Campo-grandense adota parcelamento no cartão de crédito para manter consumo e sofre com endividamento 335p1h
Com a alta dos preços em quase todos os setores da economia, o jeito que muito brasileiro encontrou para manter o nível de consumo foi adotar o parcelamento no cartão de crédito. Não demorou para o comércio perceber a “tendência” e hoje até postos de combustíveis dividem as compras. Em Campo Grande não foi diferente, mas esse aumento no hábito refletiu também no endividamento da população.

Na capital de Mato Grosso do Sul, o cartão de crédito é o principal motivo de inadimplência da população. Em um mês, o percentual de endividados subiu três pontos e hoje atinge cerca de 70% das famílias campo-grandenses.
A nível nacional, o percentual de famílias endividadas por causa do cartão de crédito é de 87% em março deste ano, segundo dados da pesquisa de endividamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Segundo a análise, a inflação alta, “persistente e disseminada” faz com que o uso do crédito funcione como recomposição da renda.
O problema, conforme o economista Michel Martines, é quando as famílias gastam mais do que podem e não conseguem quitar as faturas ao fim do mês. “O cartão de crédito é uma grande oportunidade, porém ele pode se transformar em um vilão a medida que as pessoas não observam seus orçamentos, utilizam de maneira desregrada esse recurso. Chegando ao final do mês, não conseguindo pagar essa conta, naturalmente a gente vai cair em uma bola de neve, que é o juro rotativo do cartão”, explicou.
Apesar dos avisos, a atual realidade de preços não deixa alternativa a não ser o parcelamento do cartão. O aumento no uso do crédito também foi rapidamente percebida pelos comerciantes. Em Campo Grande, onde o litro da gasolina é vendido por valores que vão até R$ 7,79, até posto de combustível entrou na “onda” e começou a dividir o valor do abastecido pelos clientes.
“O uso do cartão aumentou demais, nosso, principalmente de cartão de crédito. Resolveria se o combustível baixar o valor né, porque a pessoa ainda tem que pagar em três vezes a gasolina que usa no dia a dia”, revelou a comerciante Vilma Antônio da Silva.
LEIA MAIS: 342v5n
- Pesquisa do comércio: os que ganham mais de 10 salários-mínimos são os mais endividados
- Endividamento aumenta devido a consumo excessivo em Cuiabá
Para o economista, o parcelamento do combustível também pode se transformar em vilão, caso não haja planejamento. “A facilidade que os postos de combustíveis trazem aqui em Campo Grande de parcelar essa conta, também diminui em nós a sensibilidade em relação a esse gasto, fazendo com que eu gaste mais vezes sem sentir”, detalhou Martines.
Ainda conforme dos dados da CNC,oO percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou o maior patamar em 12 anos de pesquisa, atingindo 27,8% do total de famílias no país – 0,8 ponto maior do que o percentual de fevereiro deste ano e 3,4 pontos acima do apurado em março de 2021.