Qual é a tua imagem cósmica? 5k394e
Artista plástica retrata imagem interdimensional de pessoas com o objetivo de fazer um ponte com o multiverso no futuro 4s2ro
“Deixe de ver e comece a enxergar
Não no que você crê e vê
Mas em tudo que lhe acompanha além do perceber.”

Este pequeno poema é de autoria de Erika Rando Arctan. Ela é uma artista cósmica.
Quando descobri o tipo de arte que ela fazia – além da poesia, claro – entendi que ela tinha de fazer parte da coluna Toda Sexta é 13.
É puro sobrenatural.
Ela pinta seres multidimensionais. Mas não são quaisquer seres.
Erika usa formas e cores de nossa compreensão para retratar como somos fora deste planeta.
“Podemos fazer um paralelo com os seres extraterrestres, que são seres interdimensionais. Da mesma forma, os espíritos ocupam diferentes realidades ou dimensões”, ela me explicou.

É um desafio absoluto.
Como conseguir convencer as pessoas que temos a nossa imagem terrena — a que olhamos todos os dias no espelho, ou, na incapacidade da visão, que sentimos ao tocarmos nossas feições – e outra, que é algo que não conseguimos enxergar ou sentir?
Ela diz que enfrenta resistência em sua arte porque as pessoas estão habituadas a figuras humanas e ao padrão estético deste planeta.
“Por incrível que pareça…” – ela continua – “…a visão nos limita. Só enxergamos o espectro de luz visível que fica entre o infravermelho e o ultravioleta. Esse espectro é composto pelas sete cores, mas há muito a se perceber além disso.
Como diz o poema que inicia este texto, é preciso enxergar além.
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Esse ponto me chama demais a atenção. Recentemente, fiz um curso de Gestão de Si dentro de um treinamento de liderança.
Uma das aulas abordou justamente como a rotina nos deixa iguais aqueles cavalos que, devido ao uso de um equipamento, só consegue olhar para uma direção.
Num filme apresentado no curso, Nick Nolte vive Sócrates, um suposto gerente de posto de gasolina que acaba “adotando” um arrogante ginasta. O rapaz quer que o homem o ensine como fazer um salto em altura quase sobrenatural.

Um movimento que ele pensa ter visto Sócrates executar para subir, sem escada, no telhado do posto.
O ser com nome de filósofo quer ensina-lo a ver o mundo além do que seus olhos, suas crenças conseguem conceber.
O filme é Poder Além da Vida, disponível no Prime Video, e tem uma cena que retrata de forma fantástica como tantas coisas acontecem ao nosso redor ao mesmo tempo e que somos incapazes de perceber.
Imagino o quanto é sensacional uma pessoa perceber o que outras não conseguem. Assim como um médium evoluído consegue se comunicar com espíritos.
No caso de Erika, ela transforma essa habilidade em arte. Retrata o que ela enxerga. Não no plano óptico, mas, sim, no sensitivo.
Quase todos os retratados se emocionam ao ver o resultado final de seu eu cósmico.
Mas há exceções. Porque há quem espere uma forma mais baseada na estética humana.
Algumas pessoas também não conseguem ser retratadas porque não estão frequenciadas para isso. Assim, a autora não consegue visualizar o suficiente para entregar o trabalho.
Mas, então, por que ela resolveu fazer algo tão inovador?
“Se você observar ao longo da história da humanidade, todas as grandes mudanças na sociedade foram antecedidas por movimentos artísticos inovadores e transformadores que foram, de forma gradual, promovendo uma mudança de paradigmas”, ela contextualiza.
A arte cósmica, para Erika, é a ponte que liga a nossa atualidade às novas fronteiras interplanetárias. Ao trazer para o lado físico, através das pinturas, a representação desses seres interdimensionais, ela busca inserir em cada um de nós a ideia da pluralidade de mundos.
“A pessoa, ao se reconhecer na sua forma cósmica, entende e percebe que há algo mais, muito além do nosso planeta. E a a ser a mudança presente para tornar o futuro possível. Neste mundo, somos predadores, consumimos nosso próprio planeta. Acredito e espero que a forma cósmica venha incitar o conhecimento sobre as diversas dimensões da existência, favorecendo a compreensão e a necessidade do equilíbrio no multiverso” – explica a artista ao citar um fenômeno que vem sendo muito explorado nas artes.
O multiverso já produziu o melhor Homem Aranha de todos os tempos (Homem Aranha: Sem Volta Pra Casa, EUA, 2021) e deu o Oscar de melhor filme deste ano a Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.
A revista National Geographic, conceitua multiverso como um termo usado por cientistas para descrever a ideia de que além do universo observável, outros universos também podem existir.
O espaço e o tempo que podemos observar não são a única realidade.
Então, a forma como a gente se vê também pode não ser a única que temos.
E se você, a este ponto do texto, já se convenceu que tem uma uma imagem cósmica, tem mais um desafio para superar.
Essa nossa forma interplanetária pode mudar constantemente.
Perguntei a Erika se ela tinha o próprio autorretrato cósmico. Ela disse:
“Sim, eu tenho meu autorretrato cósmico. Um lindíssimo autorretrato cósmico. Porém, tenho conhecimento que ele já sofreu alterações devido à minha evolução. Está tomando outra forma e neste sentido estou tendo uma condição mais ampla de á-lo, captando novas configurações. Mas ainda não chegou o momento de retrata-lo nessa nova forma.”
Quem quiser conhecer mais o trabalho da artista, pode olhar o instagram @erikarrando.
Além das pinturas, há também várias poesias sobre arte cósmica.
O objetivo é inserir na humanidade esse conceito para que a coexistência entre seres interdimensionais seja normal e harmoniosa no futuro. Afinal, como ela diz em mais um de seus poemas, já estamos juntos há tempos. Só não nos foi permitido perceber.
“E se surpreenda com o novo
Que sempre esteve
A lhe observar
Aguardando pacientemente
O seu próprio elevar”.