Quer investir? Especialista da XP aponta cenário econômico para 2025 6rt59
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, as tensões geopolíticas e a alta do dólar são fatores que podem impactar a economia brasileira. 5674m
Após um ano de crescimento surpreendente em 2024, com a economia brasileira expandindo 3,8% segundo o IBC-BR (Índice do Banco Central) considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), o país se prepara para uma desaceleração em 2025.
A perspectiva é de que esse movimento seja fundamental para corrigir desequilíbrios como a inflação e o déficit externo.
Apesar desse cenário de moderação, o mercado financeiro se mostra otimista, com oportunidades de investimento em renda fixa indexada à inflação e ações de empresas com potencial de crescimento.
Quem traça esse panorama é o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, que ao Primeira Página detalhou os principais pontos que moldarão a economia brasileira em 2025.

Desaceleração da economia: freio de arrumação necessário t4o6l
O ano de 2024 foi marcado por um crescimento econômico robusto, impulsionado principalmente pelo consumo das famílias e pelos investimentos. No entanto, esse ritmo acelerado gerou alguns desequilíbrios, como a alta da inflação e o aumento do déficit externo.
Para corrigir esses problemas, o Banco Central (BC) adotou uma política monetária mais restritiva, elevando a taxa de juros Selic. Essa medida, combinada com o corte de gastos por parte do governo, tem como objetivo diminuir a demanda e controlar a inflação.
“O Banco Central teve que subir os juros, o governo cortou um pouco de gastos. Isso vai segurar a economia”, explica Caio. “Já estamos vendo dados de vendas no varejo e produção no setor de serviços vindo para baixo. Mas isso é parte da cura, digamos. Faz parte essa pisada no freio, esse freio de arrumação vai ajudar a trazer a inflação para baixo”, completa o economista.
Cenário externo: desafios e oportunidades 3k611o
O cenário externo também merece atenção. A guerra comercial entre Estados Unidos e China, as tensões geopolíticas e a alta do dólar são fatores que podem impactar a economia brasileira.

No entanto, Megale ressalta que o Brasil está mais protegido do que outros países, como México e Canadá, devido à diversificação de sua pauta de exportações.
“Metade do PIB desses países, mais ou menos, é a exportação. Então eles dependem muito da venda externa para o PIB gerar. E dessa metade do PIB de exportação 80% é Estados Unidos. Ou seja, se os Estados Unidos desliga, metade da economia deles param. O Brasil é diferente, temos uma parcela da exportação bem menor. E dessa parcela de exportação uns 15% vai para Estados Unidos. Depende muito mais de China, países emergentes. O Brasil é muito mais protegido do que esses países”, afirma Caio.
Apesar do impacto limitado na macroeconomia brasileira, as políticas de outros países, podem afetar significativamente alguns setores específicos da economia. De acordo com o economista, os setores de aço, alumínio e etanol são os que mais devem sentir o impacto dessas medidas.
“O impacto é mais microeconômico, importante nessas empresas, nesses setores que exportam para lá”, afirma Caio. “O setor de siderurgia já está preocupado, pois vai ficar mais caro exportar para os Estados Unidos”, completa o economista.
Essa situação pode gerar um efeito cascata no mercado interno, com as empresas desses setores buscando alternativas para escoar os produtos, o que pode levar à queda de preços e afetar a rentabilidade das empresas. Por outro lado, setores que utilizam esses produtos como matéria-prima, como a indústria automobilística, podem se beneficiar da queda de preços.
Agronegócio: motor da economia e trunfo para 2025 j303f
O agronegócio deve ser um dos destaques da economia brasileira em 2025. As safras recordes de grãos, impulsionadas por condições climáticas favoráveis e investimentos em tecnologia, devem gerar um grande volume de renda para os produtores rurais.

