Segunda maior cidade de MT, Várzea Grande nasceu de um jeito que pouca gente imagina v1f63
Cidade surgiu atrás de um ginásio, onde um fio d’água discreto guarda uma história de prisioneiros, redes artesanais e mulheres que mantêm viva a memória local. a3v58
Atrás do Ginásio Fiotão, em Várzea Grande, existe um ponto que quase ninguém percebe. Um fio d’água tímido, cercado por vegetação, escorre silenciosamente há mais de 150 anos. Mas, o que pouca gente sabe é que foi exatamente ali que nasceu a cidade.
Várzea Grande começou com um acampamento militar montado ao redor de uma nascente. No auge da Guerra do Paraguai, em 1867, o governo da província decidiu afastar os prisioneiros paraguaios de Cuiabá e os levou para o outro lado do rio. O lugar era ermo, úmido e improvisado e, por muito tempo, só havia ali uma igrejinha, algumas redes penduradas e muita história esperando para ser contada.

“Tudo que está aqui no no ginásio Fiotão, o terminal de ônibus, os prédios, as residências, ocupações aqui a abaixo, era a grande várzea que existia. Isso foi tudo soterrado no ado. E é justamente nesse nesse espaço é que vai dar origem ao nome Várzea Grande” conta o historiador José Wilson Tavares.
Da guerra às redes a2j61
Antes dos acampamentos militares, os índios guanás já habitavam a região. Conhecidos por suas habilidades com a pesca e a fabricação de redes, deixaram como herança uma tradição que resiste até hoje, especialmente no bairro Limpo Grande.
Na Associação das Redeiras, mais de 50 mulheres mantêm viva essa prática artesanal. Elas não apenas produzem redes para vender: elas tecem memória.
“A nossa cultura, ela atravessa séculos, herdada dos povos originários, os índios guanás que habitaram a região. A nossa cultura é ada de geração em geração, de mãe para filha. E assim, é uma cultura única porque o modo de fazer é somente aqui” explica Jilaine Maria, presidente da Associação das Redeiras de Limpo Grande.

Uma arte que sustenta famílias 3v4u5z
Lucinei Antônio faz redes há mais de 40 anos. Com precisão e paciência, calcula os espaços entre os pontos para formar os desenhos. Dona Maria José da Costa, veterana do grupo, acumula mais de 60 anos de dedicação à tecelagem.
“Foi a minha mãe que me ensinou. Desde 12 anos eu queria aprender para ter o meu próprio dinheiro. Aprendi fazer rede, eu estou até hoje fazendo” fala a redeira Lucinei Antônio.
Além de sustentar famílias, o ofício se tornou um símbolo de identidade várzea-grandense.
“Para mim ela representa tudo, porque desse que a gente tem o dinheiro, para comprar o que precisa” diz a redeira Maria José.

Uma cidade nascida de improviso e resistência 6y1by
O historiador José Wilson Tavares explica que, após o fim da guerra, soldados, vaqueiros e ex-prisioneiros se fixaram na região e deram origem ao povoado de Várzea Grande.
“José Couto Magalhães, ele vai fundar Várzea Grande no dia 15 de maio de 1867, como um espaço que vai ser identificado para ocupação de outras pessoas que aqui vinham solidificar sua residência”
Hoje, quando se fala da cidade, pensa-se em aeroporto, comércio e crescimento. Mas, no fundo, lá onde a cidade começou, ainda corre uma nascente tímida, que carrega a água e a memória de um tempo em que tudo era improviso, sobrevivência e ancestralidade.
Várzea Grande atual 6j6k4f
Abaixo alguns dados que demonstram o perfil da “cidade industrial” hoje.
Várzea Grande em Números 2q4z4u




