o Serasa, no mês de agosto o número de inadimplentes em Mato Grosso foi de 1.346.356. Deste total, 54,3% são de homens e 45,7% de mulheres.
O maior grupo de endividados são de pessoas que têm entre 26 e 40 anos, que somam 36,1% do público. Em segundo lugar, com 34,5%, aparecem as pessoas de 41 a 60 anos.
Já em terceiro são pessoas acima de 60 anos, que chegam a 16,6% dos inadimplentes no estado. Os jovens com até 25 anos, representam 13,2% dos endividados.
Inadimplência poderia ser menor 2i3y3g
Para o especialista, o quanto antes as crianças receberem lições de educação financeira melhor será o desenvolvimento das habilidades delas nesta área ao longo da juventude, para que consigam gerenciar investimentos, planejar o futuro financeiro, com metas a curto e longo prazo, e reduzir as dívidas.
Quando começar? 2x4a5a
“A gente deve começar a aplicar a educação financeira, desde pequeno. Com três anos, no desenvolvimento da primeira infância, você já pode ensinar o conceito de gastar aquilo que se tem e poupar uma parte”.
Fernando explica que este é o primeiro conceito, e nesta faixa etária as crianças já conseguem compreender.
Nos anos seguintes, quando os filhos têm 5 e 8 anos, já é possível ensinar que se eles desejam algo, mas não têm dinheiro suficiente, é necessário guardar para comprar no futuro.
“A criança já consegue amadurecer a ideia de que para comprar algo é preciso guardar dinheiro. Os pais também podem ensinar que as crianças podem ter esse dinheiro através de pequenas atividades que fazem no dia a dia. Se ela fizer algo ganha um valor, um benefício, e eles podem gastar com o que quiserem”.
Educação financeira aliada à leitura 5i3n61
A empresária Daina Lima, que mora em Cuiabá, lembra que em casa os pais não falavam sobre dinheiro e o assunto era um tabu, mas com os filhos, os gêmeos Ana Beatriz e João Gabriel de 10 anos, ela e o marido decidiram fazer diferente.
“Pensei: ‘não quero fazer isso com meus filhos’. Pois tem formas de eles entenderem como funciona o dinheiro dentro da casa. Primeiro, oferecendo benefícios para quem fizer as funções de casa, deixar a cama arrumada, lavar a louça… Apesar de a gente ter alguém que ajude em casa, não podemos deixar as crianças acharem que todo mundo vai fazer por ela”.
Agora, a família adotou outro desafio. Como os filhos estão muito ligados na tecnologia e am várias horas no celular e jogando, ela estabeleceu que a cada livro que lerem vão receber R$ 50.

“A gente faz um resumo no final para entender se eles realmente leram. Elaboramos algumas perguntas como: “o que falava, você gostou, o que mais gostou”? E conversamos a respeito”.
De acordo com Daina, a experiência tem sido um sucesso e as crianças estão aprendendo o valor do dinheiro. Se antes achavam R$ 50 pouco, agora que fazem a atividade para ganhar. O dinheiro é mais valorizado.
“A gente trabalha o hábito da leitura, aliado à premiação. Eles já leram vários livros. Com o pagamento, eles têm mais vontade e assim, se empolgam. Neste momento fazem pelo dinheiro, mas daqui a pouco vai ser pelo prazer da leitura”.