“A produção agrícola já está praticamente dada, com safra recorde. E quando a safra é boa, isso traz renda, ajuda a segurar um pouco a economia. O agronegócio vai ser muito forte este ano”, destaca.
De acordo com o economista Caio, a natureza da produção agrícola, que não permite o armazenamento prolongado, blinda o setor de flutuações de preços e garante o escoamento da produção.
“As exportações vão acontecer. Tem demanda, tem produção, não vai estocar essa produção, vai vender. Produtos agrícolas, commodities são o que a gente chama de produto inelástico. Independente do preço, você tem que vender”.
Essa característica garante que os produtores continuem exportando seus produtos, mesmo com a alta do dólar ou outras oscilações do mercado internacional.
Ainda segundo Megale, o câmbio em patamares historicamente elevados, embora possa gerar alguma pressão sobre os custos de produção, não deve comprometer o crescimento do setor. “O câmbio é importante, mas valorizado lucra um pouco mais”, pondera o economista. “Juntando tudo, preço, câmbio, volume exportado e demanda lá de fora, nós achamos que vai ser um ano de crescimento de renda para o setor”, conclui.
O agronegócio é, sem dúvida, o motor da economia de Mato Grosso. No entanto, o bom desempenho do setor em 2025 deve impulsionar outros segmentos, gerando um ciclo virtuoso de crescimento para o estado. De acordo com o economista, os setores de serviços e construção civil são os que mais devem se beneficiar desse cenário.
“Um ano de agro forte é um ano de entrada de renda. O dinheiro circula mais na economia. Restaurantes, entretenimento, cursos, logística serviços em geral são beneficiados”.
Construção civil: reflexo do crescimento do agronegócio 1881u
A construção civil também deve ter um ano positivo em Mato Grosso. O crescimento do agronegócio atrai empresas ligadas ao setor, o que gera demanda por imóveis residenciais e comerciais. Além disso, o aumento da renda da população impulsiona a construção de novas casas e edifícios.

“A construção civil bomba. Muitos prédios, principalmente residenciais”, observa Caio. “Atrai empresas ligadas ao segmento, empresas de proteína que vão comprar grãos mais perto. Então você traz logística, traz toda a cadeia mais para perto”.
A expansão desses setores, impulsionada pelo agronegócio, deve gerar um ciclo de crescimento econômico para Mato Grosso, com reflexos positivos na geração de empregos e renda para a população.
Para investidores iniciantes: diversificação é a chave 3r5t1k
Apesar da desaceleração econômica prevista para 2025, o mercado financeiro se mostra otimista, com a expectativa de que a correção dos desequilíbrios e a melhora do cenário inflacionário criem um ambiente mais favorável para os investimentos.
Para quem está começando a investir, a principal recomendação é a diversificação.
“Se a pessoa pensar em médio prazo, não foge da diversificação. É absolutamente fundamental”, aconselha o economista.
A diversificação consiste em alocar o capital em diferentes classes de ativos, como renda fixa, renda variável e multimercado. Dessa forma, é possível reduzir os riscos e aumentar as chances de obter retornos consistentes no longo prazo.
“Monta uma carteira simples, com um pouquinho de renda fixa, um pouquinho de renda variável, um pouquinho de ações, um pouquinho de juros pré, um pouquinho de juros pós. Ao longo do tempo, ela bate o CDI, bate a bolsa, bate todas elas”, sugere Caio.
De olho no mercado americano 3k633c
Investidores com maior experiência podem considerar títulos indexados à inflação, como a NTN-B, que protegem o capital da perda do poder de compra. “Títulos indexados à inflação me parecem uma boa. É quase que um ganha-ganha”, avalia Caio.

Além disso, o economista destaca o mercado americano como uma opção interessante para investidores.
“Hoje a gente tem um momento de juro alto no Brasil e juro alto nos Estados Unidos. O título do Tesouro americano te paga 4,60% em dólar todo ano por 10 anos. É um seguro em dólar imbatível”.
Caio ressalta que o título do Tesouro americano é considerado o investimento mais seguro do mundo, com risco praticamente nulo. “É o título menos arriscado que você pode comprar”, afirma.
Cenário favorável para investimentos de longo prazo 6c5h4t
De acordo com Caio, o Brasil se encontra em uma posição favorável para atrair investimentos de longo prazo, com um mercado interno aquecido, localização geográfica estratégica e vocação para a produção de commodities.
No entanto, o economista ressalta a importância de o país continuar a aprimorar o ambiente de negócios, com reformas que garantam segurança jurídica e facilitem a realização de investimentos em infraestrutura.
“O nosso grande desafio é continuar com as reformas, tipo a reforma tributária, que melhore a segurança jurídica”.
Com um ambiente de negócios mais favorável e investimentos em infraestrutura, o Brasil tem o potencial de crescer de forma sustentável e gerar prosperidade para população.