Por trás da beleza das tranças, muita história e resistência! 4e5xg
A estética afro tem ganhado cada vez mais espaço, à medida que mais pessoas assumem a beleza dos próprios cabelos naturais. 412w1h
Seja nagô, boxeadora, twist, boxbraids ou dreads, as tranças estão em alta. Embora por muito tempo – infelizmente, até hoje – a estética afro tenha sido marginalizada, aos poucos vemos o cenário mudar e os penteados ganhando cada vez mais espaço, à medida que mais pessoas assumem a beleza dos próprios cabelos naturais. E mais que um simples penteado, o estilo carrega muita força e história.

Com extensão, colocando coloração ou naturais – só com o cabelo da pessoa -, existem vários tipos de tranças, das mais tradicionais como a nagô e box braids, até os twists e o dreadlock, popularizado mundialmente pelo músico de reggae, Bob Marley.
A professora Zizele Ferreira trança os cabelos desde a adolescência. Doutora na área da Educação e pesquisadora em questões raciais, ela conta como cresceu em uma casa que valoriza a estética negra e viu nos penteados uma forma de se contrapor contra a ideia de alisar o cabelo.
“Nas periferias, pra nós, isso é comum: mulheres negras trançando mulheres negras. Nos anos 80/90 no Brasil esse cabelo existia, só que eram poucas em relação ao que se tem hoje. Não tinha essa visibilidade porque não se podia ir para empresa, para TV com esses cabelos. A primeira a me trançar foi uma senhora de bastante idade. Era um quintal cheio de mulheres negras, foi muito emocionante”, relembra.

Para Zizele, as tranças vão muito além da beleza, são um símbolo de força e resistência e possibilitam com que ela se reconecte com suas raízes.
“Isso é uma politização, isso é o que a gente chama de resistência: é tanto valorização da nossa estética como contraposição. A gente está dizendo “olha, tem beleza aqui”. Então, o que a Diela e outras trancistas têm feito aqui no Brasil é uma didática, é uma pedagogia de valorização da humanidade e ela se da através da estética”, ressalta.
A trancista Diela Tamba Nhaque é natural da Guiné-Bissau – costa ocidental da África – e mora em Cuiabá desde 2013, época que ingressou em Serviço Social na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). Há dois anos, ela encontrou nas tranças uma nova fonte de renda e abriu o espaço Diela Tranças Africanas.
“Durante a época da universidade sempre andei de tranças, trocando entre lace e vários tipos diferentes. Na época, haviam uns colegas, a maioria africanas e de diferentes países, e a gente trocava tranças. A gente sempre aparecia na universidade com penteados diferentes. Isso atraiu vários amigos e assim eu comecei a trançá-los gratuitamente porque por ser cultural nós não cobrávamos pra trançar ninguém”, afirma.
Porém o trabalho da Diela começou a fazer tanto sucesso que ela decidiu expandir e abriu o próprio espaço no centro de Cuiabá. A página do salão no Instagram já reúne mais de 21 mil seguidores.
A trancista explica que a volta da tendência ocorre principalmente pelo fato de que muitas pessoas estão ando por um processo chamado transição capilar, que é quando a pessoa opta por deixar de lado os procedimentos químicos e abraça a beleza natural dos próprios cabelos.
Detalhista, ela contou como as tranças são tão naturais para ela quanto o calor é natural para o cuiabano.

“As tranças, eu digo que fazem parte de mim, da minha cultura e da minha identidade. Eu cresci vendo minhas tias, irmãs, vizinhas trançando. Você fica lá brincando, olhando elas fazendo. No meu país, entre outros diferentes tipos de etnia, o cabelo em si comunica. Então com a trança a gente comunica muito”, conta.
A duração do procedimento pode variar de acordo com o tamanho do cabelo e estilo da trança. O procedimento pode variar até 6h de serviço. Diela explica ainda que o peso vai muito da profissional e do gosto do cliente.
“Gosto da representatividade que tem, da força, do símbolo que representa pra humanidade. é um estilo de cabelo muito antigo tem uma origem muito ancestral. Gosto disso, gosto de cultura, de arte e considero que esta é uma obra de arte”, destacou Samuel José Suniaga Hernández, 30 anos, que não se aguentava de felicidade ao fazer suas primeiras tranças nagô.
Natural da Venezuela, ele relembrou a influência materna, já que que cresceu vendo a mãe trançando os cabelos.
“Gosto de quebrar padrões, sair da minha zona de conforto. Diela me apresentou a oportunidade de fazer as tranças e eu tenho uma referência materna, a minha mãe tem o cabelo black e ela fazia tranças mas era uma coisa dela, eu ajudava ela brincando, agora estou aqui com minhas primeiras tranças”, declarou orgulhoso.

Além dos penteados, Diela também promove debates e rodas de conversa com as clientes, a fim de fomentar a valorização da estética afro.
“Somei o que eu tenho de cultura, mão e didática com cuidar de gente. Um diferencial no meu trabalho é encontrar pessoas que não se viam como negras ou com descendência africana. A maioria dos meus clientes é assim. Aí eu decidi empreender realmente, trazer a cultura, debates, rodas de conversa com minhas clientes, trazendo livros aqui pras crianças. Eu sinto que hoje é meu projeto de vida, meu propósito que é cuidar de gente e valorizando a cultura afro e a nossa identidade”, destaca.
“Espaços como esses da Diela, são espaços que têm as narrativas sendo produzidas e a gente troca informações, afeto, narrativas e experiências vividas que também dizem respeito aos conflitos, aos problemas que nós encontramos no nosso dia a dia, que não é só voltado ao racismo mas fala da estrutura racista que faz a gente ficar em condições muito ruins. Quando eu coloco trança eu me sinto conectada: com pessoas, com Diela, que é uma irmã que me lembra de toda uma ancestralidade, uma história da qual a gente não consegue nem ter contato”, enfatizou Zizele.
D’jombai 45m56
Ao perceber a ausência de alguns dos clientes devido ao desemprego gerado durante a pandemia, Diela desenvolveu o projeto D’jombai, um curso onde ela ensina a arte de trançar a um preço mais ível.
“Fui vendo que era frequente, muitos clientes estavam na mesma situação. Comecei a lembrar um ditado que eu sempre escutava dos meus ancestrais. Meus pais, meus avós diziam sempre: “ensine a pescar, não dê o peixe” ai criei o D’jombai. Você vê meninas que estavam há um tempo desempregadas e estão ajudando a família, ou trabalhando por conta própria ou em algum salão. Sinto muito orgulho”, contou.
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Comentários (1) 1j10k
Diela Tamba Nhaque uma grande mulher iluminada e abençoada. Sucesso sempre